sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Palestinos aguardam, mas ajuda humanitária prometida a Gaza pode ser adiada

 Egito teria autorizado 20 caminhões nesta sexta, mas segurança pode mudar planejamento

Dezenas de caminhões aguardam para atravessar fronteira 

Os palestinos bloqueados na Faixa de Gaza aguardavam desesperados, nesta quinta-feira, a chegada de ajuda humanitária através do Egito, que segundo um veículo de mídia deste país, abrirá sua passagem fronteiriça na sexta-feira, após 13 dias de uma guerra que não dá trégua. Fontes da CNN, contudo, apontavam que o envio poderia ser adiado para sábado, por preocupações de segurança. No outro lado, na divisa com Israel, há a tensão de uma iminente entrada terrestre do exército israelense.

Os caminhões que transportam ajuda humanitária para o pequeno território, que tem de 2,4 milhões de habitantes, estão bloqueados há vários dias na passagem de Rafah, na fronteira com o Egito. O canal AlQahera News afirmou que a passagem de Rafah "abrirá amanhã", sexta-feira, sem dar mais detalhes.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que viajou a Israel na quarta-feira, afirmou que seu contraparte do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, aceitou a entrada de até 20 caminhões em Gaza. Este será o primeiro comboio desde 7 de outubro, quando o grupo palestino Hamas executou um ataque sem precedentes contra Israel.

Desde então, mais de 1.400 pessoas morreram em território israelense, a maioria civis, e 203 pessoas foram sequestradas e levadas a Gaza como reféns, segundo as autoridades israelenses. O Exército israelense também afirma que cerca de 1.500 combatentes do Hamas morreram na contraofensiva. Do lado palestino, mais de 3.700 pessoas, a maioria civis, morreram nos bombardeios incessantes realizados contra Gaza, segundo o último balanço das autoridades do enclave.

Israel mantém o território sob cerco total, com uma onda de bombardeios aéreos e o bloqueio de Gaza, além de milhares de soldados preparados para uma incursão terrestre. O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou nesta quinta-feira, do Cairo, a criação de "um acesso humanitário rápido e sem obstáculos" para levar ajuda à Gaza e insistiu que "o que é necessário não é uma operação pequena".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) solicitou, por sua vez, que Gaza recebesse ajuda "todos os dias", incluindo combustível para os hospitais. Israel afirmou na quarta-feira que não bloquearia a entrada de "comida, água e remédios" em Gaza, entretanto, não mencionou o combustível, que é essencial para os geradores de energia.

A situação em Gaza é crítica, com hospitais saturados e mais de 3.785 mortos, incluindo mais de 1.500 crianças, e quase 12.500 feridos desde o início da represália israelense, segundo os números divulgados pelo ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas. Bairros inteiros foram destruídos e os moradores não têm água, alimentos ou energia elétrica.

Travessia

Dezenas de pessoas se reuniram na manhã de quinta-feira na passagem de Rafah na expectativa de uma autorização para atravessar a fronteira. "Estamos preparados com nossas malas", disse Mohammed, 40 anos, que trabalha para uma instituição italiana e aguarda há três dias com a família.

Após a visita a Israel e de muitos contatos por telefone com as autoridades do Egito, Biden anunciou que um número limitado de caminhões deve passar pelo posto de Rafah. "Queremos a passagem do maior número possível de caminhões. Acredito que há quase 150", disse o presidente norte-americano na quarta-feira à noite.

Biden, no entanto, destacou que a entrada de um segundo comboio dependerá de "como acontecerá a distribuição do primeiro". "Se o Hamas confiscar a assistência, não deixar passar (...) então será o fim", alertou em uma escala na Alemanha em seu retorno a Washington.

AFP e Correio do Povo

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