Quantidade de plásticos que chega aos mares e fontes de água doce é assustadora

Pesquisas recentes detectaram microplástico na água de torneira e naquela engarrafada

Quantidade de plásticos que chega aos mares e fontes de água doce é assustadora  | Foto: Fabio Lameiro / Divulgação / CP

Quantidade de plásticos que chega aos mares e fontes de água doce é assustadora | Foto: Fabio Lameiro / Divulgação / CP



A escalada da poluição nos oceanos

A indústria é um dos grandes acontecimentos da história, mas é a partir do século XIX que passa a deixar uma triste marca, quando os combustíveis fósseis e a queima de gases ganham força. E ninguém poderia imaginar que aquela grande poluição que já comprometia a pureza do ar chegaria mais tarde também ao mar.
A mesma indústria que poluiu no passado se modernizou, reduziu queimas, providenciou filtros e apostou em energias limpas para produzir, mas criou o plástico. O consumidor gostou e hoje usa tanto que não há reciclagem que dê conta. Em consequência, o mar de mil tons de azul do Caribe, por exemplo, tem ilhas de lixo em diversos pontos nas áreas mais distantes da costa. E a pior parte da história está por vir. O plástico que boia em peças grandes, médias ou pequenas é engolido por animais marinhos, o que por si só é uma tragédia, mas há ainda o microplástico, partícula mínima e invisível que não se consegue mais juntar ou retirar das águas.
O assunto já traz tanta preocupação que estará em debate nas celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente, em junho, na Índia. O encontro internacional terá como tema “Acabe com a poluição plástica”. E, na última quinta-feira, foi publicado um artigo na revista Scientific Reports mostrando o estudo de uma equipe de cientistas internacionais que mediu a Grande Mancha de Lixo do Pacífico, mais conhecida como a Ilha de Lixo do Pacífico. Estima-se agora que esta “ilha” de plástico tenha 1,6 milhão de quilômetros quadrados, o que equivale a mais de 17 vezes o tamanho de Portugal continental, dos Açores e Madeira. Há cerca de 80 mil toneladas de plástico flutuando nessa ilha, um valor cerca de 16 vezes mais elevado do que se pensava.
Se o plástico já é um poluidor agressivo nos mares, o microplástico piora a situação. Está presente no glitter que se usa no Carnaval, nos cremes esfoliantes e em uma infinidade de outros itens que contêm o ingrediente, cremes dentais inclusive. E pesquisas já mostram que esse mesmo microplástico pode chegar às torneiras. Empresas de abastecimento de água conseguem reter, no processo de tratamento, elementos como bactérias, porque elas são maiores que 50 micrômetros, tamanho médio da abertura existente nos filtros. A grande dificuldade é que o microplástico é menor que essa medida e, portanto, pode estar presente na água tratada, conforme já indicaram algumas pesquisas científicas desenvolvidas em universidades no Brasil e no mundo.
No banho, quando se retira da pele o glitter, por exemplo, ele vai embora pelos esgotos, segue para os rios e para o mar, mas volta, porque as correntes vão fazer com que “girem” de novo por águas doces e salgadas até retornar para alguma estação de tratamento e entrar nas torneiras. Outro risco neste processo: peças grandes de plástico também se transformam em partículas micro, principalmente em áreas onde há grande concentração de rochas. De tanto baterem nas pedras os pedaços se desintegram, viram “pó” e contribuem para aumentar a quantidade de um material que nunca mais será recolhido.
A quantidade de lixo plástico existente no mundo atualmente é de assustar. O site da Organização das Nações Unidas (ONU) informa que, ao longo da última década, a humanidade produziu mais plástico do que em todo o século passado. Por ano, são consumidos entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas no planeta. A cada minuto compra-se 1 milhão de garrafas plásticas, e metade do plástico consumido pelos humanos é de uso único.
Os oceanos recebem anualmente mais de 25 milhões de toneladas de resíduos, sendo que cerca de 80% têm origem nas cidades e correspondem ao lixo que não é coletado e tem destinação inapropriada. No Brasil, 2 milhões de toneladas desses resíduos por ano chegam aos oceanos, volume equivalente a encher 7 mil campos de futebol ou 30 estádios do Maracanã da base até o topo. O restante dos resíduos que chegam aos oceanos é das indústrias marítima e pesqueira. Os dados são de estudos da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, sigla em inglês), em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Se essa situação é mais visível no Caribe, região da América Central, de uma forma ou de outra as correntes acabam espalhando esse material. O resultado pode ser visto aqui no Estado, em locais como o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em Imbé, no Litoral Norte. Seguidamente animais que consumiram plástico vão parar no setor de reabilitação do Ceclimar.
E as pesquisas sobre a presença do microplástico na água não param. A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai iniciar uma análise depois que testes feitos com 250 garrafas de água de 11 marcas líderes no mercado mundial mostraram que 93% delas tinham contaminação por microplástico. Agora, a OMS quer avaliar se ingerir partículas de plástico ao longo da vida poderia ter efeito na saúde humana.
O teste realizado na Universidade Estadual de Nova Iorque e liderado pela Orb Media, organização jornalística sem fins lucrativos, examinou garrafas compradas em nove países diferentes, de cinco continentes, e verificou uma média de dez partículas de plástico por litro

