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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Em Berlim, Salles questiona contribuição humana na mudança climática

Ministro está em viagem pela Europa

Busca melhorar imagem do Brasil

Em viagem para tentar melhorar imagem ambiental do Brasil, ministro volta a ser alvo de protesto na capital alemãSérgio Lima/Poder360 - 15.jan.2019

DEUTSCHE WELLE
02.out.2019 (quarta-feira) - 7h26

Em sua viagem pela Europa para defender a política ambiental brasileira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionou o impacto da contribuição humana na mudança climática em entrevista ao jornal conservador alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

Nesta 3ª feira (1º.out.2019), Salles cumpre seu 2º dia de agenda em Berlim. Segundo declarou em um vídeo no Twitter, o giro europeu tem como objetivo “desmistificar” um “sensacionalismo” de informações que “não são corretas” sobre a situação ambiental brasileira.

A etapa alemã da viagem segue uma agenda que não vem sendo divulgada publicamente pelo Ministério do Meio Ambiente brasileiro. Parte da programação inclui entrevistas e encontros com autoridades. Na 2ª feira, uma reunião com representantes de grandes empresas alemãs, incluindo as gigantes do setor químico Bayer e Basf, foi alvo de protestos organizados pelo Greenpeace, que havia vazado a realização do encontro.

Na entrevista ao FAZ, Salles foi questionado pelos jornalistas sobre o impacto da ação humana nas mudanças climáticas. O brasileiro afirmou acreditar que o “comportamento humano tem um impacto no clima”, mas que “ainda é preciso questionar quão grande é a contribuição humana” para a mudança climática. “Ainda temos que averiguar isso”, disse.

Os jornalistas do FAZ perguntaram então a Salles se ele acredita que a participação humana nas alterações climáticas é “grande” ou “pequena”. O ministro respondeu: “Não posso responder isso. Não sou nenhum cientista.”

Porém, segundo a Agência Federal para o Meio Ambiente – principal autoridade ambiental da Alemanha –, a maioria dos cientistas que estudam as mudanças climáticas aponta que, sim, a contribuição humana não é apenas grande, como dominante entre as causas das alterações do clima. De acordo com a agência, estudos indicam que os humanos são os principais agentes causadores das alterações que foram registradas desde a metade do século 20.

Já o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas, referência sobre o tema, afirma que é 95% certo que os humanos causaram mais da metade do aumento de temperatura registrado entre 1951 e 2010.

A Agência Espacial Americana (Nasa), por sua vez, aponta que 97% dos cientistas que regularmente publicam estudos sobre mudanças climáticas indicam que elas ocorrem por causa da ação humana.

O governo alemão não questiona esses dados. Em junho, a ministra do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, Svenja Schulze, disse: “Não temos nenhum problema de desconhecimento sobre a proteção do clima. Cientistas do mundo todo comprovam a mudança climática provocada pelos humanos.”

COMBATE AO DESMATAMENTO E ATRITOS COM A ALEMANHA

Ainda na mesma entrevista, Salles disse que o Brasil conta com “uma boa rede legal para a proteção do meio ambiente” e voltou a rebater a afirmação de que a Amazônia é “o pulmão do mundo”. “Já foi provado que esse conceito é incorreto”, disse o ministro, argumentando que a “Amazônia produz a mesma quantidade de oxigênio que consome”.

O ministro, no entanto, admitiu, diante dos questionamentos dos jornalistas, que a Amazônia tem um papel importante na absorção de CO2. “É claro que sabemos da importância da floresta.”

“O Brasil está desempenhando um trabalho muito bom na luta contra a mudança climática. Nós temos como base a energia renovável, reduzir o desmatamento na Amazônia e promover o reflorestamento. Nossa contribuição nacional é provavelmente a mais ambiciosa do mundo”, afirmou.

O ministro ainda foi questionado sobre a possibilidade de o acordo entre a União Europeia e o Mercosul não ser ratificado. Desde o início da crise do desmatamento e queimadas na Amazônia, em agosto, diversos países europeus, entre eles a França e a Irlanda, sinalizaram que não devem ratificar o acordo por causa da política ambiental do governo Bolsonaro. A Áustria foi mais longe, e seu Parlamento aprovou uma moção para obrigar o governo federal a vetar o pacto.

Para Salles, rejeitar o acordo e renunciar às oportunidades de investimentos no Brasil teria “o efeito oposto” na Amazônia. “O acordo oferece grandes oportunidades econômicas. […] As maiores ameaças à proteção da natureza no Brasil estão ligadas à pobreza e à falta de desenvolvimento”, disse o ministro.

Nesse ponto, a posição de Salles não é muito diferente da abordagem do governo alemão. Os ministros da chanceler federal, Angela Merkel, já entraram em atrito com o governo brasileiro sobre o desmatamento no Brasil e a gestão do Fundo Amazônia, mas a posição oficial do governo alemão tem sido de continuar a apoiar o acordo com o Mercosul.

No fim de agosto, um porta-voz da chancelaria alemã afirmou que “a não ratificação do acordo com o Mercosul não contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazônia”, acrescentando que o pacto possui um “ambicioso capítulo de sustentabilidade com regulamentos vinculativos para a proteção climática”.

ENCONTROS COM AUTORIDADES

Na tarde desta 3ª feira, Salles tinha um encontro marcado com sua equivalente alemã, a ministra Svenja Schulze, ministra do Meio Ambiente. Mais cedo, ele se encontrou com o ministro Gerd Müller, da pasta para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha.

Em frente à sede da pasta de Müller, na região central de Berlim, três dezenas de manifestantes do Greenpeace voltaram a protestar contra a presença de Salles na Alemanha, como já havia ocorrido na 2ª feira. Eles estenderam uma faixa com a frase “Não destruam a Amazônia”.

Segundo o porta-voz do ato, Jannes Stoppel, o protesto não tinha apenas Salles como alvo, mas também o governo alemão. “O ministro Müller se vangloriou sobre a proteção de florestas na semana passada durante a Cúpula do Clima da ONU, mas ele também apoia a ratificação do acordo com o Mercosul, e consequentemente a pecuária do Brasil e a destruição da Amazônia.”


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