AdsTerra

banner

sexta-feira, 25 de março de 2022

Em um mês de guerra, saiba o que não saiu como a Rússia previa e o que esperar agora

 


A invasão da Ucrânia pela Rússia completou um mês nesta quinta-feira (24) e a operação que alguns anteviam que poderia ser rápida, pela superioridade militar de Moscou, se mostra mais complicada e demorada, além de muito destrutiva onde os ucranianos apresentam maior resistência.

Após a “blitz” inicial com bombardeios de alvos por todo o país, os russos parecem ter dificuldades em impor seu poderio aos ucranianos, embora afirmem que tudo esteja transcorrendo como previsto.

Acompanhe o estado atual da invasão:

– O que a Rússia chamou de operação especial na Ucrânia virou a maior crise militar da Europa desde a Segunda Guerra Mundial;
– No primeiro dia, 24 de fevereiro, diversas cidades ucranianas foram bombardeadas;
– A Rússia começou a invadir o país por diversas frentes pelo norte, leste e sul ucranianos;
– Mas o contra-ataque da Ucrânia foi forte e, depois dos primeiros avanços, a Rússia teve dificuldade em ampliar seu domínio;
– Segundo a ONU, mais de 3,6 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia, a maioria em direção à vizinha Polônia;
– Oficialmente há uma estimativa de mais de 900 mortes de civis, mas a ONU alerta que o número deve ser bem maior.

Veja onde estão concentrados os ataques:

1. Kiev: milhares de tropas russas se aproximaram da capital, mas não conseguiram invadir;
2. Kharkiv: a segunda maior cidade da Ucrânia foi fortemente bombardeada e cercada;
3. Litoral do mar Negro: onde a Rússia teve maior domínio e onde ocorreu o cerco a Mariupol, cidade que está muito destruída e sem água e energia por vários dias.

Os países do ocidente responderam principalmente com sanções comerciais, estrangulando a economia da Rússia.

Segundo análise do Institute for the Study of War, um instituto americano especializado em estudar guerras, esses são os possíveis próximos ataques da Rússia:

– Forças russas devem tomar Mariupol em breve. Essa conquista pode liberar tropas para reforçar outras frentes de batalha;
– Existem grandes chances de que alcancem Kryvyi Rih e consigam isolar Zaporizhiya, também ao sul de Kiev;
– Em Kharkiv, os ataques devem continuar, principalmente focados em Izyum, mas há pouca probabilidade de as tropas avançarem sobre a cidade;
– Kherson deve continuar ocupada, mas Mykolayiv e Odessa não devem enfrentar tropas russas por terra nos próximos dias;
– Em Kiev, se as tropas russas conseguirem avançar mais, a artilharia terá alcance para atacar diretamente o centro da cidade;
– Os russos devem continuar atacando Chernihiv e Sumy com o objetivo de cercar a capital por todos os lados, mas isso não deve acontecer tão cedo;
– A Rússia poderia tentar trazer Belarus para guerra, criando um possível novo eixo de avanço no oeste, mas o instituto diz que é improvável que isso aconteça.

Segundo avaliação das autoridades da Ucrânia, os equipamentos da Rússia precisam de manutenção e a perda soldados é grande, com aparente dificuldade de logística do exército. Conforme as tropas não conseguem avançar, as perdas da Rússia aumentam, pois a Ucrânia mantém um forte contra-ataque.

Quais os cenários de médio e longo prazo para o conflito? Acompanhe abaixo as possibilidades, entre mais e menos prováveis, de desfecho para a invasão.

Saída rápida por um acordo nas negociações diplomáticas: É uma possibilidade que parece distante, afirmam Carlos Frederico e o coronel Alexandre Moreira, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército do Brasil. “Não parece haver o ânimo necessário para um acordo diplomático nesse momento”, afirmam os dois.

Vitória russa em algumas semanas: O cenário mais provável é que nas próximas semanas os russos conquistem seus dois principais objetivos: tomar Kiev e a costa litorânea do Mar Negro, de acordo com Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

“Uma vez estabelecido o cerco, Kiev consegue resistir quanto tempo? No mínimo algumas semanas. Consolidada a vitória na franja sul e o controle de Kiev, estariam criadas as condições para a negociação. O cenário que considero mais provável é de ainda algumas semanas”, afirma.

A longo prazo, a principal mudança de uma vitória russa seria um reequilíbrio mundial de forças, ele afirma.

“A recomposição da Rússia como um grande poder seria uma novidade. O bloco da Eurásia, com Rússia e China, busca um mundo mais multipolar, e o conflito na Ucrânia deve ser interpretado nesse sentido”, diz ele.

Vitória russa mais demorada: Um outro cenário também plausível, diz ele, é de retardamento do ritmo russo em função de uma resistência dos ucranianos, que têm auxílio com armas e consultoria dos EUA e da Otan. Isso não iria alterar fundamentalmente o resultado final em relação ao cenário anterior.

“Com a movimentação das batalhas para os centros urbanos, é difícil imaginar um cenário de rápido desfecho, sendo mais provável no momento que o conflito se estenda e se torne cada vez mais agudo e dramático para a população civil, com gravíssimas consequências humanitárias”, dizem Carlos Frederico e o coronel Alexandre Moreira.

Os dois consideram que mesmo com a Rússia vitoriosa no campo de batalha, as perdas do país serão significativas: “A Rússia teve mais de uma centena de bilhões de dólares congelados de contas do seu Banco Central no exterior, além de enfrentar sanções econômicas e políticas sem precedentes para um país de sua estatura”.

O Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário