sábado, 24 de agosto de 2024

SOS Agro RS busca sensibilizar público urbano na Expointer para drama das dívidas agrícolas

 Produtores rurais vão vender camisetas e colocar faixas de protesto em estandes

Reunião na Seapi reuniu prdutores rurais, entidades e instituições financeiras 

Maior festa da agropecuária gaúcha, a Expointer carregará em 2024 o tom da reconstrução do Rio Grande do Sul e condimentada pela angústia de agricultores em razão o crônico endividamento do campo. Por considerar as medidas anunciadas até agora pelo governo federal como insuficientes e excessivamente burocráticas, que dificutam o entendimento e sua execução, o produtor rural vai esta presente na feira com espírito de luta. O movimento SOS Agro RS, que já mobilizou dezenas milhares de pessoas em tratoraços em Porto Alegre e em centenas de municípios, cobrando uma solução definitiva de autoridades em várias reuniões, estará em Esteio para tentar sensibilizar o público urbano para sua realidade e dificuldades para a nova safra. Em apoio às reivindicações, o Estado formou um grupo de trabalho para formular um documento com um resumo dos gargalos, a ser entregue a representantes da União.

“A gente vai ter um local para venda de camisetas do SOS Agro RS, vamos encher de faixas nos estandes de fábricas e de revendas. Queremos chamar a atenção para conscientizar a população”, diz o produtor rural Lucas Scheffer, um dos organizadores do grupo, que conta com mais de 8 mil pessoas em grupos de WhatsApp, nos quais discutem cada passo de suas ações e os entraves nas negociações com bancos. O movimento também quer encontrar o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, cuja assessoria prevê, mas não confirma, sua presença no Parque de Exposições Assis Brasil nos dias 28 e 29.

“Ninguém entende nada”

Na quinta-feira, o SOS Agro RS foi recebido pelo titular da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Clair Kuhn, em Porto Alegre. O secretário convocou o encontro com produtores e representantes de entidades e instituições financeiras.

“O SOS Agro diz que os recursos do governo não estavam disponíveis e mesmo algumas e outras demandas que poderiam ser atendidas tinham muita burocracia”, disse Kuhn.

Além da burocracia, as MPs e o Decreto dificultam o entendimento. “Inclusive as entidades estavam com essa dificuldade”, contou Kuhn. “Ninguém entende nada. MP, decreto e agora a resolução do Banco Central (BC)”, afirmou Scheffer.

A resolução citada por Scheffer foi publicada na quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A Resolução 5.164/2024 autoriza a renegociação de operações de crédito rural a empreendimentos localizados em municípios com decreto de situação de emergência ou de estado de calamidade pública reconhecido pela União. Ainda, aprovou a prorrogação, para 15 de outubro, do vencimento das parcelas das operações de crédito rural de custeio, investimento e industrialização do mutuário que solicitar o desconto para liquidação ou renegociação previsto no Decreto nº 12.138.

A reunião na Seapi teve a participação de entidades como Federação da Agricultura (Farsul), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) e Sistema Ocergs. Os produtores rurais falaram dos gargalos e problemas que estavam enfrentando frente aos bancos.

“As instituições financeiras responderam e, ao mesmo tempo, concordaram que algumas ações que colocam no sistema demoram para ter retorno, pela burocracia, e concordaram que tem de haver uma melhora no sistema, na aprovação, para acessar o que está disponível”, falou o secretário.

O cenário é cada dia mais dramático. Sem crédito, muitos produtores podem optar por plantar apenas metade de sua área disponível ou ainda reduzir a aplicação de fertilizantes e optar por sementes de qualidade inferior.

“Portanto, vai ter redução da produção final de grãos de verão e isso vai afetar diretamente a produção de proteína animal. Vamos ter menos milho e soja, com os quais é produzida a ração para a terminação de aves, suínos e bovinos. Imediatamente, vai ter menos produto no mercado e o preço vai subir. Vai afetar todo mundo”, explicou Kuhn.

Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário