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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Dólar fecha sessão em alta de 0,53%, cotado a R$ 5,16

 Moeda norte-americana seguiu tendência global em dia de cautela



Seguindo a tendência global em dia de cautela por sinalizações para o curso da política monetária nos Estados Unidos, o dólar se manteve em alta frente ao real durante toda a sessão. Chegou ao topo em R$ 5,2143 na etapa matutina, mas, ainda em alta, se acomodou após a divulgação do teor da ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Encerrou a sessão desta quarta-feira em alta de 0,53%, a R$ 5,1678, reduzindo as perdas no mês de agosto frente ao real para 0,13%.

Para Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, o recado dado pelos integrantes do Fed não veio tão suave quanto se esperava. De fato, os dirigentes do Fed avaliaram que a inflação deve seguir alta em um nível desconfortável por "algum tempo". Nesse sentido também observaram que a inflação permaneceu inaceitavelmente alta e bem acima da meta de longo prazo de 2%.

"Logo depois da divulgação da ata o dólar reagiu, voltou e seguiu como antes", observa Boragini, ressaltando que o mercado parece estar ainda tendo um pouco de dificuldade de fazer uma leitura mais acurada de tudo o que está acontecendo. "A leitura de fato está nebulosa, então o ativo fica meio lateralizado. Talvez o mercado comece a mostrar uma direção em pouco mais tarde."

A Oxford Economics avalia que as autoridades do Fed expressaram uma avaliação de risco mais equilibrada em torno da política monetária. "Concordamos e esperamos que, mesmo que o FOMC decida reduzir o aumento da taxa para 50 pontos-base em 21 de setembro, esperamos outro aumento de 125 pontos-base até o final do ano", conclui.

Ainda assim, as incertezas que estão no front levam à busca por proteção na divisa americana. Mas, aqui no Brasil, o ritmo de valorização do dólar globalmente tem sido amenizado frente ao real pelo fluxo estrangeiro positivo, lembra o especialista em renda variável.

De acordo com a B3, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 941,485 milhões há dois dias, na sessão de segunda-feira, 15. Só no acumulado de agosto, o resultado do ingresso do capital estrangeiro é de R$ 10,986 bilhões na Bolsa e, em 2022, de R$ 64,747 bilhões.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam em alta, em movimento de realização de lucros, após não conseguir, nos últimos dias, sustentar a correção até o fechamento. A ponta longa chegou a reduzir pontualmente o ritmo após a leitura inicialmente dovish da ata do Federal Reserve, estrela da agenda, em linha com a perda também momentânea de gás dos retornos dos Treasuries e do dólar, mas depois retomou o fôlego.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,71%, estável ante o ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,76% para 12,87%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,87%, de 11,69%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou a 11,60%, de 11,41%.

A recomposição de prêmios na curva foi vista logo cedo, alinhada à trajetória dos Treasuries e com o câmbio pressionado. O mercado então aproveitou para ajustar as taxas que, desde as máximas atingidas em meados de julho, passaram a cair com força e agora ficaram bastante descontadas. A mensagem do Copom de que o ciclo de altas da Selic provavelmente terminou na reunião do Copom em agosto levantou o debate sobre o início do processo de cortes e provocou um rali na curva via entrada de fluxo estrangeiro.

A ata do Fed, que saiu às 15 horas, teve um efeito leve sobre os contratos de 2027 em diante, que acompanharam a reação positiva dos demais ativos, mas que também se dissipou posteriormente. "Teve uma primeira leitura 'dove', mas, num olhar mais detalhado, há mensagens para os dois lados", afirma a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, sobre o documento, citando, por exemplo, as menções da autoridade monetária à robustez do mercado de trabalho.

Os dirigentes disseram ser "adequado" manter um nível restritivo na política "por algum tempo", mas que, mais adiante, será possível reduzir o ritmo das altas. Por outro lado, consideram os níveis de inflação estão inaceitavelmente elevados e que o aperto monetário pode reduzir o ritmo de crescimento, mas consideram ser "crucial" levar a inflação à meta de 2%. No monitoramento do CME Group, a possibilidade de uma elevação de 50 pontos-base nos juros na reunião de setembro ganhou força. Após a ata, estava em 59,5%, de 52,5% pouco antes da publicação do documento.

Internamente, a agenda trouxe apenas o IGP-10 de agosto, com deflação de 0,69%, ante alta de 0,60% em julho. O resultado veio abaixo da mediana das estimativas (-0,60%) endossando a percepção de que a Selic deve permanecer em 13,75% nos próximos meses.

