quarta-feira, 26 de junho de 2024

Crianças vivem sob risco de contaminação em meio a ratos e baratas nas Ilhas de Porto Alegre

 Excesso de lixo atraí ratos e baratas a locais inundados no bairro Arquipélago

Proliferação de doenças ameaça crianças na região das Ilhas 

Aproximadamente 80% dos moradores na região das Ilhas permanecem fora de casa após a enchente em Porto Alegre. Quem já conseguiu voltar ao bairro Arquipélago, no entanto, enfrenta doenças causadas pelo acúmulo de lixo.

A situação ficou ainda mais grave com o aumento do nível do Rio Jacuí e do Guaíba nos últimos dias. Além do vento Sul represar a água e gerar novos alagamentos, o rastro de entulhos que o dilúvio deixou acaba por se misturar a outros resíduos arrastados pela correnteza.

Além material pútrido, as montanhas de lixo acumulado atraem ratos e baratas e, consequentemente, há proliferação de doenças. O maior risco são as crianças que, acostumadas a brincar livremente na região, acabam ficando com a saúde exposta.

Na Ilha dos Marinheiros, a aposentada Alda Maria Gomes , de 67 anos, é responsável por cinco bisnetos, todos com idades entre dois e quatro anos. A mulher afirma que não poupa cuidados em relação a eles, vigiando de perto todas as brincadeiras deles na rua.

“Não deixo mais eles brincarem sem supervisão. Está tudo coberto de lixos. Há ratos e baratas por todos os lados. Mantenho as crianças sempre por perto, todo o cuidado é pouco.

A aposentada tem bom humor e chega a dizer que os ratos são “criados a Toddy”, se referindo ao tamanho dos animais. Ela perdeu tudo o que tinha, mas conseguiu retornar para casa após ficar alojada na casa da irmã, no bairro Passo das Pedras, durante um mês. Desde então, o problema com o excesso de roedores tem sido constante.

“Há ratos gigantescos que entram em casa durante a noite. As vezes acordo com eles andando na minha cama. A situação está muito ruim, a Ilha dos Marinheiros está coberta por lixo e doenças. Parece que fomos esquecidos”, lamentou a mulher.

A grave crise sanitária na Ilha dos Marinheiros fez com que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) , em parceria com a Marinha do Brasil, realizasse uma força-tarefa de atendimentos, incluindo ações de vacinação, distribuição de medicamentos, renovação de receitas e acolhimento da população vulnerável. Foram identificados casos suspeitos de leptospirose e administrados antibióticos para tratamento imediato.

"Nos deparamos com uma população extremamente carente e amedrontada com o risco de novas enchentes. Conseguimos realizar todas as atividades, desde o acolhimento até a distribuição de medicações, o que foi essencial para atender às necessidades locais", explicou Juliana Lima de Araújo, consultora técnica da Força Nacional do SUS.

Correio do Povo

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