Animais marinhos são maiores vítimas

Não tem mais volta. Todo o plástico que já foi descartado no planeta não se decompõe mais. É preciso tomar uma providência e evitar ou diminuir o uso “já e agora”. O alerta é do biólogo Ignacio Benites Moreno, do Ceclimar. Em resumo, não há mais onde descartar tanta quantidade, os mares viram lixões e os animais pagam por isso. Albatrozes, pinguins, aves e tartarugas marinhas estão entre as vítimas. Comem pequenas peças e não sobrevivem. Das tartarugas que são encontradas feridas ou doentes e que ficam em recuperação no Ceclimar, 90% têm plástico no estômago, conforme observa Moreno. “Não temos a real dimensão do que vai acontecer”, assinala o biólogo, ressaltando também o microplástico, que ele acredita que no futuro poderá trazer prejuízos para a saúde humana. “Corrente sanguínea, células, não se sabe.”
Moreno lembra que o plástico no estômago dos animais começou a ser percebido na década de 90, aproximadamente entre 1996 e 1998. “Hoje é constante”, ressalta. O biólogo explica que as tartarugas, principalmente, engolem pedaços de plástico e experimentam uma sensação de saciedade porque o material faz com que acumulem gases no organismo. Como resultado, acabam não se alimentando e ficam desnutridas. “Elas não conseguem comer e chegam aqui (no Ceclimar) em estado lamentável”, relata.
Há uma pergunta que está sempre no ar. Por que os animais marinhos comem plástico? Há estudos que concluem que eles “enxergam” as peças como alimentos. A confusão que fazem, porém, não é só visual. O cheiro também engana. A Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) informa que um estudo relativamente recente, publicado em 2016, demonstra que o plástico cheira exatamente como a comida que as aves marinhas procuram. O trabalho se concentrou no grupo das aves procelariformes, onde estão o albatroz, o petrel e a pardela, aves marinhas que lembram garças, com pernas finas e bicos alongados. Essas espécies têm um olfato bem desenvolvido para o dimetilsulfureto (DMS), um composto bioquímico que libera cheiro de fitoplâncton em decomposição. Os fitoplânctons são plantas minúsculas, microscópicas, que flutuam na água e que indicam pontos onde há alimentos. O composto é um dos principais responsáveis pelo “cheiro de mar”, o que acaba induzindo o animal ao erro, principalmente as aves, que ao perceber o cheiro dão “rasantes” na superfície e numa fração de segundos já comeram o plástico sem nem perceber.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, demonstrou que depois de menos de um mês flutuando em águas marinhas os plásticos mais comuns começam a emitir DMS. O artigo publicado na revista Science Advances mostra que essas espécies são cinco vezes mais propensas a engolir plástico do que outras que não conseguem cheirar o DMS. O petrel, que é estudado na pesquisa da Universidade da Califórnia, é um dos animais marinhos lembrados por Moreno, o biólogo do Ceclimar. “Eles vêm do hemisfério norte e chegam ao nosso litoral. E 90% deles têm plástico no estômago”, registra.



