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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Repatriação de médicos cubanos: um golpe político e econômico para Havana

Repatriação de médicos cubanos: um golpe político e econômico para Havana

Com bandeiras nacionais e retratos do falecido líder Fidel Castro, médicos cubanos esperam a chegada de seus compatriotas da Bolívia, no aeroporto internacional José Martí em Havana, em 16 de novembro de 2019 - AFP/Arquivos

AFP


Do Brasil, de El Salvador, do Equador e da Bolívia, cerca de 9.000 médicos cubanos foram repatriados no último ano, após o cancelamento de seus contratos, uma decisão estimulada pelo governo Donald Trump e que significa um duro golpe para a economia da ilha.

Para Cuba, Washington promove uma campanha para desprestigiar um programa emblemático que data de 1963 e do qual mais de 400.000 pessoas participaram em 164 países.

“A cruzada dos Estados Unidos contra a cooperação médica internacional é um ato infame e criminoso”, tuitou o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, na quinta-feira.

Os Estados Unidos acusam Cuba de “explorar mão de obra escrava”, já que o Estado fica com a maior parte do dinheiro por esses serviços.

Já no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, alega que o sistema foi aproveitado para infiltrar agentes de Inteligência.

– Ajuste na receita –

A reconfiguração política na América Latina – que, em grande medida, deu uma guinada para a direita – afetou o programa.

No caso de Bolívia e El Salvador, cujos governos até recentemente eram aliados da ilha, o envio de médicos era um serviço gratuito.

“Milhares de pacientes ficam desprovidos de serviços médicos”, lamentou a doutora Luisa García, ao chegar a Havana procedente de La Paz. Ela e seus colegas foram recebidos entre vivas, como heróis, no aeroporto.

No Equador, porém, os 382 profissionais, cujos contratos foram cancelados, eram pagos pelo governo local, assim como os 8.000 médicos que deixaram o Brasil, após a eleição de Bolsonaro no final de 2018.

A magnitude destes golpes financeiros não foi incluída nas estatísticas oficiais, que registram 6,398 bilhões de dólares em 2018 por serviços de saúde no exterior. Com essa receita, o Estado cubano financia seu sistema público de saúde.

“Os serviços médicos continuam sendo a principal fonte de receita externa para a economia, e são contratos de difícil relocalização, porque depende de acordo com os governos, muito sensíveis aos ciclos políticos”, explica o economista Pavel Vidal, da Universidade Javeriana da Colômbia.

Mesmo neste cenário, Michael Cabrera, subdiretor da Unidade Central de Cooperação Médica, órgão estatal que supervisiona o envio de médicos para o exterior, é otimista.

“Sabíamos que não continuaríamos no Brasil e já fizemos os planos (de 2019) em função dessa realidade (…) Estamos dentro do planejado, com a exceção do Brasil, que significava um [alto] percentual em todas as operações”, disse ele à AFP.

Em 2018, mais de 34.000 profissionais de Saúde cubanos trabalhavam em 66 países. Historicamente, “mais de 95%” voltaram e, desde 2016, “99%” retornam, relatou Cabrera.


IstoÉ

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