sexta-feira, 10 de maio de 2024

8 em cada 10 bares e restaurantes gaúchos atingidos pelas enchentes não possuem seguro para os danos causados

 Empresários pedem ajuda do governo para pagar salários, auxiliar funcionários que perderam suas casas e reconstruir o que foi destruído

Mesmo em áreas não alagadas, alguns comerciantes optaram por fechar as portas e ampliar as proteções junto aos prédios 

O Rio Grande do Sul está enfrentando a pior tragédia climática da sua história e aos poucos, busca entender a dimensão dos impactos da enchente nos 435 municípios afetados. Diferentes setores econômicos foram comprometidos e os muitos trabalhadores que representam estes segmentos perderam suas casas. A pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) ouviu 409 pessoas, revelando que 80% não têm seguro para arcar com a destruição e 82% afirmam que precisam de ajuda financeira, seja para arcar com os salários de sua equipe, assim como dar suporte para quem teve problemas no local onde mora e para reconstruir o que restou dos locais. O levantamento aponta que 18% tiveram perda parcial dos estabelecimentos e 7% houve perda total. Entre as necessidades em destaque, 15% pedem apoio psicológico para equipe.

"As grandes dificuldades do setor são com a equipe, estamos tentando ajudar quem perdeu tudo ou quem foi atingido de alguma forma. Por isso quitar salários é muito importante, para que as pessoas tenham mais possibilidade nessa hora", destaca João Melo, presidente da Abrasel no RS. "O setor não tem muitas alternativas para esse momento, a não ser pegar empréstimo. Estamos aguardando uma solução do governo, como auxílio emergencial, alguma medida que possa ajudar".

As medidas solicitadas pelos empresários ouvidos na pesquisa são a suspensão de impostos (86%), linhas de crédito (75%), programas de auxílio do governo (65%) e apoio na reestruturação do local (23%). João Melo sublinha que o principal problema é a falta de capital de giro e aponta caminhos que englobam o segmento como um todo.

"A forma correta é o governo liberar uma linha de crédito com garantia dele mesmo, a fundo perdido e sem chance de recuperação, para as empresas aplicarem no que é fundamental. A desoneração da folha pode auxiliar também, precisamos de ações que contemplem a cadeia em todas as pontas, desde o empresário que precisa de crédito facilitado até auxílio emergencial que atenda os funcionários".

Até o momento, os reflexos das enchentes deixaram 66% das empresas com falta de água e 35% sem energia elétrica. Além da parcela que teve dano patrimonial ou interrupção nos serviços básicos, 74% indicaram dificuldades para conseguir suprimentos como alimentos e bebidas.

Por conta disso, 39% manterão seus estabelecimentos fechados até normalizar a situação - o que ainda não há previsão de ocorrer - e 18% darão férias coletivas. Para quem pretende abrir, 12% vão operar apenas por delivery e 4% pretende trabalhar em local alternativo. No Dia das Mães, uma das datas mais importantes para o setor, 34% não pretendem abrir, outros 28% dizem que ainda não é possível saber e 38% preveem a abertura no domingo (12).

Dados da pesquisa
- 80% dos estabelecimentos afirmam não possuir seguro para cobrir os danos causados por enchentes, apenas 20% apontam que possuem

- 82% dos estabelecimentos afirmam precisar de ajuda financeira nesse momento, 17% demandam a reparação de danos estruturais, 15% o apoio psicológico a equipe e 13% um suporte jurídico ou consultivo

- 74% indicaram dificuldades para conseguir suprimentos, como alimentos e bebidas. 66% das empresas entrevistadas enfrentam a falta de água potável e 35% estão sem energia elétrica. 18% dos empreendedores entrevistados apontaram perda parcial do seu estabelecimento e 7% perda total devido ao alagamento dentro do seu espaço

- 86% dos entrevistados afirmam que a suspensão de impostos nesse momento ajudaria a manter o seu negócio operacional. Em seguida, outros 75% apontam linhas de crédito como ajuda nesse momento, 65% programas de auxílio do governo e 23% o apoio na reestruturação do local

- 38% pretendem se manter fechados até normalizar a situação, 12% vão operar apenas por delivery, 18% vão dar férias coletivas a equipe e 4% pretendem operar em local alternativo. 27% pretendem funcionar normalmente se possível

- 34% não pretendem abrir o estabelecimento no Dia das Mães. Outros 28% dizem que ainda não é possível afirmar e 38% preveem a abertura na data. 

Correio do Povo

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