Foto: Ana Lacerda / Divulgação / CP

Tartarugas

Derek Blaese de Amorim é médico veterinário e trabalha com reabilitação de animais marinhos no Ceclimar, pertencente à Ufrgs. No mar, assinala, ocorrem diversos tipos de impactos causados pelo lixo e a ingestão é um dos principais problemas. Derek relata que um levantamento que avaliou o conteúdo do trato gastrointestinal de tartatugas-verdes (Chelonia mydas) juvenis, feito no litoral do Rio Grande do Sul, mostrou que 90% delas, quando necropsiadas, tinham resíduo plástico no estômago, sendo a ingestão de lixo a principal causa de morte desses animais. Outro estudo sobre pinguins-de-magalhães, também no litoral gaúcho, fez o mesmo tipo de avaliação e detectou resíduos plásticos em 24% dos adultos e em 52% dos juvenis. Essa ave marinha é comum na América do Sul, principalmente Argentina e Chile, e as correntes fazem com que elas venham também para o Estado.
“A ingestão dos resíduos sólidos por animais marinhos tem sido documentada, mas poucos estudos quantificam os efeitos causados. Estes efeitos podem ser classificados de duas formas: letais ou subletais”, detalha Derek. Para quem não é especializado, o termo letal ou subletal traz impressões negativas de qualquer forma. Subletal, explica o veterinário, seria algo que não causaria a morte do animal diretamente, mas traria debilidade e fragilidade. A ingestão dos resíduos sólidos, ressalta, ocorre porque as tartarugas e pinguins, além de confundirem o plástico com comida, ingerem resíduos que estão junto do alimento.
Animais juvenis são mais sujeitos à ingestão de resíduos sólidos também por inexperiência quanto à seleção da comida. A expressão “juvenil” engloba os pinguins que não são mais filhotes mas que também não são adultos porque ainda não se reproduziram. Os juvenis já não dependem mais exclusivamente do cuidado dos pais, mas acabam ingerindo mais plástico pela inexperiência. Entre os itens que podem causar a morte dos animais marinhos, além das peças plásticas maiores, estão pedaços de nylon, de redes de pesca, fitas plásticas e lacres de garrafas plásticas que podem se prender em diferentes partes do corpo, como pescoço e nadadeiras. Na região de atuação do Ceclimar, acrescenta Derek, não há registro específico de mamíferos marinhos mortos por ingestão de lixo, mas a ocorrência, segundo ele, é relatada em diferentes partes do mundo.

Pesquisa investiga prejuízo à cognição

O microplástico já causa danos ao meio ambiente e à vida marinha. As partículas são usadas em cosméticos, cremes esfoliantes para rosto e corpo, e também no glitter, muito procurado para compor looks do Carnaval. É tão minúsculo que, depois que vai parar na água, não é mais possível recolhê-lo. Cientistas do mundo inteiro já estudam seus efeitos.
A bióloga Querusche Klippel Zanona desenvolve atualmente uma tese de doutorado na Neurociência da Ufrgs, usando como tema o nanoplástico, uma partícula ainda menor que o microplástico. O incentivo para a pesquisa veio depois que Querusche assistiu a documentários que apontavam os efeitos negativos da presença do plástico no planeta, principalmente no mar.
O nanoplástico foi escolhido para investigar um ponto específico: a função cognitiva dos peixes. A pesquisa buscará demonstrar se eles são afetados pelo consumo do plástico, se ficam partículas retidas no organismo e como isso influencia a cognição, ou seja, a capacidade de formar e distinguir estímulos vindos de um ambiente através dos órgãos sensoriais. A espécie escolhida para a investigação é o Paulistinha, um peixe “social e de pequeno porte”, segundo a pesquisadora. “É um animal modelo para a neurociência”, acrescenta. Os animais são observados em laboratório para a pesquisa.
A bióloga, ainda distante da conclusão do estudo, não arrisca mais detalhes, mas seu trabalho leva a pensar que, dependendo do resultado, talvez sejam possíveis respostas direcionadas também aos seres humanos quanto aos efeitos sobre a saúde. Anne Marie Mahon, do Instituto de Tecnologia Galway-Mayo, que conduziu na Irlanda um estudo semelhante, alerta que se há fibras de plástico na água da torneira da Irlanda, podem existir também nanopartículas de plástico que não se consegue medir. “Assim que estão na escala nanométrica, podem infiltrar-se nas células, o que quer dizer que podem infiltrar-se nos órgãos e isso é preocupante”, assinalou.
A bióloga Querusche lembra que o microplástico lançado no mar pode ser dividido em duas formas: primária e secundária. A forma primária está relacionada com restos de glitter e de cosméticos que vão parar na água. Já a forma secundária está ligada à fragmentação dos grandes pedaços de plástico. De tanto se quebrar, eles também acabam se transformando em minúsculas partículas e suas fibras poderiam chegar até a água encanada e tratada. Oficialmente, no entanto, é difícil comprovar, já que não há legislação obrigando empresas de abastecimento de água a realizar testes para detectar a presença. No Brasil essa análise não costuma ser feita. O Dmae também não realiza e informa que a empresa atende 102 parâmetros de potabilidade da Portaria do Ministério da Saúde e outros 46 parâmetros da Secretaria Estadual da Saúde. Sobre o tema microplásticos, ressalta a empresa “que são compostos de detecção recente, com métodos analíticos em desenvolvimento, carentes de acreditação por órgão regulamentador e que não possuem limites estabelecidos pela legislação que trata da segurança da água para consumo humano”.
Recentemente, uma pesquisa sobre microplástico na água encanada e tratada envolveu países do mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice chegou a 94% em 33 amostras examinadas, distribuídas em garrafas de 500 ml. O levantamento foi feito pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, que centralizou o trabalho de laboratório. Amostras do Brasil foram enviadas pelo jornal Folha de São Paulo, que colaborou com o trabalho ao encaminhar para análise dez garrafas de meio litro, das quais nove tinham microplástico. No total, foram recolhidas 159 amostras nos cinco continentes e em 83% delas havia a substância. Estavam também no levantamento, além de Estados Unidos e Brasil, Líbano (94% de contaminação), Equador (75%), Índia (82%), Uganda (81%) e Indonésia (76%). No continente europeu, de onde saíram 18 amostras, Reino Unido, Alemanha e França apresentavam as menores taxas, mas ainda assim 72%.

