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terça-feira, 5 de abril de 2022

Linha D43 deixa de operar em Porto Alegre e estudantes organizam protesto

 Prefeitura reforçou a oferta das linhas 343 e 353



A segunda-feira marcou o fim da circulação da D43, uma das principais linhas que atendia estudantes da UFRGS e da PUCRS. Embora a prefeitura defenda a redução de intervalos e o reforço da oferta das linhas 343 e 353, que atendem aos usuários que se deslocam para os campi, ainda há muito receio por parte dos usuários. Estudante de Estatística na UFRGS, Rodnel Dossa, 21, foi pego de surpresa. “Nem sabia. Noto que o 343 para mais e não sei como vai ficar quando tiver que fazer algo urgente”, disse. “Costumava pegar essa linha por se mais rápida. Sou morador do Agronomia e venho para o Centro a trabalho. Acho o fim da linha ruim para os estudantes, pois servia de forma mais eficiente a eles”, afirma o comerciário Lucas Eduardo Centurião Ribeiro, 24 anos.

Segundo a prefeitura, as linhas 343 e 353 passaram a circular com mais rapidez em razão da implantação de uma faixa exclusiva na avenida Ipiranga. Com isso, a duração das viagens das linhas não diretas, que era 54 minutos, passou a ser de 42 minutos. O tempo é semelhante ao da linha direta e possuía viagem de 41 minutos. Assim, ainda conforme o poder público, não havia mais a necessidade de manter a linha D43. O gerente de Planejamento de Transportes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Flávio Tumelero, “No momento que unificamos esse atendimento, conseguimos aumentar a oferta de viagens de todo o conjunto. Há viagens de até 13 em 13 minutos, em vez de intervalos de mais de meia hora, como era antes e com atendimento até as 23h. O usuário tem mais frequência e mais horário”, explica.

Essa diminuição no intervalo é apontada por Tumelero como um fator que contribuirá para que não haja superlotação nos coletivos. “Quanto maior o intervalo, maior acúmulo de pessoas temos em determinadas viagens. Quando temos um intervalo menor, conseguimos diluir esse pico em um número maior de viagens”, afirma.

Estudantes organizam protesto

O retorno de mais aulas de forma presenciais no semestre que inicia em junho é uma preocupação de estudantes da UFRGS. “Antes da pandemia nós já tínhamos o problema de superlotação dos ônibus, isso em diversas linhas, como hoje surgem diversas denúncias. A retirada do D43 não vai beneficiar ninguém, tampouco a ampliação do 343 ou 353 resolverá a demanda da superlotação dos ônibus”, diz o membro do Centro de Estudantes de Letras (CEL), militante do Afronte e Diretor da União Estadual dos Estudantes, Wellignton Porto.

Um abaixo-assinado virtual foi organizado pelo CEL contra a extinção da linha D43. “A ampliação das ofertas como a prefeitura justifica é ampliação de horário, nós precisamos da ampliação de linhas que possam atender a grande demanda de estudantes”, diz Porto. O líder estudantil diz não ter ainda um diagnóstico profundo sobre os impactos pois a universidade federal não retornou a totalidade das aulas presenciais, mas projeta problemas.

“Viveremos um caos quanto ao cenário do transporte público. O tema do D43 não é isolado. Existe um projeto de sucateamento do transporte público e precisamos estar atentos quanto a isso, pois essa e outras medidas da má gestão do prefeito veem exatamente nesse sentido”, acredita. Além da petição eletrônica, os estudantes realizarão na quinta-feira, às 18h, um ato chamado pelas entidades contra o fim do D43 em frente à prefeitura.

Menos passageiros e simplificação

Readequações em itinerários, horários e número de linhas, além de mudanças como a extinção gradual da função de cobrador, vem sendo adotadas pelo poder público municipal. A diminuição de passageiros na pandemia e a projeção de uma retomada menor faz com que haja a simplificação do sistema. “No pré-pandemia tínhamos entre 800 e 850 mil passageiros por dia. Nossa expectativa por conta do trabalho e do estudo à distância, estamos estimando um retorno de 600 a 650 mil pessoas por dia. Até por conta de conter os custos, mantendo o valor de tarifa razoável e um bom atendimento para o usuário, a gente precisa simplificar o sistema e unir linhas”, explica Tumelero.

O gerente afirma que a EPTC notou reclamações em redes sociais, está levantando dados, mas não tem formulação de reclamações oficiais. “Temos certeza que o atendimento ficará melhor para o usuário, mas havendo aumento de demanda muito acima do que projetamos, claro que estudaremos alternativas. Nada é definitivo. Estamos sempre procurando meios de melhor atender ao usuário”, garante.

Correio do Povo

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