“Circunstância lamentável”, diz Afonso Motta ao se declarar inocente em suposto desvio de emendas parlamentares

 Deputado federal gaúcho cujas emendas são alvo de investigação da Polícia Federal se reuniu com o presidente da Câmara Federal e se pronunciou em coletiva de imprensa

Pedetista reconhece preocupação do Congresso em relação a transparência de emendas | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados/CP


Após retornar a Brasília e se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), o deputado federal gaúcho Afonso Motta (PDT) se declarou inocente do suposto desvio de emendas parlamentares suas que seriam destinadas ao Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul, e que é investigado pela Polícia Federal. A PF deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação EmendaFest, cujo um dos alvos foi o chefe de gabinete de Motta, Lino Furtado.

“É uma circunstância lamentável. Em momento algum em apreço como investigado, mas em momento algum isso diminui nossa preocupação com a circunstância, com nosso trabalho e de fazer o encaminhamento das emendas com critério, cumprido as formalidades. Isso posso garantir de forma absoluta, independente da investigação que está sendo feita: que todos os procedimentos em relação a estas três emendas foram adotados de forma conveniente e a seguir os rituais das emendas parlamentares”, defendeu-se Motta, em entrevista coletiva.

As investigações indicam que Lino teria acordado o direcionamento de propina com Cliver André Fiegenbaum, empresário e diretor administrativo da Metroplan, em troca da indicação de emendas para o hospital. O repasse dos valores à Fiegenbaum ocorreria através de uma empresa do lobista e o valor acordado seria de 6% sobre a verba enviada ao hospital. O deputado afirmou desconhecer este suposto esquema.

"Se comentou sobre uma comissão de 6%. De maneira nenhuma, não tinha conhecimento da existência. É uma relação do (Hospital) Ana Nery, entre essa pessoa que fazia essa intermediação e outras pessoas que estão no inquérito, que eu nem tenho conhecimento e nem cabe a mim fazer qualquer tipo de avaliação”, disse.

“Está sendo investigada uma situação onde um intermediário, alguém que vem aqui na Câmara e busca emendas, tem uma relação de remuneração pelo fato de a emenda ser indicada. De maneira nenhuma, nunca tive nenhuma relação que tivesse essa natureza ou esse tipo de envolvimento”, declarou ainda.

Motta também partiu em defesa de seu chefe de gabinete, que o acompanha há 15 anos: “Está nos autos um contrato de prestação de serviços entre esse intermediário e o Ana Nery. Não tem nada que envolva o nosso gabinete, que envolva o Lino Furtado, com relação a esse processamento e a essa formalização. Eu não acredito (que ele está envolvido). Claro que a gente sempre tem que trabalhar com a reserva de fazer uma avaliação completa”.

O deputado gaúcho afirmou que, após deflagrada a operação, ainda não teve contato com Lino, apontado como um dos principais beneficiados pelo suposto esquema. Também disse que a conversa com o presidente da Câmara foi no sentido deste demonstrar solidariedade e preocupação, visto que o caso ocorre em um momento de tensão no debate em relação às emendas parlamentares.

“Preocupação, porque, queira ou não, o tema das emendas e da transparência está na pauta. O volume de recursos que hoje estão no conjunto de emendas, as impositivas, as de bancada, de comissão, é um debate que está na Casa. Trocamos ideia sobre isso”, relatou o pedetista.

Correio do Povo

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