domingo, 23 de fevereiro de 2025

Israel atrasa libertação de prisioneiros palestinos após devolução de seis reféns

 Ao todo, 602 prisioneiros deveriam ser libertados neste sábado por Israel

Omer Wenkert é um dos reféns libertados | Foto: AHMAD GHARABLI / AFP / CP


Israel atrasou, neste sábado (22), a libertação de centenas de prisioneiros palestinos, após a entrega, por parte do Hamas, de seis reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza, nos termos do acordo de trégua, cuja primeira fase está prestes a terminar.

O movimento islamista palestino acusou Israel de "violação flagrante" do acordo de cessar-fogo após este anúncio.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por sua vez, prometeu que agiria "com firmeza" para levar de volta a Israel todos os reféns que continuam retidos em Gaza. À noite, realizará uma reunião "sobre segurança", segundo uma fonte oficial.

Tanto na Faixa de Gaza como na Cisjordânia, território ocupado por Israel, famílias esperavam a libertação de seus entes queridos.

"Ainda não acredito que meu filho vá ser libertado após 33 anos" detido, declarou à AFP Umm Diya al Agha, uma mulher de 80 anos, que esperava em um hospital de Khan Yunis, no sul da Faixa.

O Hamas libertou no sábado de manhã seis reféns, os últimos ainda vivos, no âmbito da primeira fase da trégua entre Israel e o movimento islamista em Gaza, que deve terminar em 1º de março.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, advertiu neste sábado que o Hamas seria "destruído" se não libertasse "imediatamente" todos os reféns.

Autópsia de Shiri Bibas

Assim como nas libertações anteriores, milicianos islamistas armados e encapuzados exibiram os reféns, cinco desta vez, em um palco, antes de entregá-los a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Um sexto refém, Hisham al Sayed, um beduíno israelense de 37 anos que estava no cativeiro em Gaza há uma década, foi entregue ao CICV fora das câmeras.

Ao todo, quatro dos seis reféns libertados neste sábado haviam sido sequestrados durante o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra no território palestino.

Em troca, 602 prisioneiros deveriam ser libertados neste sábado por Israel, de acordo com o Clube de Prisioneiros Palestinos.

Mas fontes israelenses anunciaram que essas libertações haviam sido adiadas.

Embora a razão não tenha sido especificada, Netanyahu prometeu na sexta-feira que o Hamas pagaria caro por sua "violação cruel" do cessar-fogo, depois de afirmar que um dos corpos de reféns entregues na véspera não correspondia, como anunciado, ao da israelense de origem argentina Shiri Bibas.

Shiri foi sequestrada em 7 de outubro junto com seus dois filhos, Ariel e Kfir, que na época tinham quatro anos e oito meses.

Após a análise dos restos das crianças, o Exército israelense afirmou que elas "foram assassinadas a sangue frio por terroristas".

Em resposta, o Hamas acusou Israel de proferir "mentiras sem fundamento".

Os restos de Shiri Bibas, que tinha 32 anos quando foi capturada, foram finalmente entregues na noite de sexta-feira.

Sua autópsia, e a dos seus filhos, não revelou nenhum indício "de ferimento causado por um bombardeio", indicou neste sábado o instituto de medicina legal.

O Hamas afirmou em novembro de 2023 que Shiri Bibas e seus filhos haviam morrido em um ataque aéreo israelense.

Combatentes armados

Sob chuva e cercado por combatentes fortemente armados, Tal Shoham, de 40 anos e sequestrado em 7 de outubro, foi forçado a pronunciar algumas palavras pouco antes de ser libertado neste sábado no sul de Gaza.

Ao seu lado, Avera Mengistu, de 38 anos, mantido em cativeiro no território palestino há mais de dez anos, abaixou a cabeça.

A mesma situação se repetiu mais tarde em Nuseirat, no centro, para a libertação de Eliya Cohen, Omer Shem Tov e o israelense-argentino Omer Wenkert, com idades entre 22 e 27 anos, sequestrados em 7 de outubro de 2023 no festival de música Nova, no sul de Israel.

Essas encenações foram denunciadas por Israel, pela ONU e pela Cruz Vermelha.

À noite, o braço armado do Hamas publicou um vídeo, aparentemente gravado durante o dia em Nuseirat, que mostra dois reféns assistindo à libertação dos outros três cativos israelenses e implorando a Netanyahu que os liberte.

A autenticidade do vídeo não pôde ser confirmada em um primeiro momento.

"Sofrimento inimaginável"

Com as novas libertações, 61 dos 251 reféns sequestrados em 7 de outubro continuam em cativeiro em Gaza - dos quais 35 estariam mortos, de acordo com o exército.

Desde que a trégua entrou em vigor em 19 de janeiro, 29 reféns israelenses - quatro deles mortos - foram entregues a Israel, em troca de mais de 1.100 prisioneiros palestinos.

Segundo o Hamas, que governa Gaza desde 2007, quatro corpos de reféns ainda serão entregues a Israel antes do fim da primeira fase do acordo.

As negociações indiretas para a segunda etapa, que deve resultar no fim definitivo da guerra, estão atrasadas.

O ataque do Hamas em 7 de outubro resultou na morte de 1.215 pessoas, de acordo com um balanço da AFP baseado em números oficiais de Israel.

A ofensiva israelense lançada em represália matou pelo menos 48.319 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do território palestino, considerados confiáveis pela ONU.

AFP e Correio do Povo

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