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terça-feira, 4 de maio de 2021

Dólar reduz ritmo de queda, mas ainda fecha primeiro pregão de maio em baixa

 Moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,41


O dólar começou maio em queda ante o real, embora tenha diminuído o ritmo na reta final dos negócios, um dia antes do início dos depoimentos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A perda ao longo do dia foi sustentada pelo recuo da moeda norte-americana no mercado internacional, após indicadores mistos da atividade dos Estados Unidos divulgados nesta segunda-feira, 3. O noticiário local ajudou a retirar pressão do câmbio, com as exportações recordes em abril, além da perspectiva de um Comitê de Política Monetária (Copom) mais duro esta semana, sinalizando juros mais altos pela frente e ainda mais captações de empresas, o que deve ajudar a melhorar o fluxo cambial.

Após cair a R$ 5,37 na mínima do dia, o dólar à vista terminou o primeiro pregão do mês em queda de 0,24%, a R$ 5,4188. No mercado futuro, o dólar para junho, o contrato mais líquido, tinha leve queda de 0,02% às 17h35, em R$ 5,4505.

A reunião do Copom, que começa na terça, é o evento de curto prazo que pode dar novo fôlego ao real, avaliam os estrategistas do Citi em Nova York, Alvaro Mollica e Dirk Willer, em relatório a investidores. A aprovação do Orçamento de 2021 levou a uma redução do forte pessimismo com o Brasil entre investidores e o real ganhou força. Agora, a moeda brasileira pode corrigir parte da distorção em relação a outras moedas emergentes, ou mesmo anular este comportamento pior.

Os estrategistas do Citi comentam que, em conversas com investidores, a visão é que o BC deve manter no comunicado da reunião a expressão adotada em março, de "ajuste parcial", mas ao mesmo tempo pode sinalizar nova alta de 0,75 ponto na Selic em junho, o que tende a ajudar o real. "Em relação a moedas de emergentes, acreditados que grande parte do caminho de desempenho pior do real pode ter ficado para trás."

O JPMorgan espera que a expressão "ajuste parcial" seja retirada pelo BC do comunicado, com sinalização de nova elevação de 0,50 ponto em junho. Mas o banco americano não descarta que o Copom aponte mais uma alta de 0,75 ponto.

A expectativa pelo Copom aliado a notícias positivas sobre vacinação, incluindo a sinalização do governo na sexta-feira que está prestes a assinar a compra de mais 100 milhões de doses da Pfizer, e o superávit comercial do Brasil, de US$ 10,3 bilhões no mês passado, contribuíram para retirar pressão do câmbio nesta segunda-feira, comentam profissionais das mesas. Em abril, as exportações brasileiras tiveram o maior nível para o mês da série histórica, ajudadas pela alta dos preços das commodities.

Após a aprovação do Orçamento e com menos ruídos por enquanto em Brasília, os estrategistas do Citi destacam que os investidores voltaram a se ater aos indicadores. E no Brasil o que chama atenção atualmente é a melhora da balança comercial, por conta da alta das commodities. Ao mesmo tempo, a CPI da covid, que terá esta semana depoimento de ex-ministros da saúde, ajuda a gerar certa cautela, ressalta um gestor.

Juros

Os juros fecharam a segunda-feira em alta, descolados do bom comportamento do câmbio e da queda no rendimento dos Treasuries. As apostas de aperto da Selic na quarta-feira seguem, com folga, concentradas em aumento de 0,75 ponto porcentual, mas há muitas dúvidas sobre o plano de voo do Banco Central, que, espera-se, sejam reduzidas no comunicado. Por isso, as taxas intermediárias foram as que mais avançaram.

Além disso, segundo relatos, o dia teve movimento forte de desmonte de posições em Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) no mercado secundário, o que pode explicar a piora nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) esta tarde.

Para a semana, além da expectativa com o Copom, as atenções também estão voltadas a Brasília, pois, na terça-feira, deve ser lido na Comissão Mista o relatório da reforma tributária do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Ainda, o mercado aguarda os depoimentos de ex-ministros na CPI da Covid no Senado.

As principais taxas encerraram a sessão regular nas máximas. A do contrato de DI para janeiro de 2022, o mais negociado, fechou em 4,735%, de 4,667% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 6,284% para 6,410%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 7,86% (7,766% no ajuste anterior) e o DI para janeiro de 2027 subiu de 8,414% para 8,50%.

As máximas foram alcançadas à tarde, aparentemente sem nenhum gatilho que pudesse explicar o aumento da pressão, que não se via nem no câmbio, nem nos Treasuries nem no Ibovespa. Alguns profissionais observam que o movimento coincidiu com a zeragem de posições em NTN-B, que pode ter atingido as taxas na B3. "Teve bastante venda de B22 hoje", afirmou o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier. "Se o BC 'vem forte', a inflação implícita pode reduzir mais", explicou, referindo-se ao Copom esta semana.

Dado o discurso firme do BC em torno de nova alta de 0,75 ponto em maio, o mercado acredita que um recado mais duro pode vir do comunicado sinalizando para os encontros seguintes, dado que expectativas de inflação estão se desgarrando das metas. Depois do Itaú Unibanco afirmar na sexta-feira que conta com a retirada do termo "parcial" que vinha caracterizando as menções ao processo de normalização da taxa básica, nesta segunda-feira o JPMorgan foi na mesma linha.

"O BC tem de ser realista no statement, vai vir uma comunicação mais hawkish", disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.

Para ele, no entanto, se a taxa fosse elevada até o chamado nível neutro, ou seja, se houver a recomposição total, teria de haver um choque de juros. "Seria até pouco inteligente por parte do BC ter desestimulado o mercado a apostar em 1 ponto", afirmou.


Agência Estado e Correio do Povo

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