Inflação para o consumidor desacelera na terceira semana de julho

(Foto: Reprodução)(Foto: Reprodução)

25 DE JULHO DE 2016 9:55

O IPC-S (Índice de Preços para o Consumidor – Semanal) apresentou variação de 0,36% na terceira semana deste mês, 0,05 ponto percentual abaixo da taxa registrada na última apuração. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (25) pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Nesta apuração, quatro das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição partiu do grupo alimentação (0,89% para 0,71%). Nessa classe de despesa, cabe mencionar o comportamento do item hortaliças e legumes, cuja taxa passou de -4,40% para -6,71%.

Também registraram decréscimo em suas taxas de variação os grupos habitação (0,26% para 0,14%), vestuário (-0,07% para -0,15%) e educação, leitura e recreação (0,76% para 0,72%). Nessas classes de despesa, vale destacar o comportamento dos itens tarifa de eletricidade residencial (-0,62% para -1,22%), calçados (0,56% para -0,02%) e passagem aérea (21,53% para 12,29%).

Em contrapartida, os grupos transportes (-0,16% para -0,07%), saúde e cuidados pessoais (0,54% para 0,68%), comunicação (0,09% para 0,15%) e despesas diversas (0,59% para 0,64%)apresentaram acréscimo em suas taxas de variação. Nessas classes de despesa, as maiores contribuições partiram dos itens automóvel novo (0,44% para 0,54%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,41% para 1,20%), mensalidade para TV por assinatura (0% para 0,42%) e bilhete lotérico (13,95% para 16,52%).

 

O Sul

 

"Nova matriz econômica"ainda atrapalha o Brasil 

Por Conrado Mazzoni
O físico Samuel Pessôa reconhece que há gente boa projetando uma

recuperação rápida da economia brasileira, mas mantém um pé atrás na

hora de comemorar um eventual aumento do PIB no ano que vem.

Pesquisador do Ibre, o Instituto Brasileiro de Economia da FGV do Rio de

Janeiro, ele prevê estagnação em 2017, após um tombo de 3,5% neste

ano.

As razões do ceticismo derivam dos anos de nova matriz econômica dos

governos Lula e Dilma. O doutor em economia pela USP aponta sequelas

que dificultam o crescimento, situação agravada pelo alto endividamento

de famílias e empresas.

Estudioso do salto explosivo do gasto público, Pessôa não descarta

aumento transitório de impostos, em paralelo à necessária redução de

despesas. Mas na hora certa. “Vamos primeiro combater a inflação,

reancorar as expectativas, aumentar a confiança de todo mundo na

política monetária, para que o custo de desinflação seja mais baixo. Então,

poderemos voltar com a agenda de carga tributária”, diz.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu a O

Financista:

O Financista: Após anos de leniência com a inflação durante a gestão

Alexandre Tombini, o custo do combate à inflação é maior?

Samuel Pessôa: O custo, evidentemente, ficou mais alto. O comunicado

do Copom reforça essa visão. Um dos itens mencionados é que a sequência de anos com

inflação acima da meta aumenta a inércia. Entendo que a nova diretoria

do BC vai retomar a prática de considerar não somente o cenário de

referência a caminho da meta, mas também o cenário projetado pelo

mercado. Com Tombini, houve certo desprestígio da expectativa do

mercado acerca da inflação. Não levar isso em consideração acabou

provocando um efeito “retroalimentador”: o mercado não acredita que a

inflação vai para a meta, as expectativas ficam mais altas e o custo de

reduzir a inflação aumenta. Creio que estamos perto de um ciclo de

afrouxamento monetário, provavelmente em algum momento no último

trimestre do ano.

O Financista: No cenário base do Copom, a inflação deve chegar a 4,5%, em 2017. O mercado ainda aponta 5,3%. O senhor aposta na primeira ou na segunda estimativa?

Pessôa: Eu comecei o ano mais pessimista com inflação. Estimava algo na

casa de 8%, neste ano, e em torno de 6%, no ano que vem. Agora acho

que este ano será na casa de 7,5%, talvez um pouco mais baixo; em 2017,

já consigo ver possibilidade de inflação na meta ou muito perto dela. Uma

questão que envolve o cenário inflacionário é que se considerava uma

rodada de aumento de carga tributária, o que afeta a inflação. Vejo que há

um entendimento de que o custo inflacionário de aumento de impostos é

muito alto hoje, até por conta da inércia muito alta e das expectativas

muito desancoradas. É possível, portanto, que a estratégia mude. Vamos

primeiro combater a inflação, reancorar as expectativas, aumentar a

confiança de todo mundo na política monetária, para que o custo de

desinflação seja mais baixo. Então, poderemos voltar com a agenda de

carga tributária.

O Financista: O senhor considera inevitável algum aumento de imposto temporário?

