Preocupação com a quantidade de eleitores que não foram às urnas em 6 de outubro motiva esferas da administração pública e campanhas a desenvolverem estratégias para estimular o voto
A preocupação com a alta abstenção registrada no primeiro turno das eleições municipais em Porto Alegre e em outras cidades gaúchas, de todos os tamanhos, está motivando uma série de movimentos institucionais e políticos.
O objetivo é tentar evitar que os números aumentem ainda mais no segundo turno, marcado para o próximo dia 27. Será quando os cinco maiores colégios eleitorais do Estado – Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria – definirão seus prefeitos.
Entre as cinco cidades, a que registrou o maior índice de eleitores que não foram às urnas foi Canoas: 31,83%. Porto Alegre vem logo em seguida. Teve uma abstenção de 31,51% no primeiro turno, a maior entre todas as capitais do país. Isso significa que, na Capital gaúcha, 345.544 eleitores não foram votar na primeira etapa do pleito.
Eles representam um contingente maior do que aquele que escolheu o candidato à prefeito que passou de etapa em primeiro lugar, o emedebista Sebastião Melo, opção de 345.420 eleitores. E quase duas vezes a votação da candidata Maria do Rosário (PT), que ficou com a segunda vaga. Ela obteve 182.553 votos.
Até o momento, a principal iniciativa de diferentes esferas da administração pública para tentar conter ou até mesmo diminuir os altos índices de abstenção tem sido a transferência do feriado do Dia do Servidor Público, comemorado em 28 de outubro. Nos locais onde será mantida a data original, ele vai ‘cair’ na segunda-feira imediatamente depois do domingo da eleição, o que permite três dias de folga.
Na última terça-feira, o governo do Estado anunciou que vai transferir de 28 de outubro para 1º de novembro o ponto facultativo do serviço público estadual neste ano. Na segunda, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) já havia alterado o feriado, para a justiça eleitoral gaúcha, de 28 para 31 de outubro. As prefeituras de Porto Alegre, Caxias do Sul e Santa Maria também adiaram o feriado nos serviços municipais. Nas três, ele ocorrerá em 1º de novembro.
Na Capital, a abstenção alta preocupa o núcleo da campanha de Rosário. Seu entendimento é o de que parcela significativa dos que não votaram no primeiro turno estaria decepcionada com a atual gestão, comandada por Melo, ou sem esperança. E que, por isso, a candidata poderia obter mais votos que o adversário entre os que não foram às urnas. “Entendemos que a diminuição da abstenção auxilia a Rosário. Mas, mais do que candidaturas, os índices altos prejudicam a democracia, e isto não é bom para ninguém”, diz o coordenador político da campanha petista, Cícero Balestro.
Para André Coronel, coordenador geral da campanha de Melo, não há elementos suficientes para avaliar se a abstenção alta prejudica ou auxilia uma das candidaturas. Articuladores do emedebista desenvolvem estratégias para que seus eleitores do primeiro turno não se desmobilizem. Segundo Coronel, a campanha também vai ter ações para incentivar as pessoas a irem votar no dia 27. “Queremos que diminua a abstenção. Por uma questão de cidadania, vamos estimular a presença das pessoas em nossos programas e inserções. Isso legitima ainda mais o processo”, avalia.
Correio do Povo
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