Bolsa

O Ibovespa ficou de guarda dos 113 mil pontos, orbitando a estabilidade em parte da sessão até que se conhecesse a ata do Federal Reserve, a qual, mesmo sem trazer novidades, levou os índices de ações em Nova York às máximas do dia, embora sem deixar o terreno negativo na sessão. No melhor momento pós-ata, a referência da B3 retomou o nível de 114 mil pontos, não visto no intradia desde 22 de abril.

Ao fim, mostrava alta de 0,17%, aos 113.707,76 pontos, entre mínima de 112.482,58 e máxima de 114.146,23 pontos (+0,56%), saindo de abertura aos 113.507,82 pontos. Em dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro foi a R$ 59,8 bilhões na sessão. Na semana, o índice avança 0,84% e, no mês, 10,22% - no ano, tem alta de 8,48%.

"A ata do Fed não traz grandes novidades e se mostra datada, ao mencionar que o mercado de trabalho dava alguns sinais de desaceleração e que a inflação ainda continua muito alta. Exatamente o que aconteceu depois foi o inverso: dados do mercado de trabalho bem fortes, com quase o dobro da geração de vagas esperada, e a inflação cedendo mais do que o projetado pelo mercado. O documento de hoje parece bem ultrapassado, e o que fará diferença, na próxima semana, será o evento de Jackson Hole, de onde se espera comentários sobre os próximos passos", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

"A ata da reunião trouxe explicações do cenário (do Fed) para a economia americana, mas não explicitou qual será o ritmo de aperto monetário para a próxima reunião, em setembro. De forma geral, a autoridade monetária irá aumentar ou diminuir o ritmo do aperto monetário a depender do estado da economia", observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

No Brasil, a sinalização do BC de que o ciclo de elevação de juros se encerrou ou está muito próximo disso continua a atrair recursos externos para a B3 - em termos líquidos, na casa de R$ 11 bilhões em agosto, até segunda-feira, conforme os mais recentes dados -, o que se conjuga com acomodação da inflação, expectativas mais favoráveis sobre o PIB e a uma temporada positiva de balanços corporativos.

"Olhando 30 dias, aproximadamente do piso do ano (de meados de julho) aos 114 mil de hoje, o Ibovespa tem uma recuperação em torno de 18%. Há muito caixa disponível, como não se via desde 2008, e esses recursos estão indo essencialmente para Bolsa, com a indicação do fim do ciclo de alta de juros aqui, ou no máximo mais um aumento de 25 pontos-base (na Selic). O BC fez o dever de casa, não ficou atrás da curva. E, considerando S&P 500 a 4.300 pontos, ainda há descontos na B3 e recursos disponíveis para que o Ibovespa avance mais", diz César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset.

"O mercado é comparável a um pêndulo, tendendo a corrigir excessos, seja de pessimismo ou otimismo. Muito de pessimismo tinha ido para o preço", acrescenta o gestor, destacando também a mais recente temporada de resultados corporativos, positiva aqui e no exterior, e na qual se mostrou que, mesmo com o desafio da inflação, empresas conseguiram defender margens.

"Hoje tivemos um dia de volatilidade, em que o Ibovespa abriu em queda e chegou a perder quase 1% na sessão para, à tarde, se firmar em leve alta. O mundo tem estado mais otimista com relação ao Brasil. A ata do Fed condiciona os próximos passos sobre juros à inflação. Não há certeza ainda quanto ao grau de ajuste à frente (para a taxa de referência dos EUA). O Brasil reagiu mais rápido e de forma mais agressiva aos sinais inflacionários, o que nos permitiu um controle mais dinâmico", diz Davi Lelis, economista e sócio da Valor Investimentos.

Nesta quarta-feira, as ações e setores de maior peso no Ibovespa se firmaram majoritariamente no positivo no meio da tarde, após a ata do Fed. A exceção significativa foi Vale (ON -2,46%), que devolveu os ganhos do dia anterior. Petrobras ON e PN, por sua vez, fecharam respectivamente em alta de 3,33% e de 2,34%, em dia moderadamente positivo para as ações de grandes bancos (Bradesco ON +0,37%, Itaú PN +0,40%), à exceção de BB (ON -0,90%). Na ponta do Ibovespa, destaque para Cemig (+5,67%), Copel (+4,48%) e CSN Mineração (+4,42%), com Americanas (-6,13%), Via (-6,08%) e Yduqs (-5,56%) no lado oposto.

Agência Estado e Correio do Povo

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