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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Alta dos juros nos EUA ameaça crescimento econômico do Brasil

 Movimentação prevista para começar em março tende a afastar investidores e manter Selic em patamar elevado


A sinalização do Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, de que vai elevar a taxa básica de juros nos próximos meses traz dores de cabeça para a economia brasileira. O movimento tende a afastar investidores dos mercados emergentes e afetar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Atualmente fixada no intervalo entre 0% e 0,25% ao ano, a taxa de juros norte-americana deve começar a subir a partir do mês de março, conforme perspectivas adiantadas pelos diretores do Fed em comunicado nesta quarta-feira. As previsões apontam para ao menos três saltos da taxa até o final de 2022 com o objetivo de conter a inflação nos Estados Unidos.

Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos avalia que a eventual decisão a ser confirmada torna o investimento no Brasil menos atrativo, ainda que a taxa Selic figure em um patamar bem superior aos juros oferecidos em países desenvolvidos.

“Os investidores veem os títulos soberanos da dívida pública dos Estados Unidos como um ativo de zero risco. Se não existe risco e oferecem um retorno um pouco maior, eles pensam duas vezes antes de tomar mais risco à procura de um retorno”, explica Rachel.

Andrey Nousi, fundador e presidente da Nousi Finance, partilha da mesma posição de Rachel e classifica o mundo dos investimentos como um “cobertor curto”. “Se os Estados Unidos ficam mais atrativos, os investidores começam a sugar a liquidez de outros países. Naturalmente, quem tende a sofrer mais são os emergentes, aqueles com economias mais fragilizadas”, observa ele.

Para Nousi, elevação dos juros em terras norte-americanas tende a manter a Selic em um patamar mais elevado para incentivar o estrangeiro a permanece com o dinheiro por aqui, o que coloca a atividade econômica em risco. "Essa taxa de juros em níveis elevados é muito letal para a economia brasileira, porque ela estrangula o empreendedor que precisa financiar suas atividades.”

A avaliação pessimista leva em conta que as taxas de juros em níveis mais elevados encarecem o crédito e, consequentemente, afetam a geração de empregos. A situação afeta a renda dos trabalhadores e reduz o consumo das famílias, responsável por dois terços (cerca de 65%) do PIB (produto interno bruto) brasileiro.

Já aguardada pelo mercado financeiro, as futuras altas já refletem nas expectativas de crescimento da economia brasileiro para este ano. Para os analistas consultados semanalmente pelo BC (Banco Central), o avanço do PIB nacional deve encerrar 2022 com alta de apenas 0,29%, patamar semelhante ao apresentado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) no início desta semana.

Apesar dos impactos, Rachel de Sá, da Rico, adiciona uma percepção de que a contenção da inflação nos Estados Unidos pode trazer um efeito positivo para o Brasil, caso ela ocorra “de forma gradual e dentro do esperado” pelos analistas


R7 e Correio do Povo


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