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quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Inflação tem maior alta para novembro desde 2015

  por Diego Garcia

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Preços de alimentos e combustíveis continuam a pressionar indicador, diz IBGE

A inflação oficial, medida pelo IPCA, registrou alta de 0,89% em novembro em relação ao mês anterior, divulgou nesta terça-feira (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O aumento foi puxado mais uma vez pelos alimentos e combustíveis.

 

No acumulado do ano, a inflação está em 3,13% e, em 12 meses, em 4,31% —acima do centro da meta estipulada para 2020, de 4%.

A meta de inflação é fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) e tem intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, podendo ficar entre 2,5% e 5,5%.

O índice veio acima do que os especialistas de mercado ouvidos pela Bloomberg projetavam, na casa dos 0,78% em novembro, com 4,20% em 12 meses.

De acordo com Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE, esse acumulado de 4,31% ainda ainda reflete a forte alta de preços de dezembro do ano passado por causa da cotação das carnes.  
"Vamos ter que esperar para ver como vai ser o comportamento de dezembro deste ano”, disse.

Ele ainda afirmou que o cenário de novembro é parecido com o que tem sido visto nos últimos meses, em que o grupo de alimentos e bebidas segue impactando o resultado.

"Dentro desse grupo, os componentes que mais têm pressionado são as carnes, que nesse mês tiveram uma alta de mais de 6%, a batata-inglesa, que subiu quase 30%, e o tomate, com alta de 18,45%”, afirmou. 

Mais uma vez, produtos importantes na cesta das famílias tiveram alta, como o arroz (6,28%) e o óleo de soja (9,24%). A variação no grupo de alimentos e bebidas foi de 2,54%. Também houve aumenta no preço da cerveja (1,33%), assim como do refrigerante e da água mineral (1,05%).

O gerente da pesquisa explicou que alta no preço dos alimentos reflete o aumento da demanda, ainda sustentada pelos auxílios concedidos pelo governo, e também pela restrição de ofertas no mercado doméstico de vários produtos. No ambiente de câmbio mais alto, há estimula às exportações e retração na oferta no mercado interno.

 

Julia Passabom, economista do Itaú, ressaltou que o comportamento dos preços foi bem acima do esperado, especialmente de produtos alimentícios.

"Em relação às projeções, a surpresa foi concentrada em alimentos em domicílio e itens de proteínas, carne, frango, porco, que vieram bem acima do que imaginamos", disse Passabom.

Ela explicou que os preços dos alimentos são voláteis, sendo influenciados por fatores como depreciação cambial nas commodities agrícolas e alta na demanda, principalmente porque as pessoas estão ficando mais tempo em casa. Esse componente na pressão sobre os preços, porém, tende a diminuir com o tempo.

"Olhando a coleta [dados] no atacado, de produtos como milho, soja, carne bovina, já há um movimento de desaceleração", afirmou.

Em outubro, quando o IBGE passou a fazer o cálculo com base na nova POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), os alimentos retomaram o posto de principal componente do índice de inflação, que havia sido perdido para os transportes no início do ano.

Em novembro, o grupo de transportes registrou alta de 1,33%, segunda maior influência do índice, impulsionado pelo aumento no preço da gasolina (1,64%). Foi a sexta alta consecutiva do combustível. O etanol subiu 9,23%.

De acordo com o IBGE, os grupos de alimentos e bebidas e transportes representaram 89% do IPCA de novembro. A alta nos preços atingiu todas as 16 regiões pesquisadas. Goiânia (1,41%) teve o registro mais intenso, enquanto o menor foi registrado em Brasília (0,35%).

Julia Passabom analisou que a inflação de 2021 vai ser influenciada pela dinâmica de preços em dezembro de 2020, uma vez que se vê reajustes de passagens aéreas, a aplicação da bandeira vermelha 2 na conta de luz e demanda mais intensa por alimentos.

"Vamos terminar o ano com a inflação pressionada, vai ser um cenário desafiador", disse a economista.

A expectativa é que, após o final do primeiro trimestre do ano que vem, uma parte do choque dos preços de natureza temporária, como é o de alimentos, ou mesmo com o setor de serviços acelerando e a economia reabrindo, repique inflacionário perderá força.

Fonte: Folha Online - 08/12/2020 e SOS consumidor

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