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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Depois da “carne fake”, empresas apostam em peixes e frutos do mar sem animais

Usam legumes para tentar reproduzir o sabor e textura de camarão, atum, salmão e enguia.

Por Maria Clara Rossini

(Helaine Weide/Getty Images)

Em maio deste ano, o Burger King anunciou o Whopper Impossível, uma versão sem carne do carro chefe da rede de fast-food. O KFC embarcou na mesma onda, divulgando em agosto os nuggets sem frango. E agora, até os peixes podem ficar aliviados.

As marcas tiveram que se adaptar para atrair o crescente público vegano e vegetariano no mundo. De acordo com a Sociedade Vegana do Reino Unido, o número de adeptos da dieta saltou de 150 mil em 2014 para 600 mil em 2018. No Brasil, o índice de vegetarianos nas metrópoles dobrou entre 2012 e 2018.

Mesmo com o aumento das dietas plant-based, não é todo mundo que está disposto a largar o prazer de comer um hambúrguer ou frango frito de vez em quando. É aí que surgem as “comidas fakes”, que possuem o mesmo sabor e textura do alimento original, mas não contém nenhum traço animal em sua composição.

Tudo isso é feito dentro de laboratórios. Vamos usar o hambúrguer do Burger King como exemplo. Para chegar no sabor característico da carne, os pesquisadores da Impossible Foods usaram uma molécula chamada heme, presente na soja. Nos mamíferos, ela compõe a hemoglobina, e é justamente o que dá o gosto animal da carne.

Mas e quem não come nem frutos do mar? A indústria também tem uma resposta.

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A Impossible Foods anunciou estar estudando a bioquímica do sabor do peixe para criar os próximos produtos. A matéria-prima é a mesma da carne — a proteína heme —, mas agora ela será usada para criar a textura e o sabor do fundo do mar.

A empresa já conseguiu desenvolver um caldo com gosto de anchovas, mas ele ainda não está sendo comercializado.

Enquanto isso, outras empresas tentam fazer o mesmo usando métodos diferentes. Em 2017, a Ocean Hugger Foods lançou o Ahimi, uma alternativa ao atum cru. Foram cinco anos de pesquisa para chegar no ingrediente principal: tomate. Ele reproduz a textura do atum. Os cientistas também usam ácido glutâmico para dar mais sabor ao “peixe fake”.

A companhia está estudando outras combinações inusitadas para espécies de peixes diferentes. A cenoura será usada para fazer o salmão, enquanto a berinjela vai ser a base das enguias.

Já a start-up americana New Wave é especialista em camarão. Ela produz uma versão vegana que possui a mesma textura e sabor do crustáceo. A proteína de algas marinhas é responsável pela consistência borrachuda típica do crustáceo, enquanto o sabor vem da combinação entre extratos de plantas. Segundo a empresa, o produto vai começar a ser distribuído para restaurantes e hotéis em breve.

Além dos veganos, a comida falsa também visa o público alérgico. As proteínas presentes nos alimentos “de verdade” desencadeiam uma reação adversa no corpo dos alérgicos. Pessoas que possuem alergias severas a frutos do mar podem passar a vida sem conhecer o gosto de um caranguejo.

É justamente esse o público alvo da Sophie’s Kitchen, que produz todo tipo de frutos do mar usando konjac, uma espécie de raiz asiática. A inspiração surgiu quando a filha da fundadora foi diagnosticada com alergia a mariscos, mas hoje os produtos também são vendidos em sites veganos.

Seja qual for o público alvo, o mercado das comidas falsas está em ascensão. Em 2018, quase US$ 1 bilhão foram investidos em carnes alternativas. Estima-se que, em 2040, 60% de toda a carne consumida no mundo não será de origem animal. Os bois (e peixes) agradecem.


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