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sexta-feira, 15 de abril de 2022

Novo presidente da Petrobras defende política de preços criticada por Bolsonaro

 


Empossado nesta quinta-feira (14) como novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho defendeu a política de preços que a empresa adota para definir o valor de comercialização dos combustíveis no Brasil, a chamada PPI (política de paridade internacional). A medida faz com que os preços da gasolina, do etanol e do óleo diesel acompanhem a variação do valor do barril de petróleo no mercado internacional, bem como a do dólar.

“A prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos, de novos agentes econômicos no setor, ampliação da infraestrutura no país e a garantia do abastecimento. Tal cenário leva ao aumento da concorrência com benefícios para o consumidor brasileiro”, afirmou Mauro Coelho, em seu discurso de posse.

A política de preços da Petrobras é constantemente criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que já declarou publicamente que gostaria de uma revisão desse mecanismo. A PPI, inclusive, foi um dos motivos que mais contribuiu para a queda dos dois antecessores de Mauro Coelho. Antes dele, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna foram demitidos pelo chefe do Executivo por causa de constantes reajustes nos preços dos combustíveis (lei mais abaixo).

Desde o início do ano passado, a Petrobras fez 17 reajustes no preço da gasolina e 13 no preço do diesel por conta da PPI. Durante esse período, a gasolina ficou mais cara 12 vezes e o diesel, 10 vezes. As altas mais recentes foram anunciadas em março, quando a estatal aumentou o preço da gasolina em 18% e o do diesel em 25%.

Em 2021, segundo levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio da gasolina comum subiu 44,3%, e o do diesel, 44,6%, nos postos de combustíveis do país.

Apesar disso, a tendência é de que Mauro Coelho continue aplicando a atual política. Durante a posse, o novo presidente disse que espera melhorar a percepção que a sociedade tem da empresa.

“É uma gestão que valorizará o aperfeiçoamento da comunicação, principalmente o aperfeiçoamento da comunicação externa. Buscaremos maior interação com a sociedade, temos que entender a importância que essa empresa tem para o brasileiro e muitas vezes não conseguimos ter uma comunicação que chegue de forma palatável ao povo brasileiro”, observou.

José Mauro Coelho foi presidente do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo (Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural) e secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia antes de ser indicado para a presidência da Petrobras.

Ele é ex-oficial de Artilharia do Exército Brasileiro e graduado em química industrial pelas Faculdades Reunidas Professor Nuno Lisboa, especialista em ciências dos materiais pelo INT (Instituto Nacional de Tecnologia), mestre em engenharia dos materiais pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) e doutor em planejamento energético pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Política de preços

É a segunda vez que Bolsonaro mexe na presidência da empresa por insatisfação com a política de preços para os combustíveis. Silva e Luna havia substituído o economista Roberto Castello Branco, que também sofreu pressão do governo federal por conta dos reajustes do diesel e da gasolina.

Desde 2016, ainda na gestão de Pedro Parente, a Petrobras adotou o preço de paridade de importação (PPI) para definir o preço da gasolina e diesel nas refinarias. O PPI é orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio.

A alta dos preços do petróleo no mercado internacional e o real ainda em patamares relevantes de desvalorização em relação ao dólar fizeram dos combustíveis motores importantes da inflação brasileira. De olho na reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou por diversas vezes a operação e o lucro da Petrobras.

Silva e Luna

O governo anunciou no fim de março que substituiria o general da reserva Joaquim Silva e Luna em meio às insatisfações do presidente Jair Bolsonaro com a política de preços da Petrobras.

Inicialmente, o governo tinha indicado o economista Adriano Pires para a presidência da Petrobras e o empresário Rodolfo Landim para o comando do conselho.

No entanto, ambos desistiram do convite após vir à tona que seus nomes poderiam ser reprovados pelo comitê de pessoas, pois eles possuem ligação com empresas que se relacionam diretamente com a Petrobras, o que poderia configurar eventual conflito de interesses.

Todos os nomes indicados para o alto escalão da companhia passam por uma avaliação interna. O objetivo é saber se eles preenchem os requisitos técnicos e de integridade para a função. A prática foi adotada após escândalos de corrupção na empresa.

Sendo assim, o governo indicou Marcio Andrade Weber para a presidência do conselho e José Mauro Coelho para o comando da estatal.

O Sul

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