Candidatos à prefeitura da Capital decidem subir o tom na última semana de campanha e Justiça Eleitoral barra exageros
O tom da campanha da disputa pela prefeitura de Porto Alegre vem em uma crescente. Nos debates, nos programas de TV e, principalmente, nas redes sociais, Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT) vêm intensificando ataques e críticas ao adversário e, na última semana antes do segundo turno, resultou até em decisão judicial.
Por parte da campanha petista, aumentar as críticas ao prefeito e reforçar a ligação de Melo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma das estratégias principais nessa reta do pleito. “Melo tenta esconder o bolsonarismo e a gente vem mostrando que ele e sua vice estão de mãos dadas com Bolsonaro”, explicou João Pedro Caldas, coordenador digital das redes sociais de Rosário.
As publicações envolvendo "críticas à gestão" do prefeito, utilizando da sua imagem, inclusive, aumentaram consideravelmente nas redes de Rosário. Assumindo um tom mais "engraçado", segundo o coordenador, peças mais produzidas também são utilizadas nos programas de TV, como o "suco do Melo". No vídeo, o nome do prefeito é associado a elementos do bolsonarismo, como cloroquina e ivermectina, além de acusações de corrupção dentro do governo.
A campanha do emedebista respondeu. Enquanto a candidata do PT nacionalizou ao trazer, de forma cada vez mais frequente, o elemento Bolsonaro, o prefeito somou o discurso da corrupção e o PT. Em publicações, e por vezes até em falas do prefeito, casos antigos como mensalão são citados.
Acontece que, nesta segunda-feira, a Justiça Eleitoral achou que o prefeito pesou a mão e decidiu pela retirada de uma propaganda veiculada pela campanha de Melo, sob multa de 30 mil reais para cada que permaneça no ar.
A peça em questão utilizava um jingle com o nome de Rosário, de forma satirizada, associando-a a casos de corrupção. Na decisão, o desembargador eleitoral Francisco Telles classificou entendeu que a "propaganda ofende a honra pessoal da candidata e a vincula a episódios de corrupção com as quais nunca teve relação, tratando-se, portanto, dessa associação de fato sabidamente inverídico e difamatório à imagem da candidata".
Em resposta, o prefeito questionou a decisão. “Foi uma resposta política. Eu não comecei com essas peças. Você tem um Judiciário que é, às vezes, militante. De todas as peças que ela me acusa de corrupção, nenhuma foi retirada do ar. Há uma decisão liminar, porque o juiz de primeira instância entendeu que era uma crítica política e houve um mandado de segurança, em uma relatoria que mandou tirar por uma diminuição: Mariazinha” disse Melo.
“A Maria tem imputado uma série de peças na televisão e nas redes sociais e o Judiciário tem silenciado sobre isso. Fizemos uma crítica política e mandou tirar. Não estou dizendo que tem parcialidade, mas tem que olhar igual pros dois lados. Se não pode crítica de um lado, não pode do outro também”, argumentou ainda o emedebista.
Esse não foi o primeiro embate judicial, entretanto. No sábado passado, a 161ª Zona Eleitoral de Porto Alegre concedeu três decisões favoráveis a Melo em relação a publicações em redes sociais feitas pelo vereador Jonas Reis (PT), pela ex-deputada Manuela d’Ávila e na conta da própria Rosário.
Melo até reconhece que houve uma inflexão na reta final de campanha, mas se defende: “Eu tenho rebatido críticas. Não fui eu que comecei”.
A campanha da petista reconhece que os movimentos do outro lado são em resposta às investidas, “a gente começou a pautar esse debate e o Melo respondeu”, afirmou Caldas. Mas lamenta o rumo que as coisas tomaram. “A gente vê que infelizmente o segundo turno está sendo pautado por misoginia e machismo”.
Procurada, a candidata Maria do Rosário não retornou até a publicação desta reportagem.
Correio do Povo
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