Adiamento do acordo Mercosul-União Europeia gera reações no agronegócio gaúcho

 


O adiamento da assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia para janeiro, somado às novas regras aprovadas pelo bloco europeu que dificultam a importação de produtos agrícolas sul-americanos, provocou diferentes avaliações entre entidades ligadas ao agronegócio do Rio Grande do Sul.

Enquanto alguns setores consideram o adiamento positivo, por permitir ajustes que evitem prejuízos à competitividade, outros demonstram preocupação com a possibilidade de perda de mercado diante da concorrência dos importados.

Peso da União Europeia no comércio gaúcho

Segundo dados do sistema Agrostat, do Ministério da Agricultura e Pecuária, a União Europeia foi o segundo maior parceiro comercial do Rio Grande do Sul em 2024, respondendo por 14% das exportações.

Objetivos do acordo

Em negociação há mais de 25 anos, o tratado busca criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, com redução ou eliminação de tarifas em setores como indústria, serviços, compras governamentais e propriedade intelectual. Caso seja firmado, os produtos brasileiros – e gaúchos – ganhariam competitividade em preços, graças à maior produtividade e menor custo de produção em relação ao europeu.

Resistências e apoios na Europa

Às vésperas da decisão, o parlamento europeu aprovou medidas de proteção ao setor agrícola, ampliando salvaguardas e controles sobre importações. A resistência ao acordo é liderada por França, Hungria e Polônia, com a Itália somando-se aos opositores. Já Alemanha e Espanha estão entre os países que apoiam a iniciativa.

Impactos no agro gaúcho

Entre os setores que podem ser mais afetados estão laticínios e vinhos, devido às regras de proteção de indicações geográficas previstas no acordo. O azeite também é citado, já que a União Europeia concentra entre 65% e 70% da produção mundial.

Por outro lado, o tratado pode ampliar oportunidades de exportação. Até novembro de 2025, os principais produtos gaúchos enviados ao bloco europeu foram:

  • Fumo não faturado e desperdícios de fumo – US$ 932 milhões

  • Farelo de soja – US$ 386 milhões

  • Madeira, couros e peles de bovinos ou equídeos – US$ 45 milhões

  • Produtos manufaturados de fumo – US$ 39 milhões

Cenário de incerteza

O adiamento abre espaço para ajustes, mas também mantém dúvidas sobre o futuro da arrecadação e da competitividade do agronegócio gaúcho, em um contexto de forte disputa política e econômica dentro da União Europeia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário