Habitante justifica decisão pela tranquilidade do local e origens familiares
O morador José Avelino Maciel Carvalho é enfático na opinião de não querer sair de sua casa, na rua Mexiana, na Ilha da Pintada, em Porto Alegre, bem próximo da divisa com o município de Eldorado do Sul sobre o Arroio Flor da Pintada. Por ali estarem suas origens, o pescador, que contou viver há seis décadas na área, não cogita deixar o local, mesmo se for contemplado na Compra Assistida em algum momento.
“É um lugar muito tranquilo”, disse ele. “Meu pai era dono deste terreno e dividiu entre os filhos”. São cinco casas no final da rua, divididas uma para cada irmão, sendo que alguns deles já abandonaram a área. Uma delas, de cor verde, hoje conta apenas com as paredes externas, e ainda com as marcas da água das históricas enchentes.
Este irmão, contou Carvalho, foi morar com a mãe em Cidreira, no litoral Norte, que tem 88 anos de idade e faz aniversário neste mês. “Têm os quero-queros piando, passam alguns lagartos, tartarugas, ratões-do-banhado, mas, fora isso, é muito tranquilo de se viver, todos se conhecem”, justificou o morador. Ativo na pescaria, ele contou sempre participar da Feira do Peixe da Capital, e o trabalho na água permite tirar o sustento para a família.
Quando houve as inundações, ele contou ter permanecido durante sete meses em um edifício alto próximo, cujo dono às vezes deixa as chaves com Carvalho, e é local de hospedagem de pessoas de fora. “A casa aqui é muito boa mesmo, aqui podemos pescar diretamente e depois nos alimentarmos. Conheço algumas pessoas que saíram daqui, foram para outros lugares e agora não estão se acostumando muito bem”.
A área de predomínio residencial conta ainda com o abandono de outras residências, enquanto na Ilha da Pintada em si, a vida segue, com os moradores ainda buscando uma readaptação depois do período mais crítico. O nível do Guaíba na Capital, enquanto isso, oscila por volta de 1,20 metro, muito distante das cotas de atenção, alerta e inundação na região do Arquipélago.
Correio do Povo
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