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quarta-feira, 13 de abril de 2022

Putin diz que negociações com Ucrânia chegaram a um “beco sem saída” e que, sem acordo, guerra continuará

 


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta terça-feira (12) que as negociações de paz com a Ucrânia chegaram a um “beco sem saída” porque Kiev mudou as posições que havia apresentado no encontro dos negociadores em Istambul, em 29 de março.

Sem um acordo, disse ele,”a operação militar continuará”. Em resposta, o negociador-chefe ucraniano, Mikhail Podolyak, disse que as negociações são “extremamente difíceis”, mas continuam, e que as declarações de Putin são uma tentativa de pressão.

Em suas declarações, Putin afirmou ainda que a invasão tem os “objetivos nobres” de proteger as regiões separatistas do Leste da Ucrânia e que a Rússia “não tinha escolha”. Ele discursou e deu entrevista coletiva, transmitida pela TV russa, ao lado do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, durante uma visita ao cosmódromo de Vostochny, que fica 5.500 quilômetros a leste de Moscou, perto da fronteira chinesa.

O presidente russo enfatizou especificamente o objetivo de controlar a região de Donbass, no Leste ucraniano, que inclui parte das províncias de Donetsk e Luhansk, onde os separatistas pró-Moscou declararam independência, reconhecida pelo Kremlin um dia antes da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

“O que estamos fazendo é para ajudar as pessoas, salvar pessoas de um lado, e do outro estamos trabalhando para garantir a segurança da Rússia. Obviamente, não tínhamos escolha e essa é a decisão certa”, disse.

Ele afirmou ainda que a ofensiva prosseguirá com “calma”, para minimizar baixas. “A nossa missão é cumprir os objetivos traçados minimizando as perdas, vamos atuar de forma harmoniosa, tranquila, de acordo com o plano proposto desde o início pelo Estado-Maior.”

A guerra — que Putin chama de “operação militar especial” — já obrigou mais de 4,6 milhões de ucranianos a fugirem do país, deslocou internamente outros 6,5 milhões, além de causar milhares de mortes de civis e soldados dos dois países.

“Temos objetivos nobres. Isso é o que acontecerá: protegeremos o Donbass. Isso é o que vai acontecer, não há dúvidas”, afirmou. “O principal objetivo é ajudar as pessoas do Donbass, que nós reconhecemos [como repúblicas independentes], e devemos fazer porque as autoridades de Kiev, encorajadas pelo Ocidente, se negavam a implementar os Acordos de Minsk para uma resolução pacífica dos problemas na região.

Ao se referir ao estancamento das negociações, Putin retoma o que disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, em 7 de abril. Na ocasião, Lavrov afirmou que Kiev havia apresentado um novo esboço de tratado de paz no qual cláusulas já acordadas no encontro de Istambul sofreram alterações.

Segundo Lavrov, no final de março, Kiev concordara inicialmente que as garantias de segurança que seriam dadas à Ucrânia por um grupo de países não se aplicariam à Península da Crimeia, anexada militarmente pela Rússia em 2014. Disse, também, que qualquer exercício militar poderia ser realizado pela Ucrânia apenas com o consentimento de todos os países garantidores, incluindo a Rússia.

De acordo com o chanceler russo, no entanto, no novo projeto de documento esse parágrafo é substituído pela necessidade de obter o consentimento da maioria dos países garantidores.

Donbass

Na ocasião, Mikhail Podolyak, o negociador-chefe de Kiev, afirmou que as declarações de Lavrov eram “de significado puramente propagandístico”.

O presidente russo acrescentou nesta terça ter sido informado que o lado ucraniano voltou a mudar suas propostas para um acordo na noite de segunda-feira. “Tal falta de coerência em pontos fundamentais cria dificuldades”, disse.

Já a proteção da região de Donbass foi a alegação inicial para a invasão da Ucrânia, mas inicialmente se viu que as ações russas tinham objetivos maiores, com tentativas de conquistar as grandes cidades do país, como Kiev e Kharkiv. No entanto, a resistência inesperada das forças da Ucrânia fez a Rússia anunciar no final de março uma nova estratégia. Há duas semanas, o Kremlin disse que voltou ao plano de “liberar” as regiões separatistas e anunciou a retirada das tropas da região de Kiev, no Norte da Ucrânia.

Para os russos, as forças militares ucranianas causaram “um genocídio” no Donbass entre 2014 e 2022, quando, após a anexação unilateral da Crimeia por Moscou, grupos separatistas pró-Rússia começaram a combater o Exército ucraniano na região.

O Sul

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