Cenários assustam quem navega

A visão do lixo no mar para quem trabalha dentro dele é estarrecedora. O pescador Admilton José da Silva Santos tem 43 anos de pesca e fez parte da tripulação de uma expedição no navio Atlântico Sul, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que reúne pesquisas como o monitoramento de animais marinhos, entre outras atividades. A prática mostra a Admilton que o problema mais grave com o lixo no mar está relacionado com a geografia. Em locais onde há rochas, por exemplo, os restos de plástico ficam ali concentrados, batendo nas pedras, se desintegrando e espalhando pedaços. Quando a costa tem só areia, compara, é mais fácil que o lixo boie e siga para as margens, o que permite que possa ser recolhido já em terra firme.
Admilton faz parte da diretoria do Sindicato dos Pescadores de Rio Grande, onde o presidente, Carlos Roberto Silva Medeiros, já viveu experiências semelhantes. Também com quatro décadas de pesca profissional, Medeiros diz que os barcos de arrasto encontram lixo ensacado descartado por grandes navios. Essas embarcações, as de arrasto, trabalham com pesca de rede, e em meio aos cardumes há todo o tipo de material. Além disso, assinala, na Barra, em Rio Grande, em direção à Querência, podem ser vistos descartes de embalagens de adubos e até de itens hospitalares. “Se der Nordestão, vem até de Porto Alegre”, observa.
É pela força dos ventos e das correntes que o plástico se concentra em determinados locais e forma verdadeiras “ilhas”. Uma equipe da BBC produziu um documentário sobre o tema. Documentaristas e biólogos que faziam parte do grupo constataram que o lixo que flutua nos mares é carregado por grandes sistemas de correntes marítimas rotativas, como grandes redemoinhos, impulsionados pelo movimento de rotação da Terra e pelos ventos. O arquipélago do Havaí está situado no meio de um desses sistemas, conhecido como Giro do Pacífico Norte.
O grupo encontrou tartarugas que faziam ninhos no meio de garrafas plásticas, isqueiros e brinquedos. E descobriu filhotes de albatrozes mortos ou à beira da morte porque os pais davam plástico a eles como alimento. As aves são vítimas da confusão que fazem principalmente por causa do cheiro do plástico, que, para o olfato delas, é semelhante a plânctons, minúsculos organismos animais e vegetais.
Especialistas do centro de Ecologia e Biologia Marinha da Universidade de Plymouth, na Grã-Bretanha, estudam o impacto de poluentes sobre oceanos e rios e sobre as criaturas que os habitam.
O cientista Richard Thompson, que trabalha no centro, foi o primeiro a descrever os minúsculos fragmentos de plástico, ou os microplásticos, já em 2004. Com o plástico disperso na natureza em pequenos fragmentos, resta saber se existe a possibilidade de que essas substâncias químicas também sejam liberadas no meio ambiente e afetem de alguma forma os seres humanos. A resposta, segundo Thompson, é que são necessárias mais pesquisas sobre o assunto.

