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terça-feira, 4 de maio de 2021

CPI apura chantagens e produtos para intubação que custam até 3.654% mais caro

 Depoimentos apontaram abusos de preços e indicaram até chantagens na venda de itens para o combate à doença



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos aumentos dos preços dos medicamentos e insumos utilizados no combate à Covid-19, da Assembleia Legislativa, realizou a quinta reunião, nesta segunda-feira. Foram ouvidos como testemunhas o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, o diretor do Hospital Porto Alegre (HPA), Jairo Dacás, e o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Emanuel “Maneco” Hassen.

Sem dar nomes de fornecedores específicos, Hassen denunciou chantagens que prefeituras pelo Estado sofrem se não comprarem os medicamentos mesmo com valores exorbitantes. “Eles dizem ‘se vocês não quiserem por esse preço, vendo para outro município e vocês ficam sem o remédio’”, afirmou o presidente da Famurs. Para ele, prefeitos e governador do RS trabalharam do que jeito que puderam durante a pandemia, ao contrário do que ocorreu em âmbito nacional. “Houve falta de planejamento e organização do governo federal, que não se preparou e não deu importância a temas relacionados à pandemia. Deixou para fazer coisas no limite, aos 45 minutos do segundo tempo. Só se mexeram quando as pessoas estavam amarradas às camas”, opinou.

Segundo Jairo Dacás, alguns medicamentos tiveram aumentos, em período de dois meses, inaceitáveis. “O sedativo Midazolan, por exemplo, teve uma alta de 1580%. Já o preço do Fetanil, utilizado no combate a dores intensas, sofreu um aumento de 3654%, no período”, confirmou. Operando com um estoque suficiente para sete dias apenas, o Hospital Porto Alegre tem como prioridade, conforme o diretor, a compra de insumos farmacológicos.  “Preferimos atrasar salários do que não comprar medicamentos. A folha de fevereiro está em aberto em 20%”, revela o diretor. “Poderia ter aumento no custo, mas não tão excessiva como vimos, ainda mais se tratando de uma pandemia, quando todos deveriam dar as mãos”, lamenta Dacás.

Em junho de 2020 já se alertava para a falta de medicação em kits de intubação. O presidente do Simers lembrou o histórico da doença e de que o RS é o décimo estado em mortalidade proporcional. “Não vislumbro, no momento, qualquer possibilidade de desaparecimento da Covid-19 por completo. Acredito que a doença adquirirá caráter endêmico, ou seja, incidirá em determinada população ou região”. Matias também não descarta uma terceira, quarta ou até mesmo quinta onda da doença. Por isso, defende que a sociedade esteja preparada e que considere a formação de estoque de insumos, atualização anual das vacinas e a produção de Equipamentos de Produção Individual (EPIs) no Estado.

A comissão é presidida pelo deputado Thiago Duarte (DEM), que avalia os trabalhos. “A cada avanço que fazemos, são mais estarrecedores os dados que observamos”. A CPI deverá ouvir representantes do setor público e privado e da indústria farmacêutica para apurar as razões do aumento exorbitante dos medicamentos. O prazo de atuação é de 120 dias, prorrogáveis por mais 60.

Correio do Povo


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