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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Sete últimos anos foram os mais quentes já registrados, aponta órgão global de meteorologia

 


As médias globais de temperatura da superfície da terra indicam que o ano de 2021 caminha para ser o quinto mais quente já registrado na história, mesmo sob influência do efeito La Niña, que resfria as águas do pacífico. Segundo novo levantamento da Organização Meteorológica Mundial (OMM), esse resultado faz com que os sete últimos anos passem a ser os sete mais quentes já registrados na história.

Os dados estão em uma versão preliminar do relatório “State of The Global Climate 2021”, que a entidade divulgou antecipadamente neste ano para ajudar a pautar discussões na COP-26, a conferência do clima de Glasgow que começou no domingo (31).

O documento reúne uma série de dados coletados por cientistas e centros meteorológicos e oceanográficos de todo o planeta resumindo o estado atual do planeta sob efeito da mudança climática.

O panorama, diz a OMM, está em linha com o que vinha sendo previsto pelo IPCC, o painel de cientistas do clima da ONU, para as consequências do aquecimento global impulsionado pela concentração de gases de efeito estufa no planeta.

“A temperatura média global em 2021, de janeiro a setembro, esteve cerca de 1,08°C acima da média pré industrial de 1850 a 1900 e o ano deve ser o quinto, sexto ou sétimo mais quente já registrado”, afirmou o relatório, com a ressalva de que os últimos três meses ainda não estão na análise.

“O ano de 2021 é mais frio do que outros anos recentes por causa da influência de um La Niña moderado no começo do ano”, afirmaram os autores do trabalho, destacando que este período foi bastante quente para um ano que registrou esse fenômeno, que se contrapõe ao El Niño, o aquecimento das águas de superfície do Pacífico.

“O último La Niña significativo foi em 2011. O ano de 2021 é algo entre 0,18°C ou 0,26°C mais quente que 2011”, completam. O recorde de ano mais quente da história ainda está com 2016.

Diferenças de graus ou décimos de grau podem parecer irrelevantes no dia a dia, mas na média da temperatura global são cruciais. Todo o esforço empregado na implementação do Acordo de Paris para cortes nas emissões de CO2 tem o objetivo de impedir um aquecimento global médio de 1,5°C ou 2,0°C, onde alterações drásticas ganham terreno.

O relatório da OMM, porém, é categórico em mostrar que as consequências da mudança climática já são visíveis hoje. O documento desfia uma série de eventes climáticos extremos em seu texto, particularmente ondas de calor no Hemisfério Norte.

Recordes foram registrados em termômetros ao ar livre nas cidades de Lytton, no Canada (49,6°C), no Vale da Morte, na Califórnia (54,4°C), na ilha italiana da Sicília (48,8°C). Segundo o relatório, ainda não há uma contagem oficial de vítimas, mas o calor por si só causou “centenas” de mortes no planeta em 2021.

Hemisfério sul

A América do Sul e o restante do hemisfério foram menos castigado por ondas de calor, mas registraram preocupantes extremos de chuvas e secas.

“O rio Negro, em Manaus (Brasil) atingiu seu maior nível já registrado, atingindo 30,02 metros de altitude em 20 de junho”, destaca o relatório, detalhando perdas de agricultura na região, incluindo na cafeicultura do Brasil.

“Baixos níveis nos rios também reduziram a produção de hidrelétricas e perturbaram o transporte flucial. O governo Brasileiro chegou a declarar situação crítica.”

Em um comunicado de imprensa que acompanhou o relatório, Petteri Talas, secretário-geral da OMM, destacou outros problemas, como níveis recordes de derretimento de geleiras, acidez do mar por causa da absorção de CO2 e furacões no Atlântico Norte.

“O espaço para ceticismo se esgotou”, afirmou o cientista, destacando que o relatório tem um capítulo específico sobre estudos de “atribuição”. Nesses trabalhos é avaliada a probabilidade de que eventos particulares, como um dado furacão ou uma onda de calor num lugar específico, possam ser atribuídos ao aquecimento global antropogênico.

“Existe um acúmulo de evidência científica de que alguns desses eventos tem a impressão digital da mudança climática induzida por humanos”, afirmou.

O Sul

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