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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Ucrânia e países ocidentais acusam a Rússia de crimes de guerra após massacres de civis

 Presidente ucraniano cobrou responsabilização do governo russo por massacre



Os países ocidentais e a Ucrânia acusaram, neste domingo, as tropas russas de crimes de guerra depois que valas comuns contendo centenas de corpos foram descobertas em cidades perto de Kiev, retomadas pelas forças ucranianas. A Ucrânia, que neste fim de semana recuperou o controle de toda a região de Kiev, acusou Moscou de um "massacre deliberado" na cidade de Bucha, 30 quilômetros a noroeste da capital. Seu presidente, Volodymyr Zelensky, chegou a acusar a Rússia de cometer "genocídio" de civis em seu país e responsabilizou as autoridades russas.

"Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como suas ordens estão sendo executadas. Esse tipo de ordem. Esse tipo de cumprimento. E há uma responsabilidade comum. Por esses assassinatos, pelas torturas, pelos braços arrancados nas explosões, pelos tiros na nuca", denunciou Zelensky.

Neste domingo, as equipes de resgate encontraram 75 corpos em uma vala comum em Bucha. Os corpos de 410 civis também foram encontrados em outros territórios perto de Kiev, retomados pelas tropas ucranianas, segundo informou a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova.

No dia anterior, jornalistas da AFP viram cerca de 20 corpos espalhados em uma rua em Bucha e o prefeito da cidade, Anatoly Fedoruk, informou que 280 cadáveres foram enterrados em valas comuns. As imagens correram o mundo e desencadearam uma série de condenações internacionais, bem como os pedidos para endurecer as sanções contra Moscou.

"Inaceitáveis"

"Estou profundamente chocado com as imagens de civis assassinados em Bucha, na Ucrânia", disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Segundo a organização internacional, que pede uma investigação independente e preservação de provas, a descoberta de valas comuns levanta sérias questões sobre possíveis crimes de guerra. No entanto, também disse que não pode ser descartado que os corpos incluíssem os de "soldados ucranianos ou russos mortos durante as hostilidades".

Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Itália e União Europeia (UE) expressaram seu horror e pediram que os responsáveis sejam levados perante o tribunal internacional de Haia.

O TPI já abriu recentemente uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia, com alguns líderes ocidentais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamando o presidente russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra".

Os Estados Unidos e a Otan também se mostraram horrorizados e alertaram que a retirada das tropas russas não implicava o fim da violência. Os assassinatos de civis em Bucha são "horríveis" e "inaceitáveis", disse o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, chamou-os de "um soco no estômago".

A Rússia, por outro lado, rejeitou as acusações e alegou que as imagens de civis assassinados eram fabricação ucraniana. "Durante o tempo em que esta cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu ações violentas", disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.

Os países ocidentais pedem sanções mais duras contra Moscou. "Mais sanções e ajuda da UE estão a caminho", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, neste domingo.

Acompanhe o avanço das tropas russas na Ucrânia a cada dia

Bombardeio contra hospital

A guerra na Ucrânia deixou, até agora, cerca de 20.000 mortos, segundo as autoridades ucranianas.

De acordo com a ONU, mais de 4 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde a invasão e, no total, há mais de 10 milhões de pessoas deslocadas.

E embora mais de 500.000 pessoas tenham retornado ao país desde o início do conflito, de acordo com o Ministério do Interior ucraniano, as forças russas continuam bombardeando cidades no sul e leste.

"O que vemos não é uma retirada. A Rússia está apenas reposicionando suas tropas", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

Em Rubishne, uma cidade perto de Lugansk, no leste da Ucrânia, uma pessoa morreu e três ficaram feridas em um bombardeio russo contra um hospital, informou o governador Serguei Gaïdaï.

Mais ao sul, em Mykolaiv, um bombardeio russo deixou uma pessoa morta e 14 feridos, segundo o governador da região, Vitaliy Kim. Localizada na estrada para Odessa, principal porto da Ucrânia no Mar Negro, Mykolaiv tem sido alvo de ataques russos nas últimas semanas.

Explosões também foram ouvidas em Odessa no início da manhã, segundo jornalistas da AFP. Os ataques não fizeram vítimas, de acordo com um oficial do comando regional do Sul, Vladislav Nazarov.

A Rússia informou a destruição de uma refinaria e de depósitos de combustível. As instalações forneciam combustível para as forças ucranianas em direção a Mykolaiv, disse o Ministério da Defesa russo.

Odessa é considerada estratégica por seu grande porto que permite o acesso ao Mar Negro e ao resto da Ucrânia.

Os esforços russos para consolidar seu controle no sul e no leste da Ucrânia até agora foram prejudicados pela resistência em Mariupol, apesar de semanas de ataques devastadores.

Pelo menos 5.000 pessoas morreram no cerco desta cidade portuária no sul do país, segundo as autoridades locais, enquanto as 160.000 que permanecem sofrem com a falta de alimentos, água e eletricidade.

Negociações de paz

Os ataques deste domingo (3) acontecem quando o principal enviado humanitário da ONU, Martin Griffiths, busca neste domingo em Moscou um cessar-fogo nos combates.

O chefe dos negociadores russos nas negociações de paz com a Ucrânia, Vladimir Medinski, elogiou neste domingo (3) uma posição "mais realista" de Kiev, disposta sob condições a aceitar um status de neutralidade, como exige Moscou. Medinski observou que um projeto de acordo adequado ainda não está pronto para ser apresentado aos presidentes de ambos os países.

O governo ucraniano propõe a neutralidade da Ucrânia e renuncia à adesão à Otan, mas com a condição de que sua segurança seja garantida por outros países contra a Rússia. Também propõe negociações para resolver o status do Donbas ucraniano e da Crimeia.

AFP e Correio do Povo

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