quinta-feira, 6 de junho de 2024

Peeling de fenol: entenda o procedimento agressivo que pode ter causado a morte de empresário em SP

 Procedimento é indicado apenas para casos específicos e exige uma série de cuidados, explica dermatologista

Peeling de fenol é considerado um procedimento “bastante agressivo” 

Um empresário de 27 anos morreu após realizar um peeling de fenol na segunda-feira, na clínica da influenciadora Natalia Becker, na zona sul de São Paulo, conforme informações do R7. O caso passou a ser investigado como homicídio, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Natália se apresentou à polícia na tarde desta quarta-feira para prestar depoimento. A clínica foi interditada pela vigilância sanitária. Segundo funcionários, o “peeling de fenol” era realizado corriqueiramente no local.

De acordo com o médico dermatologista José Roberto Fraga Filho, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o peeling de fenol é considerado um procedimento “bastante agressivo”, já que o produto químico aplicado destrói as camadas superficiais da pele, fazendo com que nasça uma nova em até 12 dias.

“Tem que ser realizado um ambiente controlado, ou seja, que tenha monitorização cardíaca, que tenha uma punção venosa também presente, se possível com anestesista e com material para reanimação caso aconteça alguma arritmia cardíaca que leve a uma parada cardíaca”, detalha o especialista, que também é fundador e diretor clínico do Instituto Fraga de Dermatologia.

O procedimento, que pode ser considerado uma quimiocirurgia, é indicado apenas para casos específicos, segundo Fraga, o que inclui casos de cicatrizes de acnes profundas, rugas profundas, fotoenvelhecimento e manchas na pele.

Ele alerta que nem todos os pacientes podem fazer o peeling de fenol, principalmente aqueles que têm pele escura, com fototipos altos (IV e V) e os que têm tendência a cicatrizes e queloides.

“Como esse procedimento é cardiotóxico, hepatotóxico e nefrotóxico, a gente tem que fazer uma avaliação desses órgãos, do coração, do fígado e do rim, para evitar problemas”, ressalta.

Antes de realizar a aplicação, os médicos também devem pedir uma anamnese completa, um exame físico e verificar se o paciente tem indicação para fazer o peeling de fenol. “É um procedimento tão complexo que poucos médicos se habilitam a fazer, devido aos efeitos colaterais que ele pode causar.”

Quando é realizado sem os cuidados necessários, o peeling de fenol pode causar complicações graves e até mesmo levar ao óbito. “O fenol entra na corrente sanguínea, altera os batimentos cardíacos e leva a uma arritmia cardíaca. Essa arritmia cardíaca leva a uma parada cardíaca e ao óbito do paciente”, explica Fraga.

Após a aplicação do peeling de fenol, os pacientes podem sentir dor, desconforto, vermelhidão e até mesmo ter alguma infecção, além de cicatrizes. “A pele fica muito mais sensível ao sol, e o tempo de recuperação é bem prolongado, mesmo sendo feito da maneira correta.”

A SBD afirma que o peeling de fenol só pode ser realizado por médicos dermatologistas habilitados para a técnica.

Principais complicações do peeling de fenol, segundo a SBD:

- bolhas e vesículas;
- infecção bacteriana;
- escurecimento e manchas;
- dor intensa;
- reativação do herpes;
- foliculite/acne;
- avermelhamento persistente;
- cicatriz;
- atrofia.

O paciente ideal para o peeling de fenol apresenta:

- Pele clara – fototipo I/II;
- Rugas profundas;
- Moderado grau de flacidez.

Contraindicações:

- Pacientes com problemas do coração, do fígado ou do rim;
- Tendência à cicatrizes e queloides;
- Cicatrizes na área da aplicação;
- Fototipos altos - IV/V;
- Gestação e amamentação;
- Impossibilidades de autocuidado.

Correio do Povo

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