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terça-feira, 10 de novembro de 2020

Com transferência de presos, Secretaria de Segurança espera evitar ataques a agentes no RS

 Detentos enviados a presídios federais nesta segunda são considerados mais perigosos que aqueles transferidos em março


Lideranças ligadas a três organizações criminosas gaúchas, considerados indivíduos de extrema periculosidade, foram transferidos do Rio Grande do Sul para penitenciárias federais, em uma operação iniciada na madrugada e terminada na manhã desta segunda-feira e que envolveu um forte aparato de segurança.

Com a transferência destes noves líderes, a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) espera evitar que grupos criminosos coloquem em prática planos de ataque a agentes da segurança gaúcha e conseguir assegurar a manutenção da ordem, reduzindo homicídios violentos no estado. Isso porque são presos considerados até mais perigosos que aqueles que foram removidos em março, na primeira etapa da Império da Lei, que já havia transferido 18 detentos para as casas prisionais federais. Entre os nove encaminhados agora, seis já eram alvo da fase anterior, mas tiveram os pedidos de transferência negados na época.

Segundo o vice-governador e titular da SSP, Ranolfo Vieira Junior, a fase 2 da operação começou no dia seguinte à transferência dos 18 primeiros. "Nasceu no dia 4 de março. A Inteligência e a Polícia Civil subsidiaram o Ministério Público, afim de que recorressem de alguns indeferimentos", resumiu. O procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, ressaltou o papel da instituição na viabilização de uma nova operação. "Participamos ativamente, pois um grande número dessas transferências foi conseguido mediante recursos do Ministério Público contra decisões de transferências que haviam sido indeferidas. Portanto, somos uma parte importante desse movimento que atua perfeitamente integrado e concatenado no combate à criminalidade”, acrescentou. 

Desta maneira, o MP conseguiu empenhar esforços para qualificar os agravos de execução, obtendo decisão favorável tanto do Poder Judiciário gaúcho como da Justiça Federal para os seis alvos. Entre eles, um já havia passado período em prisão fora do RS anteriormente e cinco foram transferidos pela primeira vez. Fazem parte da lista outros dois detentos que haviam voltado do Sistema Penitenciário Federal (SPF) após ter o pedido de permanência indeferido. Eles irão retornar agora, também a partir de recursos do MP. Há, por fim, mais um criminoso, incluído nessa segunda etapa da Império da Lei e que também nunca havia sido removido do Estado.  

Quatro dos transferidos integram organização criminosa originada no antigo Presídio Central, dois ocupavam posição de liderança em quadrilha baseada no Vale do Sinos, dois chefiavam ações de bando nascido no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, e outros dois não estão associados a uma facção, mas acumulam condenações por comandar delitos de extorsão mediante sequestro na Região Metropolitana da Capital.  

Para transferi-los, foi necessário um forte esquema policial. O trabalho teve início à meia-noite, com a preparação para extração dos apenados que seriam transferidos. Os detentos foram retirados da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (Pmec) em comboio único de 45 veículos. Na Modulada também foi reunido detentos que cumpriam pena em Porto Alegre. Às 4h15min, as viaturas da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) da Susepe, do 1º Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da BM, da PRF, da Polícia Civil, da PF e uma ambulância dos Bombeiros partiram rumo à Capital.

Em cerca de uma hora, percorreram o trajeto de 56 quilômetros até o Batalhão de Aviação da BM (Bav-BM), ao lado do Porto Alegre Airport. Para eventuais emergências, como barricadas com fogo, os Bombeiros ainda posicionaram uma viatura de combate a incêndio na origem do trajeto e outra, equipada com desencarcerador, seguiu o comboio com retardo de alguns minutos para possibilitar o socorro imediato na hipótese de acidentes.

No aeroporto, o comboio ingressou em um estacionamento com acesso ao hangar. Em uma sala reservada do Batalhão, os detentos passaram por exames de corpo de delito, realizado por dois peritos médicos do Instituto Geral de Perícias (IGP). Na sequência, foram entregues aos agentes do Depen para embarque em um avião da Polícia Federal com destino às penitenciárias federais, onde serão mantidos isolados de qualquer contato com outros presos.

Antes da viagem, os transferidos realizaram testes RT-PCR para detecção da Covid-19 e o resultado de todos foi negativo. Como o avião vinha de Brasília, a saída da Capital federal atrasou devido ao mau tempo, e a decolagem com os criminosos a bordo, em Porto Alegre, previsto inicialmente para acontecer entre 7h e 8h, acabou partindo por volta das 11h.

A ação, ao todo, envolveu 70 viaturas e 490 agentes de 15 instituições ligadas à segurança pública, como a Secretaria de Administração Penitenciária, Instituto Geral de Perícias, Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe, Corpo de Bombeiros, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Depen-Ministério da Justiça. Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Agência Brasileira de Inteligência e Aeronáutica, além da SSP.

Tudo transcorreu bem, apesar do risco temido pelos agentes, que não descartavam alguma tentativa de interceptação dos detentos a caminho da Capital. "Mesmo com a opção de remoção por via rodoviária, foi muito rápido o deslocamento, sem problemas. Inclusive utilizamos tecnologia de ponta", frisa o vice-governador. Um helicóptero com um imageador térmico, que fornece imagens com base em temperaturas, acompanhou o trajeto.

Atenção redobrada 

Por pelos 20 dias, pelo menos, haverá reforço de policiamento ostensivo, inclusive com emprego de aeronaves, nos locais de atuação das facções criminosas afetadas pela transferência. Objetivo é evitar retaliações e manter a ordem pública fora e dentro do sistema prisional.  

Correio do Povo

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