Foto: Fábio Lameiro / Divulgação / CP

Honduras e Guatemala

Antes lembrado como paraíso, o Caribe mostra um cenário de devastação, com ilhas de lixo acumulando na superfície. Em alguns pontos a quantidade é tanta que não se vê água. Duas grandes ilhas flutuantes se formaram nos últimos anos, uma delas entre o Havaí e a costa Oeste dos Estados Unidos e a outra no Mar do Caribe, entre as costas da Guatemala e de Honduras. E foi no Caribe que a fotógrafa Caroline Power fez imagens de uma dessas ilhas de lixo, em local próximo de onde mora. Segundo noticiou o site Conexão Planeta, especializado em jornalismo ambiental, a fotógrafa mostrou os arredores da Ilha da Bahia, em Roatán, pertencente a Honduras. Ela estimou uma extensão de sujeira acumulada de mais de 8 quilômetros.
No final do ano passado, a BBC Brasil também publicou matéria sobre o acúmulo de plástico nas águas caribenhas. Informou que a ilha de lixo que flutua no  Mar do Caribe se localiza entre as costas de Honduras e Guatemala. Essa camada de objetos descartados vai parar nas praias, o que faz com que se transforme também numa fonte de tensão entre os dois países. Embora não seja um fenômeno novo, essas imagens não eram tão conhecidas do grande público, mas viralizaram a partir do trabalho da fotógrafa.
José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao país está se tornando “insustentável” não somente para o município de Omoa, um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que estão entre os principais destinos turísticos da região centro-americana.

Encontro na Índia

A ONU anunciou que o encontro pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, será realizado na Índia este ano. Com o tema #AcabeComAPoluiçãoPlástica, a iniciativa chama governos, setor privado, comunidades e indivíduos a reduzir a produção e o consumo exagerado de plásticos descartáveis, que contaminam oceanos, prejudicam a vida marinha e afetam a saúde. Ao longo da última década, a humanidade produziu mais plástico do que em todo o século passado. O material representa hoje 10% de todos os resíduos gerados pelo homem.
“A filosofia e o estilo de vida da Índia estão há muito tempo fundamentados no conceito de coexistência com a natureza. Estamos comprometidos em fazer do planeta Terra um lugar mais limpo e mais verde”, afirmou o ministro do Meio Ambiente indiano, Harsh Vardhan. Na programação há mutirões de limpeza em áreas públicas, reservas nacionais, florestas e praias. A Índia já tem uma das mais altas taxas de reciclagem do mundo e o objetivo é despertar mais interesse e mobilização. “O país demonstrou uma tremenda liderança global no que diz respeito às mudanças do clima e à necessidade de migrar para uma economia de baixo carbono. A Índia estará liderando o movimento para salvar nossos oceanos e nosso planeta”, disse o diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim.
Na América Latina e no Caribe, a capital regional para as celebrações será o Peru, um dos primeiros países a participar da campanha #MaresLimpos da ONU Meio Ambiente, que busca reduzir drasticamente a poluição plástica nos oceanos. Por aqui, a ONU Meio Ambiente Brasil participa dos debates. Campanhas para o consumo consciente de sacolas plásticas, a assinatura do Acordo Setorial de Logística Reversa de Embalagens e agora o processo de elaboração do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar são algumas das iniciativas. A ONU Meio Ambiente vê 2018 como um ano de virada. “Este ano, com as iniciativas que lideramos ou apoiamos, haverá uma mudança real na relação do Brasil com essa problemática. Cidadãos, governos e empresas perceberão que está na hora de mudar hábitos e escolhas para garantir a saúde do planeta”, afirmou a representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú.

