segunda-feira, 10 de junho de 2024

Ilha da Pintada: cenário de tragédia e desolação após a enchente

 Casas arrastadas, muros destruídos, carros cobertos e virados são apenas algumas das imagens que refletem a magnitude da tragédia


A devastação causada pela enchente de maio na região da Ilha da Pintada, no arquipélago de Porto Alegre, é um testemunho da força da natureza e da fragilidade das ações de prevenção. Casas arrastadas, muros destruídos, carros cobertos e virados são apenas algumas das imagens que refletem a magnitude da tragédia que se abateu sobre essa área.

Noemi Gonçalves, 55 anos, mora na Ilha da Pintada há três anos. Ela viu a água subindo e a queda do muro na frente da sua casa e contou que saiu da residência com ajuda do cordão humanitário feito por moradores. Noemi ficou com o marido e outras dezenas de pessoas no segundo andar de uma construção. Chegaram no início da manhã de sábado, 4 de maio, e foram resgatados , durante a tarde, pela Defesa Civil e encaminhados para a Usina do Gasômetro, no Centro Histórico da Capital, que virou um reduto que acolhimento das pessoas e animais resgatados da enchente.

Ilha da Pintada Ilha da Pintada | Foto: Ricardo Giusti

"A água foi subindo. E nós ali a noite toda acompanhando, tentando evitar que a água entrasse. O muro caiu às onze da noite, da sexta-feira. As seis e meia da manhã vimos que não tinha como. A correnteza era muito forte, vinham ondas”, contou.
Noemi lembrou das enchentes passadas, mas ressaltou que nesse episódio de maio perdeu tudo. Toda a casa foi destruída e o que ela tem hoje foi de doação. Ela, que é diarista, voltou a trabalhar para ocupar a cabeça e está morando numa casa emprestada por uma amiga, que também foi duramente atingida pelas águas.
No terreno da veterinária Roberta Coelho tinham três casas. Ela e sua família foram resgatados de helicóptero. Além das casas atingidas, quatro cachorros morreram durante a enchente.
A casa dos seus pais, construída há três anos, está com os fundos totalmente danificado e a família está vendo as possibilidades para um reforço, além da limpeza e tentativa de recuperar alguns eletrodomésticos.

"Nosso resgate foi aéreo, na corda de helicóptero. Nós descemos ali na BR. E eu assisti tudo indo embora. A gente ouvia muito estalo, muito barulho. E foi tudo descendo água a baixo. Tinha casa da minha prima, da minha tia. Tinha o galpão da minha prima. E eu assisti tudo indo embora”, lamentou.
Depois que ela e sua família estavam seguros, Roberta voltou à ilha para ajudar nos resgates de animais. Agora ela afirma que o recomeçou não vai ser fácil, mas necessário.




Correio do Povo

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