Eduardo Cunha gasta mais de R$ 8 mil com domínios como ‘facebookjesus.com.br’

A maior parte dos domínios possui ′Jesus′ na URL; assessoria do presidente da Câmara não comentou o assunto
Por Matheus Mans

FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO SÃO PAULO – O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) possui 287 domínios na internet registrados em seu nome, segundo lista divulgada na web. Os  registros dos domínios – que se configuram como informações de acesso público – estão ativos, apesar da maioria não ter páginas configuradas.
Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa do deputado não quis comentar o assunto e não divulgou o valor oficial dos gastos anuais com os domínios, justificando que não tem o dever de divulgar a informação. Segundo o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), cada registro exige um pagamento anual de R$30. Assim, pode-se estimar que a totalização dos gastos de Cunha com os 287 domínios totalizam R$8610 por ano.
A maior parte dos sites registrados pelo parlamentar possui viés religioso. Compradecrente.com.br, crentecompra.com.br, jesusemail.com.br e shoppingjesus.com.br são alguns dos sites divulgados. Outros chamam a atenção por fazer uma relação entre religião e redes sociais, como yahoojesus.com.br, youtubejesus.com.br, jesusgoogle.net.br e jesusblackberry.com.br. Das 287 páginas, 175 tem ‘Jesus’ na URL.
No Twitter, os usuários já fazem piada sobre a situação e o número de páginas registradas no nome de Cunha:




Fonte: Estadão Notícias - 09/04/2015 e Endividado

 

 

DERIVATIVOS DA POLÍTICA E A CRISE!


1. Após a debacle financeira de 2008, o foco dos discursos no Congresso do PPE (partidos de centro/centro-direita), bloco majoritário no Parlamento Europeu, que conta com vários primeiros-ministros, foi a crise e suas causas. Na época, os mais importantes líderes europeus repetiram a mesma tese: a crise econômica tem como preliminar uma crise de valores. Esses valores éticos foram ignorados nesse mundo de derivativos, especulações, abuso de riscos, paraísos fiscais.
2. A sociedade é um sistema de vasos comunicantes. Não haverá um mundo empresarial ético e um mundo político aético, ou vice-versa. Não há abuso de restrições legais e de ética de mercado se não houver cumplicidade entre empresários e políticos. Não há corrupto sem corruptor. Não há achacador sem a fragilidade do achacado. O que se vê hoje já se sabia. Os especuladores ganhavam e autoridades políticas se omitiam, com proveito pessoal. Cabe buscar os paralelos entre um e outro mundos. Por exemplo, no caso dos derivativos. Esses representam operações financeiras cuja relação com os fatos reais (empréstimos, emissão de capital, produção) foi se tornando cada vez mais tênue, até que, no cume da pirâmide, elas ficaram soltas, sem lastro.
3. No mundo político, isso ocorre de forma parecida, e não faltam fatos divulgados para comprovar. A atividade política envolve as ações de governo e das oposições, a legislação, a mobilização de militantes e da opinião pública, a defesa pública de interesses, as articulações para a obtenção de massa crítica de opinião ou de voto e as eleições. Para isso, os políticos contam com a sustentação partidária, os partidos, com o fundo partidário, acesso a rádio e TV e doadores formais. Os parlamentares contam com salários e gabinetes, incluindo assessores e benefícios que garantam mobilidade e comunicação.
4. As distorções vêm do uso de derivativos políticos. É longa a lista. Nomeações nas máquinas de governo como uma extensão de gabinetes, atos e votos trocados por favores empresariais e governamentais, uso dos direitos de gabinete para ganhos pessoais (fantasmas, parte dos salários de assessores, venda de passagens, verba de gabinete usada fora da atividade política, cartões de crédito da mesma forma), sobras de campanha, doações cruzadas e por aí vai. A crise de valores e os vasos comunicantes garantem que parte das elites, política e empresarial, opere no mesmo mundo, descolando a atividade-fim, dos lastros legal e moral.   Os derivativos políticos fazem parte da mesma crise de valores.

 

Ex-Blog do Cesar Maia

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