Debate nos EUA busca reduzir impacto

A preocupação com a poluição nos mares é grande e os debates pelo mundo se multiplicam. Recentemente, na semana entre 12 e 16 de março foi apresentado em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos, o “Fórum Setorial dos Plásticos - Por Um Mar Limpo”. O objetivo foi compreender a origem da poluição dos mares e propor ações para ao menos minimizar o problema. O fórum foi apresentado na Sexta Conferência Internacional de Detritos Marinhos (6IMDC), segundo informou a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) em seu site.
O professor e pesquisador Alexander Turra foi escolhido para representar o convênio da Plastivida com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e para apresentar o trabalho que vem sendo realizado desde 2012. Naquele ano, após se tornar signatária da “Declaração Global da Indústria dos Plásticos”, movimento mundial pela preservação do ambiente marinho, a Plastivida firmou convênio com o Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP). Inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico, nacional e internacional, de artigos científicos sobre o assunto e ainda um diagnóstico e monitoramento de resíduos em praias de São Paulo, da Bahia e de Alagoas, para que se conhecesse o tamanho e as características da poluição por plástico no Brasil, além de dimensionar a contribuição do país para o problema global e detalhar a origem dos resíduos nos mares e costas brasileiras. A Plastivida é uma ONG que pretende mostrar a necessidade do uso do plástico, mas buscando o uso responsável.
Turra foi à conferência para apresentar ações concretas que o Fórum tem produzido, tanto voltadas para a educação ambiental quanto para a redução da poluição nos mares. Entre as ações de educação foi criado o “EnTenda o Lixo”, experiência na qual os visitantes participam de um processo prático de coleta de amostras de resíduos para acompanhar a observação das características e origem do material coletado.

Foto: Maria Proietti / Divulgação / CP

Mar do Rio Grande do Sul tem 9 mil pedaços por km²

Um trabalho de pesquisa realizado em Rio Grande, pela Furg, estuda o lixo plástico no mar. A professora Maira Proietti, juntamente com o professor Fábio Lameiro Rodrigues, coordena na universidade o estudo vinculado ao Projeto Lixo Marinho, do Instituto de Oceanografia. O trabalho que começou em janeiro de 2016 reúne alunos da graduação em Oceanologia e do Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica.
No mar, explica a professora, são coletados objetos com rede manta, que mostra tudo que está na primeira camada da superfície (20 centímetros) e que é maior que 0,3 milímetro. “Temos a estimativa de que ao longo da costa do Rio Grande do Sul existam mais de 9 mil pedaços de plástico por quilômetro quadrado de superfície do mar”, informa a professora, acrescentando que aí são incluídos fragmentos rígidos e flexíveis, pellets (grânulos de resinas plásticas usados na fabricação de produtos), bolinhas de isopor e pedaços de monofilamentos de materiais de pesca, como redes, linhas e cabos. A maior parte destes plásticos foi classificada como microplástico, ou seja, apresentam um diâmetro menor que cinco milímetros.
Estes resultados, assinala a professora, fazem parte da pesquisa de doutorado da aluna Ana Luzia Lacerda, do Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica.
Nas areias da Praia do Cassino, explica Maira, foi coletado lixo em quatro pontos: antigo Terminal Turístico, Estação Marinha de Aquacultura, Navio Altair e Farol do Sarita. Em um ano de coletas mensais (2016), foram retirados quase 9 mil itens de lixo apenas nestes pontos. Isso significa mais de 2 mil itens de lixo a cada quilômetro, sendo que quase 90% deles são feitos de plástico. Entre os plásticos, itens associados a usuários da praia, como filtros de cigarro, canudinhos e embalagens de alimentos e bebidas eram abundantes. Também foi encontrada grande quantidade de material de pesca, como boias, cabos, linhas e redes.
Outra observação feita pela professora é que na Praia do Cassino há lixo vindo de várias partes do mundo: Argentina, Uruguai, China, Vietnam, Malásia, Singapura e Egito. A pesquisadora ainda esclarece que na praia foi coletada uma pequena camada superficial de sedimento de cada ponto para a análise de lixos menores. Estes dados ainda estão sendo analisados, mas nos quatro pontos de coleta foram observados quase 3 mil pequenos lixos, sendo em sua maioria itens plásticos menores que cinco milímetros, ou seja, microplásticos.
No mar, o ponto que registrou maior concentração de plásticos foi próximo da costa, possivelmente, segundo a pesquisadora, pela proximidade do local com a desembocadura da Lagoa dos Patos, potencial fonte de lixo para o oceano. Na Praia do Cassino, as maiores concentrações foram observadas nos pontos com maior ocorrência de turismo, ou seja, Terminal Turístico e Estação Marinha de Aquacultura. Essas altas concentrações foram observadas durante o verão e o material era relacionado com atividades turísticas.

