Entenda a importância de gerenciar as contas domésticas e estabelecer de forma consciente o destino do dinheiro
O ano de 2021 terminou com um número recorde de famílias endividadas. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que em dezembro aproximadamente sete em cada dez famílias brasileiras tinham algum tipo de dívida.
Vale ressaltar que o endividamento se refere a compras realizadas de forma parcelada, o que inclui cartão de crédito e financiamentos. A situação passa a ser um problema quando esses compromissos não são pagos em dia e se transformam em inadimplência. O índice de famílias inadimplentes em 2021 foi de 26,2%; já aquelas que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas somam 10,5%.
Todos esses números mostram que os lares brasileiros estão com dificuldade de fechar a conta no azul no final do mês e as justificativas para esse cenário são inúmeras, inclusive a falta de organização do orçamento doméstico. Apesar do termo parecer complexo, trata-se apenas de entender de forma clara os ganhos e definir de forma consciente com o que a renda será usada ao longo do mês.
Raio X financeiro
De que forma uma família pode começar a organizar as finanças? “Como não temos certeza exata dos nossos ganhos, já que tudo pode mudar, temos que planejar e colocar tudo no papel”, destaca Alexandre Celani, orientador financeiro. Ele dá um exemplo prático: “as despesas familiares não podem envolver o total do ganho. As pessoas muitas vezes recebem R$ 2 mil e se programam para gastar R$ 2,5 mil, mas não têm capacidade de pagar esse montante. Sendo assim, é necessário se programar para gastar menos ou então ampliar a capacidade de ganhos”.
Detalhar as despesas ajuda a entender para onde o dinheiro vai e qual despesa tem consumido mais recursos.
“Eu consigo dimensionar o caminho do dinheiro quando as informações estão no papel e olho para elas. E mais: depois de pagar as prioridades, as decisões sobre gastos precisam ser definidas em família”, diz.
O papel da família
A união dos membros da família na hora de definir o orçamento doméstico é essencial para que todos alinhem suas expectativas. Temas como redução da renda, corte de gastos e dívidas não podem ser um tabu e precisam ser discutidos de forma objetiva. “Não adianta querer liquidar todas as dívidas de uma vez. Por isso, em família, é preciso definir as prioridades e escolher com qual começar. Escolha uma por vez, por exemplo. Caso a capacidade de pagamento aumente nesse meio-tempo, aumente também a capacidade de efetuar os pagamentos”, explica Celani.
Além do essencial e das dívidas, é preciso considerar os desejos de consumo ou necessidades de cada membro da família. “Não podemos esquecer que não vivemos apenas do básico e que existem outros aspectos como a vida social, o lazer, etc. Assim, vale a pena destinar parte dos ganhos para outras atividades”, comenta.
Fuja das armadilhas
Ao longo da pandemia, muitas empresas investiram pesado na divulgação digital. Por meio de propagandas nas redes sociais, elas têm seduzido consumidores que, no calor da emoção, se deixam levar e fazem a compra on-line. “A internet traz facilitadores de compras, como parcelamento, descontos e preços diferentes. Por outro lado, a própria população gosta de fazer postagens e mostrar que consumiu aquele produto de determinada empresa, o que gera expectativa em quem está ao redor”, diz Celani. Segundo ele, a necessidade de acompanhar as tendências, somada à facilidade da compra digital, resulta em aquisições por impulso, que podem se transformar em dívidas.
A essência da organização
A organização foi ensinada por Deus desde a Criação, já que Ele deu ordem ao caos e estabeleceu divisões e regras para o funcionamento da Terra e do ser humano. Assim, a organização dentro de casa também reflete a essência do Criador e O agrada.
Agora imagine uma pessoa que tem dívidas com todos ao seu redor, vive dando desculpas e sempre está enrolada com o banco, com amigos e vizinhos. Qual mensagem ela está passando? Com certeza não é a ensinada por Deus.
Inclusive o Próprio Senhor Jesus, quando passou pela Terra, afirmou: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar”. (Lucas 14.28-30).
Portanto não tenha medo de encarar sua realidade financeira; enfrente-a e reconheça que a organização é capaz de produzir também prosperidade.
Cinthia Cardoso / Foto: getty images / Arte: Eder Santos
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