Houve certa falta de coordenação. Receita Federal deflagrou a Operação Carbono Oculto, a maior já realizada contra o crime organizado no Brasil.
A Polícia Federal expôs o braço financeiro do PCC, identificando fundos de R$ 321 bilhões e revelando um envolvimento profundo no setor de combustíveis.
Exatamente isso era o que Trump e a CIA queriam: que o governo brasileiro enfrentasse a expansão financeira do crime.
Hoje, em relatórios internos, o governo americano avalia que o Brasil caminha para se tornar um “rogue state” , um Estado em que a democracia perde espaço para o domínio do crime organizado.
Ronaldo Caiado, em conversas reservadas, tem dito que a situação é muito mais grave do que o brasileiro médio imagina.
A percepção é clara: o povo brasileiro estaria perdendo sua soberania e liberdade, e esse vácuo de autoridade explicaria o apoio estratégico dado por Trump a Bolsonaro.
Para Washington, apenas um governo com liderança militar teria a disposição necessária para enfrentar e derrotar o PCC.
A Receita Federal elogios, mas minha opinião, cometemos um equívoco estratégico. A entrada do PCC no setor de combustíveis é uma estratégia de saída, não apenas uma ameaça.
Explico: nenhum traficante deseja que seu filho siga no tráfico. O que desejam é respeito social.
Nos Estados Unidos, a Máfia só foi desarticulada porque se permitiu sua migração para setores legais, como aconteceu em Las Vegas.
No Brasil, se o PCC deseja operar postos de gasolina, contratando ex-presidiários como frentistas, talvez devêssemos repensar a política de enfrentamento.
Pode ser melhor incorporá-los ao setor formal do que empurrá-los de volta ao submundo.
Erramos ao não negociarmos previamente com Trump o fim das tarifas, contra um compromisso nosso de continuarmos essas operações contra o crime organizado.
Por enquanto, resta observar os próximos passos da Operação Carbono Oculto. Talvez, em algum momento, a questão das tarifas reapareça na mesa.
Stephen Kanitz

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