Em uma tartaruga, 544 peças plásticas

Entre as linhas de pesquisa desenvolvidas no Projeto Lixo Marinho, da Furg, está o que estuda a ingestão de lixo por animais marinhos. A professora Maira Proietti, uma das coordenadoras, informa que tratos gastrointestinais das cinco espécies de tartarugas marinhas foram coletados de animais encalhados mortos no Litoral Sul, da Lagoa do Peixe ao Arroio Chuí.
“Encontramos plásticos na maioria dos animais. A ocorrência da ingestão variou de acordo com a espécie, sendo que a tartaruga-verde foi a que mais ingeriu plásticos (80% dos animais). Chegamos a encontrar 544 pedaços de plástico em uma única tartaruga-verde”, detalhou a professora, reforçando as informações trazidas também por pesquisadores do Ceclimar, em Imbé. A ingestão, lembrou ela, pode ser prejudicial aos animais, ocasionando lesões e bloqueio ao trato intestinal e falsa sensação de saciedade, podendo levar até à morte da tartaruga.
Os resultados, assinala Maira, fazem parte da pesquisa de mestrado da aluna Milena Rizzi, do Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica. “Estamos avaliando também a ocorrência de plásticos nos tratos de oito espécies de peixes comercialmente explorados no Rio Grande do Sul. Este trabalho ainda está começando, sendo parte do mestrado do aluno Gabriel Barbosa, do Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica. Em todo caso, já registramos a ocorrência de fragmentos plásticos, pellets e linhas nos estômagos de alguns animais”, observa.
Além dos impactos físicos da ingestão de plásticos, ressalta a professora, há ainda um potencial impacto químico devido aos aditivos tóxicos adicionados na fabricação dos plásticos e sua capacidade de absorver poluentes da água. E o efeito dessa contaminação para os seres humanos, por exemplo, ainda não se sabe. Como o ser humano pesca e come o peixe, essa contaminação poderia se dar por essa sequência, chegando ao organismo do homem. A pesquisadora, porém, lembra que todo o trabalho desenvolvido no projeto é feito com animais mortos, diferente da situação da pesca, já que as espécies que são capturadas no mar para alimentação estão vivas.
“Não trabalhamos com animais vivos, portanto não poderia informar precisamente, mas existem registros no Centro de Recuperação de Animais Marinhos de Rio Grande, assim como no Projeto Karumbé, do Uruguai, de animais em reabilitação defecando plásticos ao longo do seu tratamento”, explicou. E são os efeitos dessa contaminação que ainda precisarão ser mais conhecidos no futuro.


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                            PERU

                            Procuradoria peruana faz operação em duas propriedades de Kuczynski

                            Série vai ser produzida em 10 episódios - Crédito: William West / AFP / CP

                            SÉRIE

                            Netflix prepara série documental sobre Fórmula 1 em 2018

                              Argentino "Zama" vence festival Cinelatino de Toulouse - Crédito: Vitrina Silva / Divulgação / CP

                              CINEMA

                              Argentino "Zama" vence festival Cinelatino de Toulouse

                                Estreia ocorre nesta quinta-feira em nível nacional - Crédito: Paris Filmes / Divulgação / CP

                                CINEMA

                                Cinebiografias ganham destaque nas telas do dos cinemas

                                  Feiras de desapego e briques são espaços para comprar objetos baratos e praticar sustentabilidade - Crédito: Ricardo Giusti

                                  MODA

                                  Brechós fazem parte da agenda cultural de Porto Alegre

                                    Vanguart foi uma das bandas que gritou " Mariele, presente!" durante show - Crédito: Divulgação / Instagram / CP

                                    MÚSICA

                                    Lollapalooza promove música eletrônica e sedia edição politizada

                                      Kerr também publicou obras de ficção científica e literatura infantil - Crédito: Alberto Estevez / Divulgação / CP

                                      Conhecido por seus romances policiais, Philip Kerr morre aos 62 anos

                                        Philipe Philippsen impressiona por sua versatilidade em transformar hits do pop e do rock  - Crédito: Bryan Carvalho / Divulgação / CP

                                        VARIEDADES

                                        Porto Verão Alegre oferece apresentação em palco aberto domingo

                                        Manifestantes pedem medidas para controlar o acesso às armas de fogo - Crédito: Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP / CPEUA

                                        Multidões tomam as ruas contra o livre acesso às armas de fogo

                                        TECNOLOGIA

                                        Especialistas debatem escândalo de dados no Facebook

                                        Vizcarra assume como presidente do Peru após saída abrupta de Kuczynzki - Crédito: Cris Bouroncle / AFP / CP VÍDEO

                                        Vizcarra assume como presidente do Peru após saída de Kuczynzki

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