AdsTerra

banner

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Brecholeiras buscam regularização e espaço fixo em Porto Alegre

 Com a pandemia de Covid-19, trabalhadoras foram impedidas de se concentrarem nas proximidades da praça Otávio Rocha



Quem circula nas proximidades da praça Otávio Rocha, bem no Centro de Porto Alegre, já vê como comum a circulação de pessoas munidas de grandes sacolas às quartas-feiras, do final da manhã até metade da tarde. A maioria delas mulheres, muitas com celulares em punho, em constante comunicação. São as chamadas brecholeiras, que negociam roupas e calçados em redes sociais, realizando a entrega nas calçadas das ruas ao redor da praça, incluindo a rua dos Andradas, uma vez por semana. Baseadas no interior da própria praça no passado, tendo aval da prefeitura na época, com a chegada da pandemia de Covid-19, elas foram impedidas de se concentrarem ali, visando evitar aglomerações. Com isso, sua presença foi pulverizada pelo entorno.

“Estávamos na praça e na época que começou a pandemia não nos deixaram ficar ali para não aglomerar e por isso viemos paras as calçadas”, confirma Tatiane Rosa, 36, que com a mãe, Nádia Rosa, 60, aguardava as clientes na calçada. “Vendemos pela internet, usando rede social. Postamos um item, a pessoa mostra interesse e faz a compra. Aí na quarta-feira viemos para cá realizar as entregas. A maioria faz Pix para não precisarmos lidar com dinheiro”, explica Nádia. Conforme ela, o desejo das brecholeiras é poder voltar a ficar na praça. “Todo mundo quer”, garante. Fazendo esse trabalho há 13 anos Celene Ferreira, 60, lamenta ter havido colegas que não respeitavam certas normas informais da categoria. “Houve pessoas que não aceitaram certas regras. É uma praça, temos que ter consciência, sem atrapalhar o fluxo expondo os itens no chão. A ideia não é tirar a praça do público”, garante. Até por isso, elas não expõem os produtos na calçada, mantendo as sacolas fechadas. 

Cristiane Rabelo, 44, representante das brecholeiras, mantém contato com a prefeitura e busca encontrar uma forma de regularizar a situação, desejo comum entre a grande maioria das pessoas que fazem esse tipo de comércio. “O pessoal precisa trabalhar. Sendo legalizado, a proposta é atrair turistas. Temos turistas do Nordeste que vêm visitar a Serra, passam por Porto Alegre e compram no brechó itens de moda sustentável e consciente, onde todos os tipos de classe social podem usufruir, desde os mais ricos aos mais pobres. É bom para a economia da cidade, o dinheiro gira”, garante. “Futuramente será criada uma associação que nos ampare ou ingressaremos em algum sindicato. Somos mães e pais de família que sustentamos nossas casas. Mas tudo é muito recente e está sendo estudado”, enfatiza a brecholeira, que atua na área há uma década.

Na semana passada, ela esteve presente na sanção da lei que modifica as regras para ambulantes. Cristiane e as brecholeiras aguardam o decreto que vai especificar a situação para esse tipo de comércio ambulante, bem como o local que será destinado a elas. “A prefeitura que vai determinar. Com a revitalização do Centro, isso está sendo mapeado e estudado”, frisa. O autor da lei, que reduz taxas e burocracia para os ambulantes, vereador José Freitas (Republicanos), foi convidado a trabalhar junto à prefeitura, através da diretoria da Sala do Empreendedor, na concepção do decreto que vai regulamentar diferentes tipos de ambulantes, incluindo as brecholeiras. A emissão deste decreto por parte do poder público municipal deve acontecer no prazo de um mês.

Conforme a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET), a Lei do Comércio Ambulante visa "ampliar o rol de produtos vendidos nas ruas e permite o uso de equipamentos, desde que devidamente regulamentados". Além disso, segundo a pasta, o objetivo é facilitar a regularização dos vendedores. Assim, as brecholeiras, neste caso, podem ser caracterizadas como feira, o que também será incluído no decreto, garante a SMDET.

Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário