Duas
lideranças expressivas dos servidores estaduais – Sérgio Arnoud
(Fessergs) e Helenir Schürer (Cpers) – equivocaram-se ao dizer que
a Assembleia Legislativa votou um pacote de medidas sem a presença
de servidores nas galerias. O mesmo equívoco cometeu o deputado
petista Luís Fernando Mainardi quando disse que a AL ficou sitiada
pela Brigada Militar.
Quem conhece a história dos
servidores públicos e todas as suas conquistas salariais sabe que
elas foram auferidas com as galerias lotadas pelas perspectivas
corporações interessadas nas suas reivindicações. Nada contra,
mais sempre que ocorreram tais votações, penduricalhos eram
agregados ao piso salarial aumentando a despesa da folha que, um dia,
seria inviável. E esse dia chegou.
No pacote aprovado ontem, o mais
polêmico foi o que instituiu o regime de previdência complementar
para os servidores públicos estaduais. Nenhum – mas nenhum mesmo –
servidor protestava na Praça da Matriz será atingido pela medida.
Os efeitos serão sentidos a partir dos próximos 30 anos para quem
entrar no serviço público.
Não houve também qualquer afronta
ao processo democrático com a determinação do presidente da Além
realizar as votações com as galerias vazias. Foi uma decisão
sensata que evitou a perturbação da ordem, como se viu na
terça-feira quando o Palácio Farroupilha sofreu a ameaça de
invasão e provável depredação.
A votação ocorreu num ambiente
despressurizado do “bafo na nuca” das corporações. O pacote de
medidas aprovado ontem é o início da recuperação das finanças
públicas.
Os deputados que votaram a favor do
pacote pensaram nas próximas gerações de gaúchos. Uma minoria
derrotada só pensava na próxima eleição e perdeu.
Data errada (1)
O
deputado petista Luís Mainardi disse ontem que a AL ficou sitiada
pela Brigada Militar com um contingente de 250 homens. O poder
Legislativo de qualquer lugar deste planeta só pode se sentir
sitiado quando fica impedido de legislar.
Data errada (2)
Mainardi
confundiu as datas. A AL ficou sitiada na terça-feira quando foi
obrigada, à força, a transferir a sessão que iria examinar o
pacote de medidas do governador Ivo Sartori.
Sem público? (1)
Uma
informação circulou nas redes sociais e em alguns portais
jornalísticos dizendo que o “público foi impedido de entrar para
as galerias”. Seguramente, que não pôde entrar no Palácio
Farroupilha foram os servidores públicos em greve.
Sem público? (2)
O
tal “público” que serviu de pauta para discursos não era aquele
que, pelo horário, estava trabalhando. É claro que “não há
parlamento sem o povo”, mas também não pode haver parlamento só
com “povo corporativo”.
Aposentados
O
governador Ivo Sartori apresentou um número assustador pelo
comprometimento das finanças públicas. O RS tem 51% de sua folha de
seguidores comprometidos com os aposentados e pensionistas. São
Paulo, apenas 27%.
Fonte: Correio do Povo, página 10 de
17 de setembro de 2015.