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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Projeções na Alemanha dão vitória estreita a social-democratas e confirmam derrota do partido de Angela Merkel

 


O Partido Social-Democrata (SPD) venceu por margem estreita as eleições gerais deste domingo (26) na Alemanha, as primeiras depois do anúncio da aposentadoria da chanceler Angela Merkel, de acordo com projeções baseadas na apuração dos votos. A sigla, mais cotada para liderar o país pelos próximos anos, teve um avanço considerável em relação às eleições de 2017, ao mesmo tempo em que a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, sofreu uma dura derrota, embora ainda reivindique estar à frente do próximo governo de coalizão.

Pelas projeções das redes ARD e ZDF, o SPD obteve entre 25,2% e 25,7% dos votos, cerca de cinco pontos percentuais a mais do que eleição anterior, em 2017. Já a CDU, com entre 24,5% e 24,6% dos votos, perdeu ao menos oito pontos percentuais em comparação com cinco anos atrás.

Os Verdes terão entre 13,8% e 14,4%, com um crescimento de cinco pontos em média, e os liberais do Partido Democrático Liberal (FDP) também cresceram, cerca de um ponto, devendo chegar a 11,7% dos votos. Com isso, essas duas siglas devem atuar como fiéis da balança nas negociações para uma nova coalizão governista que tenha maioria parlamentar.

Já a extrema direita da Alternativa para a Alemanha (AfD) teve entre 10,7% e 10,9%, perdendo quase dois pontos percentuais. Já a Esquerda, com 5% dos votos, perdeu 4,2 pontos e ainda corre o risco de não superar a cláusula de barreira para entrar no Parlamento, justamente de 5%.

Os números confirmam uma tendência mostrada pelas pesquisas, com o SPD à frente. Sob liderança de Olaf Scholz, ministro das Finanças de Merkel e por vezes apontado como o candidato mais próximo da chanceler, o partido deve retomar ao comando do país pela primeira vez desde 2005.

“Esta será uma longa noite eleitoral, isso é certo”, declarou Scholz, em discurso a apoiadores. “Mas também é certo que muitos escolheram o SPD porque querem que o novo chanceler da Alemanha se chame Olaf Scholz.”

Cabe ainda ressaltar a dura derrota sofrida pela CDU na primeira eleição depois do anúncio da aposentadoria de Merkel — uma das piores no pós-guerra. O partido agora é a segunda força no Parlamento, com uma votação oito pontos percentuais menor do que em 2017, resultado creditado em grande parte ao candidato do partido, Armin Laschet.

Sem convencer os eleitores de que seria um chanceler confiável, Laschet patinou nas pesquisas e ficou marcado mais pelas gafes do que pelas propostas. Na última delas, ocorrida durante a votação, ele dobrou de forma errada sua cédula, e revelou em quem estava votando. Após o fechamento das urnas, disse ter legitimidade para comandar o governo.

“Parece que, pela primeira vez, teremos um governo alemão com três parceiros de coalizão, e nós da CDU recebemos um mandato claro de nossos eleitores: um voto na CDU é um voto contra um governo de esquerda”, afirmou Laschet, em declarações aos eleitores.

Possibilidades

Como nenhum partido obteve a maioria, algo praticamente impossível dentro do sistema eleitoral alemão, as siglas precisarão se aliar para formar uma coalizão, um processo que geralmente leva alguns meses. Há uma preocupação com uma possível paralisia do governo neste período de negociações, afetando o papel de liderança da Alemanha na União Europeia em um momento de definições de políticas fiscais e de tensões diplomáticas que demandam ações rápidas. Por isso, os social-democratas e os conservadores defendem que o novo Gabinete saia até o Natal.

Segundo analistas, o novo governo deve ser formado por três partidos, algo que não era visto desde os anos 1950. Além disso, os Verdes, hoje terceira força política, serão decisivos, e já começaram as conversas.

“Queremos liderar o país, mas ainda temos um mandato claro para que o Partido Verde leve adiante seus planos para o país no próximo governo”, declarou a líder da sigla, Annalena Baerbock. Ela ainda reconheceu que erros cometidos ao longo da campanha comprometeram um resultado que poderia ser ainda melhor.

De acordo com a consultoria Eurasia, a configuração mais provável é a chamada “semáforo”, com a participação da SPD, dos Verdes e do FDP — o nome é uma referência às cores das três siglas, vermelho, amarelo e verde. Muito embora os três precisem resolver divergências, as primeiras declarações parecem sinalizar para um acordo no futuro.

“O que une os Verdes e o FDP é que os dois conduziram campanhas independentes, os dois se opuseram, de perspectivas diferentes, o status quo da atual coalizão [entre SPD e CDU]”, declarou o líder do FDP, Christian Lindner. “Por isso não pode mais haver um “mais do mesmo” na Alemanha. Agora é hora de um novo começo.”

O Sul

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