País irá baixar o valor da gasolina
O governo do Panamá e as comunidades indígenas anunciaram, neste domingo, um acordo para reduzir ainda mais o preço da gasolina, em troca da liberação de parte das estradas sob bloqueio, enquanto a maioria dos trechos permanece fechada, à espera de novas negociações.
"O Governo Nacional, junto com representantes da Comarca Ngäbe-Buglé e camponeses, concordaram sobre o preço de US$ 3,30 por galão (3,78 litros) de combustível" para todo país, declarou a presidência, que divulgou imagens da assinatura do acordo em um local da Igreja Católica no distrito de San Félix, província de Chiriquí, no extremo-oeste do país.
Na província de Chiriquí, na fronteira com a Costa Rica e considerada o celeiro do país, produz-se a grande maioria das leguminosas, hortaliças, batatas e vegetais distribuídos no Panamá. Muitos dos alimentos estragaram, ou não chegaram a tempo aos diferentes mercados de abastecimento, devido aos bloqueios de estradas nessa província.
O Ministério de Segurança Pública divulgou, por sua vez, imagens da liberação de vias nessa região. Já na Rodovia Pan-Americana, principal via para o trânsito e o comércio de mercadorias e que conecta o Panamá ao continente, a maioria dos protestos continua.
Uma delegação do governo e representantes de coletivos cidadãos e sindicatos reiniciaram as negociações em uma escola em Santiago de Veraguas, 250 quilômetros a sudoeste da Cidade do Panamá e onde se mantém um importante bloqueio rodoviário com caminhões-reboque.
"Pedimos a todas as partes que hoje possamos chegar a acordos e, sobretudo, desobstruir as estradas", disse hoje à imprensa o ombudsman panamenho, Eduardo Leblanc, que esteve presente nas negociações.
No dia anterior, ambas as partes haviam concordado em reduzir o preço inicial oferecido pelo governo de US$ 3,95 por galão (que já havia sido reduzido de US$ 5,20) para US$ 3,32. Os representantes dos manifestantes se recusaram a reabrir as rotas até que os preços de cerca de 40 produtos da cesta básica e medicamentos também sejam reduzidos.
Em Santiago de Veraguas, um manifestante confirmou por telefone à AFP que tudo continua fechado, "de forma pacífica", à espera de notícias sobre os acordos.
Há duas semanas, o país registra várias manifestações e bloqueios de estradas para exigir que o governo de Laurentino Cortizo intervenha e reduza os preços dos combustíveis, dos alimentos e de remédios. Eles também exigem a adoção de medidas contra a corrupção.
Com 4,2 milhões de habitantes, o Panamá vive uma das maiores crises sociais desde a queda da ditadura militar do general Manuel Antonio Noriega, em 1989, após a invasão americana.
A insatisfação popular se dá em um cenário com 4,2% de inflação em maio, em termos interanuais; desemprego em torno dos 10%; e um aumento do preço dos combustíveis que, desde o início do ano, chegou a 47%.
AFP e Correio do Povo
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