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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

MP/RS pedirá prisão e condenação dos acusados pela tragédia na Boate Kiss

 O julgamento está marcado para começar no dia 1º de dezembro no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre


O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS) promoveu entrevista coletiva nesta quarta-feira, na sede da instituição em Porto Alegre, onde os promotores do julgamento dos quatro acusados pela tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, no dia 27 de janeiro de 2013, conversaram com a imprensa. Na ocasião, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MP/RS, Júlio César de Melo, acompanhado dos promotores de Justiça que representarão o MP em plenário, Lúcia Helena Callegari e David Medina da Silva, responderam aos questionamentos da imprensa. 

O presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, acompanhou o evento no auditório Mondercil Paulo de Moraes. “Estamos mobilizados e empenhados para este julgamento. Queremos o julgamento na data agendada e estamos atentos a qualquer medida da defesa que tente impedir ou atrasar isso”, garantiu o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MP/RS. “Ao MP só importa a verdade. E a verdade não tem lado, ela é única. Essa é a nossa posição. Aos familiares das vítimas, os quais nos solidarizamos, na luta e na dor, queremos dizer que estamos preparados para agir no combate à impunidade”, acrescentou.

O julgamento está marcado para começar no dia 1º de dezembro no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na Capital. Os quatro acusados são os sócios da Boate Kiss Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha Leão. Todos responderão no plenário das Varas do Júri da Comarca de Porto Alegre, junto ao Foro Criminal, por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos).

“Este talvez seja o maior julgamento que nós tenhamos na história do Brasil. Minha preocupação é que o julgamento tenha início, meio e fim. O MP vai pedir a prisão dos quatro, além de sustentar a condenação. Não falamos de vingança, mas de justiça. Não podemos permitir que nenhuma manobra aconteça para que o julgamento não termine”, explicou a promotora Lúcia Helena Callegari. 

“Um processo se faz com fatos e argumentos. E neste processo os fatos são muito mais fortes do que os argumentos”, avaliou o promotor David Medina da Silva, que também acredita estar de frente para o maior julgamento do país, ao lado da Lava Jato, apesar dos contextos diferentes, como observou. “Nossa luta é para que se reconheça o homicídio doloso, pois temos convicção de que estamos trabalhando com assassinatos dolosos. Que nenhuma defesa venha fazer cortina de fumaça nesta questão”, acrescentou.

A antropóloga argentina Virginia Vecchioli, que é professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), exibiu de forma digital como era a casa noturna por dentro. “Os ambientes retratam de forma fidedigna os labirintos que eram a Boate Kiss. Esse trabalho permite mostrar como foi a cena do crime”, compartilhou com os presentes a doutora em antropologia social. A reconstituição virtual será utilizada pelos promotores no julgamento. 

O projeto é similar à reconstituição já disponibilizada de um campo de concentração da antiga ditadura argentina. O “El Campito” funcionou como prova este ano no chamado megaprocesso Campo de Mayo, no Tribunal Oral Criminal Federal nº 1, na Argentina. A ideia de Virginia Vecchioli é disponibilizar a recriação virtual para o público na Internet, depois do julgamento, para que o projeto seja uma espécie de memorial digital da Boate Kiss.

O presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva, salientou que, com a proximidade do julgamento, o momento é importante e de tensão.

"Aquela dor que voltou de novo nos aperta o coração, porque esse júri tinha sido marcado para Santa Maria e, por pedidos da defesa, acabou vindo para Porto Alegre. O nosso desejo é que esse júri se inicie dia 1º de dezembro e tenha um término. É mais um capítulo que a gente vai escrever de muita dor. Uma coisa que me chamou a atenção é que a defesa, em vez de fazer papel de defesa, vem fazendo papel de acusadora, acusando terceiros por essa tragédia. Sendo que nós temos neste processo quatro réus que respondem por esses homicídios que estão bem claros pelas provas. E voltou-se a falar na questão da visita in loco à boate. A Associação pediu lá atrás para que houvesse essa visita dos jurados na boate e não sei por qual motivo o Tribunal de Justiça do RS, atendendo ao pedido da própria defesa, acabou indeferindo o nosso pedido. O pedido viria apenas reforçar como era a boate e o que aconteceu lá dentro, e se os jovens tiveram alguma chance de sair de lá com vida”, refletiu o presidente. O incêndio na boate deixou 242 mortos e outros 636 feridos.


Correio do Povo


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