Mais de um século depois, o Brasil de Pelotas finca a bandeira vermelha e preta em posição de destaque no Rio Grande do Sul. Se em 1919 o time foi o primeiro campeão do Gauchão, agora o pioneirismo é outro. Na noite de terça-feira os sócios aprovaram a última etapa de um processo em curso desde agosto do ano passado. O Xavante agora é o primeiro clube no estado a tornar-se SAF.
Realidade em diversas praças país afora, a Sociedade Anônima do Futebol na situação em que se encontrava o Brasil foi a saída encontrada pela diretoria que herdou R$ 22 milhões de dívida. Levada adiante pelo Conselho Deliberativo, a ideia agora finalmente foi endossada pela maioria absoluta do quadro social. Dos 199 sócios que participaram da votação, 193 votaram a favor.
“O futebol não se administra mais com paixão e sim com razão e profissionalismo. O torcedor entendeu isso”, afirma o presidente Valmir Xavier, responsável para que o plano saísse do papel assim que deixou o gabinete das finanças e sentou-se na cadeira presidencial. “Fiz o diagnóstico de que era crítica a coisa e o clube iria colapsar”.
O primeiro passou foi contratar uma empresa especializada no assunto. Fernando Ferreira, da Pluri Sports fez uma espécie de raio-x da situação e colocou o Brasil no mercado. Até que apareceram interessados. Um deles bem conhecido dos pelotenses, dos gremistas e do torcedor brasileiro em geral. Émerson Rosa, ex-meia multicampeão pelo Grêmio, Seleção e com passagem em grandes clubes da Europa. Com raízes em Pelotas, onde começou a carreira, ele buscou parceiros para o negócio. Junto à Greenfield Partners e VEX Capita formará o consórcio da SAF.
O resultado é a aquisição de 90% do capital da futura empresa. Ou seja, 10% permanecem em poder do clube associativo. Os números giram em torno de R$ 140 milhões em investimentos pelos próximos dez anos e chegam em uma hora em que a água bate no pescoço. Nas rodadas finais da Série D houve dificuldades até para manter a folha depois de um primeiro semestre com novo rebaixamento para a Série B do Gauchão. “A repercussão na torcida é de empolgação e esperança de um novo começo”, relata Tallis Machado, da Rádio Tupanci de Pelotas.
Para o torcedor apaixonado como é o do Brasil, além da esperança por dias melhores, a certeza de que em um primeiro momento o foco do aporte financeiro será no futebol, embora a estrutura receba atenção também. Os objetivos imediatos para 2026 são devolver o Xavante à Série A do Gauchão e criar um time capaz de construir uma caminhada até voltar para a Segunda Divisão do Brasileirão.
Para isso, o modelo de SAF escolhido foi o de entregar o departamento de futebol profissional e amador. No projeto, além da reforma de ampliação para 23 mil pessoas do estádio Bento Freitas que está 70% novo, está prevista a construção de um CT para as categorias de base em condição de receber o selo da CBF, algo que somente têm a Dupla Gre-Nal e o Juventude. É dali, da formação de jogadores que os investidores imaginam colher no futuro os frutos do que estão sendo plantado a partir de agora.
“Pode anotar aí. Estamos fazendo história com pioneirismo de novo. Fomos os primeiros campeões gaúchos e agora os primeiros a ser SAF, “vibra o presidente Vilmar. Anotado.
Correio do Povo

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