Como quadrilha alvo de operação produzia e enviava “cogumelo mágico” para todo o Brasil

 Droga é proibida no Brasil pela Anvisa, e sua comercialização e cultivo são ilegais

A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou nesta quinta-feira (4) a Operação Psicose, uma ação em larga escala para desarticular uma rede criminosa responsável pela produção e distribuição de psilocibina, conhecida como "cogumelo mágico". A droga, que é uma substância psicodélica, é proibida no Brasil pela Anvisa, e sua comercialização e cultivo são ilegais.

A operação cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e 9 mandados de prisão em sete estados (DF, PR, SC, SP, PA, MG e ES). A investigação, que durou anos, revelou um faturamento de R$ 26 milhões entre 2024 e 2025 com a venda do entorpecente. Além disso, foram bloqueadas contas e ativos financeiros dos suspeitos, e perfis em redes sociais e websites utilizados pelo grupo foram suspensos.

Como a rede criminosa operava

A investigação da Polícia Civil revelou que a organização usava a internet como principal meio para o tráfico. Através de websites e perfis no Instagram, o grupo atraía clientes, que eram direcionados para aplicativos de mensagem onde a venda acontecia de forma organizada. Segundo o delegado Waldek Cavalcante, a rede oferecia uma "diversidade de cogumelos alucinógenos diferenciados por espécie, forma de preparo e potência", com preços que variavam de R$ 84,99 por três gramas a R$ 9,2 mil por quilo.

Para chamar a atenção, principalmente do público jovem, o grupo investia em publicidade paga nas redes sociais, colaborações com influenciadores e DJs, e até mesmo em eventos de música eletrônica. Além disso, eles criavam uma "narrativa científica" falsa, alegando que a substância teria benefícios à saúde para atrair mais consumidores, o que a polícia aponta como um grave risco à saúde pública.

Logística e consequências legais

A logística da rede criminosa era sofisticada. A substância era enviada pelos Correios e por empresas de logística, em um esquema similar ao dropshipping, que dificultava o rastreamento. As embalagens não revelavam o conteúdo, o que ajudava a evitar a fiscalização. A polícia identificou o envio de 3.718 encomendas, totalizando cerca de uma tonelada e meia da droga. Para ocultar a origem do dinheiro, a rede usava empresas de fachada no ramo alimentício.

Os envolvidos na operação podem responder por diversos crimes, incluindo tráfico de drogas qualificado, lavagem de dinheiro, crimes ambientais e contra a saúde pública, com penas que podem chegar a 53 anos de prisão para os líderes da organização. A investigação teve o apoio do Coaf, da Receita Federal e dos Correios.


Estadão Conteúdo e Correio do Povo

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