O círculo vicioso da violência e da criminalidade no RS, por Claudio Lamachia

Crônica de mais uma tragédia anunciada, as últimas semanas nos deram mais uma demonstração da absurda e crescente onda de criminalidade em nosso Estado. Quantas pessoas mais terão de ser assassinadas para que algo de novo seja produzido pelos homens públicos que têm a responsabilidade de dirigir a segurança pública do nosso Rio Grande do Sul?
A crise econômica é inegável. Ela é sentida por todos, dia após dia, com a falta de prestação qualificada de serviços básicos aos cidadãos e até mesmo no atraso dos salários do funcionalismo público. A dívida com a União está sendo paga com o sacrifício da vida de gaúchos, que hoje são assassinados nas ruas e nos corredores dos hospitais por falta de investimento do Estado.
Vivemos em um cenário de guerra. Porto Alegre é uma das capitais mais violentas do Brasil, com alta taxa de homicídios, furtos e roubo de carros. A violência afasta a população das ruas. Muito da crise econômica que vivemos é reflexo do medo que acomete as pessoas. Antes de tributar ainda mais o bolso combalido do cidadão, é preciso corrigir o rumo seguido até aqui.
Não retomaremos o caminho da estabilidade econômica enquanto a segurança não for prioridade. Ela é fundamental para que se estabeleça um ciclo virtuoso de fomento ao empreendedorismo. A pequena economia – maior geradora de empregos – sofre com os prejuízos causados pelo número reduzido de rondas policiais e pelo avanço da criminalidade. São os pequenos roubos que levam o faturamento do microempresário.
Para a retomada econômica é fundamental que se comece fazendo o básico: garantir ao cidadão a liberdade de ir e vir com segurança e tranquilidade. A exemplo do que foi feito durante a Copa do Mundo, é preciso que haja mais policiais nas ruas que seja efetivado o monitoramento por meio de câmeras ligadas às delegacias.
Se há um legado da experiência vivida em 2014, é o de que com pouco de boa vontade, investimentos, criatividade e valorização profissional a Brigada Militar e a Guarda Municipal são capazes de promover a transformação de que precisamos.


Advogado, vice-presidente nacional da OAB


Fonte: Correio do Povo, página 2, editorial da edição de 14 de outubro de 2015.

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