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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Fiergs projeta crescimento de 3,1% da economia brasileira

 Entidade tem incertezas em relação à condução da política econômica do novo governo


O crescimento da economia brasileira estimado em 3,1%, o abrandamento da pandemia nos países do Ocidente, o impacto provocado na economia mundial por conta da invasão da Ucrânia e as incertezas em relação à condução da política econômica do governo eleito foram os principais temas tratados nesta terça-feira, em Porto Alegre, no balanço de final de ano da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Na avaliação da entidade, a recuperação econômica brasileira se deve a três fatores: demanda reprimida e reabertura do setor de serviços; impulso fiscal através de programas sociais e redução de impostos e demanda externa elevada.

Ao mesmo tempo que destaca os avanços da gestão atual, a Fiergs sustenta que o empresariado  está mais pessimista com o futuro da economia após a eleição. Uma pesquisa da entidade aponta que 19,6% do setor está otimista ante 56,7% em setembro. O presidente da Fiergs, Gilberto Petry afirma que o desempenho vai depender de como o governo Lula vai conduzir a economia. “O empresariado sentou para trás, porque não sabe o que vem. Não foi anunciado nem o ministro da Fazenda, que é um nome que pode tranquilizar o mercado. Tem que ser uma pessoa que tenha respeitabilidade no mercado”, afirma.

Na avaliação de Petry, o novo governo deve fornecer condições para que a indústria possa trabalhar. “Não pode nos atrapalhar”, alerta. O dirigente reforça que é “uma loucura” a PEC da Transição, cuja proposta visa à garantia de recursos para programas sociais no Orçamento da União de 2023 e o pagamento do auxílio de R$ 600,00. “Vai ficar um buraco para pagar de R$ 200 bilhões”, adverte, destacando ainda a necessidade de reindustrialização do país. No Rio Grande do Sul, a entidade projeta retração de 2,5% no PIB, principalmente por conta da estiagem que provocou a queda da produção agrícola. Para 2023, no entanto, a projeção é de crescimento de 5%.

Ao apresentar o balanço com dados da economia do Brasil e do RS, o economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, explica que a Indústria apresentará um desempenho modesto em 2022, com resultados diversos entre os seus segmentos, mesmo diante da recuperação da economia brasileira. O PIB da Indústria brasileira (Transformação, Construção, Extrativa e os Serviços Industriais de Utilidade Pública) deve encerrar o ano com avanço de 1,5%, enquanto a Indústria gaúcha deve crescer 2,5%. Diante desse cenário, as expectativas para 2023 são de desaceleração no crescimento, com a economia brasileira reduzindo seu ritmo de avanço para 1,0%.

Conforme Nunes, o resultado futuro vai depender da capacidade do novo Governo Federal e do Congresso Nacional sinalizar a continuidade da agenda de reformas e adotar medidas que garantam o equilíbrio das contas públicas e da dívida no longo prazo. “Os primeiros seis meses de 2023 vão ser muito importantes para o empresário, para o investidor, para quem faz investimento de capital no Brasil entender qual o futuro e orientação que a gente vai ter”, sustenta, ressaltando que a pandemia “acordou o dragão da inflação” na Europa e nos Estados Unidos. 

Ele salienta que a independência do Banco Central também será testada, uma vez que as sinalizações do novo governo são de aumento do gasto público. Em caso contrário, Nunes observa que o Brasil começará a flertar com riscos de uma estagflação: inflação elevada com atividade em desaceleração. “Serão seis meses de entendimento. Depois disso ou vamos entrar em um bom ciclo de crescimento, colhendo o que a gente fez nos últimos anos e aproveitando a situação global que nos favorece relativamente ou a gente vai ver pessoal fechando a porta, apagando luz e repensando o Brasil daqui a pouco mais”, afirma.

Correio do Povo

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