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sexta-feira, 15 de abril de 2022

Conferência de Gênova tem a difícil tarefa de preparar Europa para a reconstrução após a Guerra - História virtual

 Não houve edição do Correio do Povo no dia 15 de abril de 1922



A conferencia de Genova - Durante quatro annos, a Europa, empenhada numa obra feroz de destruição, acumulou ruinas sobre ruinas, semeando por sobre a desolação dos destroços materiaes, o pavor ainda maior das devastações moraes. O furor de aniquilamento assumiu proporções tanto mais graves e produziu consequencias tanto mais fundas, quanto é certo que se erigira a violencia maxima em principio de humanidade, firmando-se como meio fundamental que o excesso de horror seria a garantia do mais rapido desenlace e, consequentemente, da mais prompta terminação do proprio horror. Mesmo depois que o armisticio de 1918 trouxe as primeiras esperanças de paz, a guerra continuou a accender, num e noutro ponto da Europa ou do Oriente, as suas labaredas. E agora mesmo, quando ainda se defrontam dous exercitos inimigos na Asia Menor e outros se mantem em permanente alerta, não se póde affirmar, com segurança, que a obra de destruição esteja terminada. Como admirar-se, assim, de que tanto tarde a tarefa ingente da reconstrucção? O mais rudimentar bom senso, as mais elementares noções das cousas deste mundo ensinam que é incomparavelmente mais facil destruir que construir e que é possivel aniquilar numa hora ou num momento o que se levou annos a edificar. A propria guerra é toda ella uma demonstração dessa eterna verdade, no terreno material, como no moral. Porque suprehender-se, pois, de que a reconstrucção tão lentamente se esboça, apenas, quando tanto durou a furia do arrasamento? Mas ha mais: não é possivel iniciar a reedificação sem primeiro limpar o terreno dos destroços que sobre elle amontoou o desmoronamento. Ora, essa limpeza não se fez. E o objectivo da conferencia de Genova é, precisamente, leval-a a cabo, para que seja possivel, depois, sobre o solo desbravado, iniciar a restauração. Ella não quer saber dos destroços moraes. Estes encobrem dores tão profundas que até hoje não se conseguiu apontar, para minoral-as, outro remedio sinão a anesthesia do tempo. Limita, pois, a conferencia que está reunida na cidade que foi outrora “La Superba”e que revive agora, na febril actividade de seu porto, sinão o poderio, alguma cousa do imenso prestigio de outrora, limita a conferencia, a sua tarefa, e a reparação das ruinas economicas. Assim, a conclusão a que se deve chegar é que a tarefa que a conferencia de Genova tem diante de si, não é obra facil; é pelo contrario, summamente complexa e difficil. e, como tal, ella não póde ser resolvida, apenas, pelo sentimento, mas exige, tambem, que na solução entre a razão em alta dose. A conclusão parecerá pessima; contrariará, talvez, um sentimentalismo que tem vindo ganhando demasiado terreno nestes ultimos tempos. Mas tem por si a logica e a razão que não podem admittir que em menos de quatro annos - e sob certos aspectos não se o conseguirá talvez nunca mais - se possa restabelecer um estado de cousas que se levou quatro annos a destruir, a subverter desde os mais profundos alicerces. Esse pessimismo, é menos desumano que a alimentação de esperanças.

Matéria publicada na edição de 9/4/1922. 

A grafia da época está preservada nos textos acima

CRONOLOGIA

O dia 15 de abril na história

1906 - Primeiro Congresso Operário Brasileiro, no Rio de Janeiro, com 50 delegados de maioria anarquista. 
1939 - Nasce a atriz Cláudia Cardinale.
1955 - Primeira loja do McDonald’s é inaugurada nos EUA. 
1980 - Morre o escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre.
1990 - Morre a atriz sueca Greta Garbo. 

Correio do Povo

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