Estados Filisteus ca. 830 a.C.
Pentápolis filisteia (em vermelho)
Os filisteus (do hebr. פְּלְשְׁתִּים; romaniz.: plishtim) foram um povo que ocupou a costa sudoeste de Canaã, com seu território nomeado como Filístia em contextos posteriores. Teoriza-se que eles se originaram entre os "povos do mar".[1] A arqueologia moderna também sugeriu os primeiros laços culturais com o mundo micênico na Grécia. Apesar de eles terem adotado a língua e a cultura local cananeia antes de deixar quaisquer textos escritos (e posteriormente adotarem a língua Aramaica), uma origem indo-europeia tem sido sugerida para um grande número de palavras filisteias conhecidas que sobreviveram como estrangeirismos em hebraico. Segundo o investigador Antônio Carlos Pavão, os filisteus derrotaram os israelitas porque sabiam fazer o aço, enquanto os israelitas ainda estavam na era do bronze.[2]
Origem
Sua origem ainda hoje é motivo de controvérsias. Há polêmica até mesmo sobre o fato de que se tratava de um único povo ou de uma confederação de povos que migraram do Mar Egeu para o leste do Mar Mediterrâneo no século XIII a.C.[3]
Segundo a Bíblia, os filisteus teriam se originado de Casluim, o qual teria sido um dos filhos de Mizraim, patriarca dos egípcios, e neto de Cam. No entanto, a teoria mais aceita cientificamente baseia-se na hipótese de que se tratava de um grupo indo-europeu que conviveu durante séculos com os povos semitas da região conhecida como Palestina[carece de fontes]. Em 2016, descobriu-se um grande cemitério filisteu, contendo mais de 150 mortos enterrados em túmulos ovais, indicando uma origem do mar Egeu, que ainda não foi confirmada por testes genéticos.[4][5][6]
A primeira notícia que se tem sobre os filisteus surge de relatos egípcios sobre os "Povos do Mar", isto é, levas de migrantes que vieram por mar para o atual Egito. As crônicas egípcias registram que, entre estes povos, encontravam-se os filisteus (peleset), mas havia ainda outros.
Esses "povos do mar", após várias batalhas marítimas, foram derrotados pelos egípcios sob o comando de Ramessés III. Por fim, foram obrigados a buscar terras mais a leste na região costeira onde era Canaã. Lá, fundaram cinco cidades: Asdode, Ascalão, Ecrom, Gaza e, a maior delas, Gate.
Durante o período em que viveram nesta região, conhecida como a pentápole filisteia, quase sempre estiveram em guerra com seus inimigos hebreus; dos quais, aliás, são oriundas a maioria das informações sobre aquele povo.
Pesquisas atuais revelam o elevado grau de sofisticação na produção de artefatos de metal e de outros materiais deste povo. Graças a seu avançado estágio de trabalho em metalurgia, quase sempre quando os Filisteus iam a guerra contra os Hebreus, seus exércitos eram vitoriosos.
Esse povo, sendo de origem indo-europeia, possuía uma cultura e costumes bem diversos dos demais povos da região. Os hebreus, em particular, os achavam "bárbaros incivilizados". O costume filisteu de comer porcos e de não realizar a circuncisão, por exemplo, em muito deve ter contribuído para as opiniões negativas. Ambos os povos foram eclipsados em período posterior pelo expansionismo guerreiro do Império Neobabilônico.
Embora o assentamento dos filisteus na costa tenha seguido uma expansão através do sul de Canaã, as guerras com os israelitas e outros povos acabaram confinando-os na pentápole.[7] No entanto, eles continuaram a ser uma ameaça política (incursões militares, especialmente no momento da colheita) e cultural para esse estado.
A federação filisteia perdeu temporariamente sua autonomia no século X a.C. sob hegemonia egípcia[8] e definitivamente após a conquista pelo Império Neoassírio em 722 a.C..[7] Nabucodonosor II devastou o território filisteu em 604 a.C. e, como o resto do Oriente Médio, caiu nas mãos do império de Alexandre, o Grande no século IV a.C.. Naquele tempo, parece que os filisteus já haviam perdido grande parte de sua identidade cultural.[8] No entanto, o termo Peleset e, mais tarde, as versões grega (Παλαιστινή, Palaistinḗ) e latina (Palæstina) continuaram a ser usadas como um termo geográfico, referindo-se a uma área cada vez mais extensa.
Ver também
Referências
- Tischler, All the things in the Bible, I, pág. 482
- H. R. Hall, The Ancient History of the Near East, London, Methurn & Co. Ltd, 1936
Ligações externas
- Corinne Mamane Museum of Philistine Culture»
- «National Geographic article»
- «List of Biblical References to Philistines or Philistia»
- «Tell es-Safi/Gath Archaeological Project Website»
- «Tell es-Safi/Gath Archaeological Project Blog»
- «Penn State University - The Sea Peoples and the Philistines (link broken)»
- «Neal Bierling, Giving Goliath his Due: New Archaeological Light on the Philistines (1992)»
- «Philistines». Enciclopédia Católica (em inglês). 1913
- Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Philistines». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
- «The Center for Online Judaic Studies: Ramesses III and the Philistines, 1175 BC»
- «Biblical Archaeology Review - Yavneh Yields Over a Hundred Philistine Cult Stands»
- «Neal Bierling. Giving Goliath His Due. New Archaeological Light on the Philistines»
Wikipédia
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