Hedonismo dos políticos, banqueiros e empresários brasileiros

O conceito de hedonismo tem-se desdobrado em variantes através dos séculos. Criado, originariamente na Antiga Grécia para facultar o processo filosófico da busca do prazer, hoje se define como um comportamento do ponto de vista psiquiátrico como expressão psicopatológica, por significar apenas o gozo físico, alimentado pelo incessante desejo de poder e de posse de bens materiais, finalidade única da existência humana pautada pelo egoísmo e ganância.
A conduta do ser humano, sob a óptica hedonista é o prazer individual, cuja tendência é a busca desenfreada do que lhe agrade de imediato, em razão do atavismo rema¬nescente da posse, da dominação sobre o espécime mais fraco, (o povo) que se lhe submete servilmente, proporcionando o gozo da falsa superioridade, como ocorre com a maioria dos políticos, empresários e banqueiros brasileiros, que assim procedem por se julgarem acima da Lei.
Nesse comportamento, a ganância predomina, esta¬belecendo a meta próxima, que se converte na auto-realização pelo atendimento ao desejo de ter e poder cada vez mais que é o fator de tormento, porquanto se mani¬festa com predominância de interesse pessoal, ignorando to¬dos os demais valores éticos e morais, como sendo primordial, que depois de atendido, abre perspectivas desenfreadas a novos anseios.
A atuação dos indivíduos nesse comportamento imoral, forte¬mente vinculado a coisas essencialmente materiais os atormenta, dando surgimen¬to a patologias várias, que necessitam assistência tera¬pêutica especializada, o que é rejeitada pela maioria deles, pois não são capazes de perceber a extensão nociva de suas ações. A ânsia do prazer hedônico é tão incontro¬lável quão intérmina, conseguido um, outro surge, numa sucessão desenfreada.
Felizmente agora presenciamos ações da Justiça, da Polícia federal e do Ministério Público Federal, mesmo com alguns defeitos, desvendando e condenando algumas dessas condutas corruptas, e degeneradas protagonizadas por tais indivíduos, práticas estas que sempre sustentaram ditadores, dominadores arbi¬trários de pessoas e de grupos humanos, perseguidores implacáveis dos seus opositores. Portanto o contraditório (o Lava jato) causa-lhes s frustrações e lhes impõem responsabilidade e alteração de conduta, dando origem à tentativa desvairada de permanecer infinitamente nos mesmos procedimentos. A realidade, no entanto, surge mais decepcio¬nante, que lhes produz, às vezes, estados depressivos de verborragia mentirosa ou de violência, que irrompem de forma sutil ou explicita. ¬
Assim no subconsciente dos presos, indiciados ou condenados, está a prática hedonista, impositiva, egoística, sem ne¬nhuma abertura para o conjunto social, para a comuni¬dade ou para si mesmo através das expressões de doação, de reconhecimento e bondade, que poderiam ser valores de alto conteúdo terapêutico. O hedonista vê-se apenas a si mesmo, aturdindo-se na insatisfação desenfreada que acompanha o prazer, porquanto jamais se torna pleno.
Por outro lado quando a consciência do dever estabelece os para¬digmas da autoconquista, o prazer se transfere de sig¬nificado, adquirindo outro sentido, que é de legitimidade para a harmonia do ser psicológico, exteriorizan¬do-se em serviço ao próximo com realizações perenes. Arrebentam-se as amarras do ego e abre as asas para o ser ético e o cidadão consciente de seus deveres
O prazer de ajudar transforma o indivíduo em um ser progressista, idealista, que se realiza mediante a construção da felicidade em outrem, sem qualquer for¬ma de fuga da sua própria realidade.
que vão sen¬do descobertos, contribuindo para o auto-encontro, para o significado existencial.
A busca do prazer, portanto, é parte essencial dos desafios psicológicos existenciais, desde que seja dire¬cionada para aqueles que propõem libertação, conquista de paz, realização interior, portanto o
altruísmo é o antídoto, a terapia mais valiosa para a superação do estágio hedonista da evolução do ser humano.

Plínio P. Carvalho

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