A já delicada situação financeira do Internacional pode se agravar com quatro ações judiciais que somam R$ 60,5 milhões contra o clube. Todas têm origem em negócios firmados com o empresário Delcir Sonda, parceiro histórico do Inter desde a contratação de Andrés D’Alessandro, em 2008. Os processos evidenciam problemas financeiros que foram postergados por gestões anteriores e que agora retornam com valores muito mais elevados.
Dívidas antigas com valores multiplicados
Os montantes atuais são muito superiores às dívidas originais, resultado do não pagamento nos prazos estabelecidos e da incidência de juros, multas, honorários advocatícios e custas processuais. Diferentemente da dívida de cerca de R$ 30 milhões com a Showball Assessoria Esportiva, já em fase de execução, essas quatro ações ainda devem tramitar por anos, mas tendem a crescer com o tempo.
Caso D’Alessandro
Duas das ações estão ligadas diretamente à compra dos direitos econômicos de D’Alessandro, em 2008.
Em 2020, o então presidente Marcelo Medeiros assinou confissão de dívida de R$ 18,9 milhões (3 milhões de euros).
Metade do valor foi repassada à Icipar Empreendimentos e Participações S.A., que em 2023 firmou acordo para pagamento em 50 parcelas de pouco mais de R$ 200 mil. O Inter quitou apenas cinco parcelas, e a empresa agora cobra R$ 16,4 milhões.
A outra metade permanece com a Displan, que após notificação extrajudicial em janeiro de 2025 ingressou na Justiça cobrando R$ 13,7 milhões.
Empréstimos de 2018
Os outros dois processos também movidos pela Displan dizem respeito a empréstimos feitos ao Inter em 2018, ano do retorno à Série A. Foram repasses de R$ 10 milhões e R$ 2,6 milhões, que agora são cobrados judicialmente com acréscimos pelo atraso.
Histórico da parceria
Delcir Sonda tem relação de mais de duas décadas com o clube, tendo ajudado em contratações e até perdoado dívidas. Em 2018, perdoou R$ 25 milhões, permitindo que o Inter fechasse o exercício com déficit de R$ 9,5 milhões, resultado menos negativo do que seria sem o perdão.
Impacto nas contas
As novas ações devem impactar diretamente o balanço de 2025, tornando improvável a previsão de superávit. A partir do ajuizamento, os valores deixam de ser contingências e passam a ser considerados dívidas efetivas, registradas como débitos.
A reportagem não conseguiu contato com Delcir Sonda, que estaria hospitalizado. O Inter afirmou que as demandas são antigas e que o departamento jurídico negocia com o empresário, ressaltando que ele sempre foi parceiro das iniciativas do clube.

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