A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, deverá retirar da pauta de julgamentos processos importantes sobre controle fiscal que estavam sob a relatoria do ministro Teori Zavascki, que morreu em um acidente de avião em Paraty (RJ) na semana passada.
Estavam pautadas ações sobre a validade da Lei de Responsabilidade Fiscal e a constitucionalidade da fixação de limite com gastos de pessoal pelos estados. Não há previsão para a retomada do julgamento. As decisões devem servir de base para os acordos fiscais que o governo federal deve assinar com os estados que passam por dificuldades financeiras.
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Na pauta do dia 1º de fevereiro, data da primeira sessão do ano após o período de recesso, os ministros deveriam analisar a validade da Lei de Responsabilidade Fiscal, criada em 2000 para disciplinar os gastos dos governos estaduais e federal.
Na época, as ações foram propostas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), governadores e associações de procuradores sob argumento de que a lei fere a autonomia dos Poderes ao definir regras para limitar os gastos.
Odebrecht
Cármen Lúcia continua fazendo consultas informais aos colegas da Corte sobre o futuro da Operação Lava Jato no STF e sobre o processo de homologação dos 77 depoimentos de delação premiada dos ex-executivos da empreiteira Odebrecht. A ministra manteve hoje contato com o decano na Corte, Celso de Mello e Gilmar Mendes, ambos integrantes da Segunda Turma do STF, colgiado que era integrado por Zavascki, relator da Lava Jato.
Os ministros tentam decidir informalmente se a distribuição da delação da Odebrecht será feita entre todos os integrantes do STF ou somente entre os ministros da Segunda Turma, colegiado do qual Teori fazia parte. O regimento interno do Supremo autoriza as duas possibilidades. Além disso, não está descartada a hipótese de Cármen Lúcia homologar os acordos.
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Menescal e Donato ressaltam ligação com a natureza em obra de Tom Jobim
Paulo Virgílio
Os versos iniciais de Samba do Avião - “minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro” – são a trilha sonora perfeita para quem chega à cidade por via aérea. E se desembarcar no principal aeroporto carioca, tem ali a primeira de muitas referências ao maestro Antônio Carlos Jobim, que estaria completando hoje (25) 90 anos de idade.
Diariamente, milhares de pessoas transitam pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, centenas de moradores do Rio e turistas tiram fotos junto à estátua do compositor, no Arpoador, e outras tantas visitam o Jardim Botânico. Lá, o Espaço Tom Jobim exibe uma exposição permanente do acervo do compositor e o banco onde ele costumava sentar para observar o canto dos pássaros e sua árvore preferida – uma sumaúma – é uma das principais atrações do parque.
Autor de uma obra mundialmente reconhecida como uma das mais importantes da música popular do século 20, o carioca Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927-1994) - brasileiro até no nome – era profundamente ligado, na vida e na criação musical, à natureza. Mar, rios, chuva, matas, árvores, flores, pássaros e pedras são temas recorrentes em grande parte das cerca de 400 canções compostas por Tom, e tiveram sua síntese na obra-prima Águas de Março (1972).
Amigo de Tom e também ligado ao ambiente musical que nos anos 50 resultou na Bossa Nova, o pianista, compositor e arranjador João Donato define a música de Jobim como a tradução do “frescor da manhã”. Para ele, havia uma relação automática entre a natureza e a criação melódica na obra do compositor.
"Outro dia eu estava no quintal da casa de uma amiga minha e ouvi o canto de um pássaro que parecia os acordes iniciais de Garota de Ipanema. Era o canto de uma sabiá, quando tem filhote no ninho, um canto de alegria”, conta Donato. O sabiá, aliás, foi um dos pássaros que serviu de inspiração para Jobim, na música do mesmo nome, composta em 1968 em parceria com Chico Buarque.
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Também um dos grandes nomes da Bossa Nova, o compositor, violonista e arranjador Roberto Menescal concorda com Donato e afirma que o "frescor da manhã" tinha a ver com o período do dia em que Tom costumava criar. “Pouca gente sabe disso, mas o Tom acordava muito cedo, antes das 7h, ia comprar o pão lá embaixo no Jardim Botânico, subia para tomar o café e depois começava a compor. Compunha até às 11h e depois voltava a dormir. Acordava às 15h e ia pro 'escritório', como ele chamava seu bar preferido no Leblon”, lembra Menescal.
Caçador submarino nos anos 60, Roberto Menescal guarda outra história que demonstra o ecologista que Tom Jobim era antes do tema entrar para a agenda do planeta. Um dia ele encontrou na então deserta Barra da Tijuca o amigo pescando com duas varas.
Para sua surpresa, quando Tom puxou os molinetes não havia iscas nos anzóis. “Menesca, eu não uso isca. Eu não quero pegar os peixes. Eu só quero jogar no mar esse material bonito, mas não quero pegar peixe nenhum não.”, disse Tom. “Ele queria a natureza”, define o amigo Menescal.
Referência
Vinte e três anos após sua morte, ocorrida em 8 de dezembro de 1994, em Nova Iorque, Tom Jobim está presente no cenário musical brasileiro, com suas composições interpretadas e regravadas por novas gerações de músicos e cantores. Além de biografias e livros que contam a história da Bossa Nova, vídeos na internet e documentários, como A música segundo Tom Jobim, de Nelson Pereira dos Santos, lançado em 2012, asseguram a eternidade da obra do “maestro soberano”.
E quem transitar a partir de hoje no aeroporto que leva o nome do compositor poderá ouvir uma hora diária de clássicos de Tom, incluindo o Samba do Avião. Iniciativa da concessionária RioGaleão, a programação A Hora do Tom será apresentada pela locutora Íris Lettieri, a célebre voz das chamadas no aeroporto carioca.
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