Pessôa: Aumento de carga tributária tem impacto sobre o crescimento, a

médio prazo, e sobre a renda per capita, no longo prazo. Se há uma

demanda por elevar gastos sociais ou qualquer outra coisa, acho sempre

melhor financiar por meio de aumento de impostos do que por meio de

inflação. Depois de guerra civil, a maneira menos civilizada de gestão do

conflito distributivo em uma sociedade moderna é a inflação. Mas há

limites para o aumento da carga tributária. Se gerar um choque

inflacionário, é preciso gastar com juros e desencadear uma pequena

recessão que tem um custo fiscal. Ponha isso na conta e compare com o

ganho tributário. Objetivamente, se reduzirmos muito os gastos, ainda

daria para escapar do aumento de carga tributária. Teria que mudar a

regra de reajuste do salário mínimo e de vencimentos dos servidores,

considerando só a inflação e não o crescimento real do PIB; fazer uma

reforma da previdência com uma transição mais rápida; reduzir o gasto

discricionário. Mas o risco é imenso. É preciso colocar na conta o elevado

nível de dívida e do gasto e rezar para que o mundo continue comprador

como está, com juro baixo... São muitos fatores. Por isso, eu seria

favorável ao aumento de carga tributária transitório. Talvez tenhamos de

esperar um pouco para fazer isso, quando as expectativas estiverem

melhores.

O Financista: Qual a sua percepção sobre a atividade econômica?

Pessôa: A mudança do governo teve impacto sobre as expectativas, que

melhoraram muito. Isso está associado à percepção de que o país não

aguentaria dois anos e meio da presidente Dilma. Além de ela ter perdido

qualquer capacidade de coordenação junto ao Congresso Nacional, está

mais do que provado que ela é uma pessoa completamente inepta e

incapaz para um cargo dessa natureza. A troca pelo Temer já produziu um

impacto importante sobre as expectativas que tínhamos. Alguns analistas

mais otimistas falam até em crescimento de 2% do PIB em 2017. No Ibre,

estamos mais céticos. Achamos que vai demorar um pouco mais para a

economia religar. Eu entendo quem está mais otimista porque, de fato, as

últimas recuperações cíclicas foram rápidas. Nós, porém, vemos uma

recuperação mais lenta. O número do Ibre com o qual trabalho é zero

para o ano que vem. Há dois fatores. Primeiro, seis anos de “nova matriz

econômica”, de 2009 a 2014, pioraram muito a microeconomia do país e,

portanto, afetaram muito a capacidade de crescimento da economia. O

segundo fator é que esta é a primeira crise que entramos com a economia

alavancada. Ingressamos na crise com o crédito como proporção do PIB

batendo em 50%. Sabemos que o balanço das famílias e o balanço das

empresas estão machucados.

O Financista: No meio do caminho, há a agenda de reformas. A propostade emenda constitucional que limita o crescimento do gasto público apenas prepara o terreno para avançarmos na reforma da Previdência?

Pessôa: Sim, é um primeiro passo. Há muitos outros gastos que crescem

vegetativamente. A ideia da PEC do gasto é funcionar como um

mecanismo de coordenação do nosso conflito distributivo. A sociedade

brasileira é muito heterogênea e complexa. Desde a constituinte de 1988,

cada grupo de pressão consegue colocar seu interesse na Lei com maior

ou menor grau de legitimidade social. Durante muito tempo, conseguimos

empurrar esse problema com a barriga porque tivemos um período em

que a receita crescia a uma velocidade espetacular, o dobro do ritmo de

crescimento do PIB. Quando passamos a ter um comportamento normal

da receita, vieram as disfuncionalidades atuais. É muito difícil atacar a

agenda fiscal item por item. Cada item é protegido por um grupo

organizado, enquanto o interesse difuso, agregado da sociedade, não se

organiza. Por isso, o resultado é disfuncional. Se nada for feito, isso vai

provocar inflação. É como tratamos essa questão a vida toda. A da PEC do

gasto tende a criar uma restrição dura que fará com que a limitação do

gasto interfira na vida de todo mundo, mas sem bater na inflação. Com

isso você engessa o Estado brasileiro. A ideia é provocar um interesse na

sociedade a favor do ajuste fiscal. Trata-se de explicitar um conflito que

está implícito.

O Financista: O Congresso aprovará a reforma da Previdência?

Pessôa: Acho que será aprovada. Era um tema absolutamente tabu que

está andando rápido. Ainda não estão claros os parâmetros e a velocidade

de transição. É possível que seja feita em várias etapas. Creio que o

princípio da idade mínima será aprovado. Provavelmente não será neste

ano.

 

O MELHOR DA SEMANA


Dilma admite dinheiro sujo em sua campanha

Dilma Rousseff, "destruída" por João Santana... [veja na íntegra]

- "Dilma Rousseff foi eleita com dinheiro roubado da Petrobras"


Exclusivo: Seis meses de gaveta


O inquérito sobre as gráficas de fachada... [leia mais]


Exclusivo: Empresa de ex-assessor da Telebras vence contrato na... Telebras


No ano passado, Dilma Rousseff nomeou… [veja o texto completo]


Mais provas contra Lula


O MPF no Distrito Federal informa que… [leia mais]

- MPF no DF denuncia Lula


 - Lula não será preso

- Lula acabou



Operação Hashtag


A 14ª vara da Justiça Federal de Curitiba... [veja na íntegra]

- "Porralouquice"

Nenhum comentário:

Postar um comentário