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sexta-feira, 3 de junho de 2022

Farmácias de Porto Alegre têm falta de medicamentos

 Brasil produz apenas 5% dos insumos utilizados na fabricação de medicamentos no país



Os problemas no fornecimento de insumos e medicações começam a impactar a oferta de medicamentos em farmácias de Porto Alegre. A escassez de remédios se acentuou a partir de abril, entre outros motivos, por conta da guerra na Ucrânia e o lockdown na China por conta do aumento de casos da Covid-19. A redução da produção de IFA – que é a matéria-prima usada na produção de remédios – no país asiático acaba provocando desdobramentos em países como o Brasil, que é grande importador do produto.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil produz apenas 5% dos insumos utilizados na fabricação de medicamentos no país. Na Capital, muita gente enfrenta dificuldades para encontrar antibióticos como azitromicina e amoxicilina, usados no tratamento de diversas infecções bacterianas. Em uma unidade da Agafarma, localizada na rua Duque de Caxias, no Centro Histórico, desde abril há falta de alguns remédios. A reposição de alguns produtos, muitas vezes, leva até dois meses.

"Primeiro entrou em falta pastilhas para garganta. Agora estão em falta antibióticos infantil. Hoje recebi seis undiades", explica a farmacêutica Rubia Mocelin, proprietária e responsável técnica. Ela admite que a falta de matéria prima pode estar provocando desabastecimento de remédios. Em uma unidade da Farmácia Associadas, localizada na Rua da Praia, também faltam alguns medicamentos. Remédios receitados por pediatras, como o Allegra D, indicado para alívio dos sintomas associados aos processos congestivos das vias aéreas superiores, são cada vez mais difíceis de encontrar.

De acordo com a Sociedade de Pediatria do RS (SPRS), persistem os problemas no fornecimento de insumos e medicações ambulatoriais e hospitalares. O presidente da entidade, Sérgio Luis Amantéa, afirma desconhecer as causas do problema de desabastecimento. "Não é um cenário de normalidade, mas não tenho visto ficar sem medicação. Para antibiótico o cenário é um pouco melhor", explica. "Os pacientes têm peregrinado mas conseguido a medicação. Sempre prescrevo um plano A e uma alternativa, caso não consiga comprar", completa.

Conforme Amantéa, a troca de medicação pode implicar em maior desconforto posológico (volume, intervalo e até palatabilidade). "Pode implicar maior frequência de paraefeitos em algumas situações, maior custo em outras. Esses são critérios individuais de escolha. Pode implicar em risco de resistência bacteriana (efeito na comunidade) e, em alguns casos (dependendo da medicação), menor efetividade", frisa.

Amantéa ressalta que "as desculpas continuam as mesmas". "Recentemente escutei que esse fenômeno não é novo, uma herança da pandemia, onde a escassez de alguns insumos impactou no preço final de muitos produtos", afirma, acrescentando que o custo das drogas para intubação aumentou cinco vezes por conta da falta do produto. 



Fotos: Matheus Piccini


Correio do Povo

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