Mostrando postagens com marcador Números são devastadores para Dilma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Números são devastadores para Dilma. Mostrar todas as postagens

Números são devastadores para Dilma, mas petistas continuam a escolher a saída mais burra. Se bem que cabe perguntar: eles sabem fazer diferente?


Se o Planalto havia gostado muito pouco dos números da pesquisa Datafolha, divulgados na quarta passada, apontando que apenas 13% dos entrevistados acham o governo Dilma “ótimo ou bom”, contra 62% que o têm por “ruim e péssimo”, gostou ainda menos dos dados do levantamento CNT/MDA que vieram à luz nesta segunda: são ainda piores. Apenas 10,8% dizem ser a gestão ótima ou boa. Nada menos de 64,8% a têm por ruim ou péssima. Se a eleição presidencial fosse hoje, aponta o levantamento, o tucano Aécio Neves venceria a disputa por folgados 55,7% a 16,6% — brancos e nulos somaram 22,3%, e 5,4% disseram não saber em quem votar.
O resultado é devastador. E pode piorar, querem ver? Nada menos de 59,7% se dizem favoráveis ao impeachment da presidente, contra 34,7% que se dizem contrários. Desaprovam a presidente 77,7% dos que responderam ao levantamento, contra uma aprovação de apenas 18,9%. Nem poderia ser diferente: 75,4% dizem que o segundo mandato de Dilma é pior do que o primeiro, e 68,9% acham que a presidente é culpada pelos escândalos na Petrobras.
Perceberam? Não há boa notícia possível. Não há como achar um número inspirador. Esses dados — e isso já tinha sido captado pelo Datafolha — explicam a indisposição das ruas com a presidente. Esses percentuais demonstram por que dois milhões lotaram os espaços públicos no domingo. Viram-se na sequência um governo assustado, acuado, e um partido — no caso, o PT — desesperado, a falar qualquer coisa. Rui Falcão, presidente da legenda, chegou até a imaginar um pacote de inspiração bolivariana contra a imprensa. Que se note: em política, adversários sempre são um problema. É o esperado. Um governante está lascado mesmo é quando seus aliados fazem bobagens em penca. É o caso hoje em dia.
A população, ademais, está solidária com os protestos. Dizem apoiá-los 83,2% dos entrevistados, que não são, à diferença do que afirmaram alguns ministros aloprados, apenas eleitores de oposição. Entre os que responderam a pesquisa, 41,6% declararam ter votado em Dilma nas eleições de outubro do ano passado, contra 37,8% que votaram em Aécio. Como se vê, os próprios eleitores da petista desertaram.
Até agora, registre-se, não se ouviu uma só palavra sensata oriunda do Planalto  e do PT. Quem não está perplexo desanda a falar bobagens pelos cotovelos. Todas as formas possíveis de desqualificar os manifestantes foram tentadas. Nenhuma funcionou. Ao contrário: a agressão a quem exerce o sagrado direito democrático de dizer “não” só agrava o quadro da crise. Ora, dados os desastres econômicos em série, as lambanças na Petrobras e as evidências de uma espécie de governo paralelo que estava lotado na estatal, o razoável seria que o governo definisse um interlocutor para tentar o diálogo com os divergentes. Na democracia, isso é comum e nada tem a ver com cooptação.
Mas quê! Eles continuam a sentar o braço nos adversários, a mover a máquina suja do subjornalismo contra alvos que consideram incômodos, a provocar ainda mais repúdio em razão de sua cultura autoritária. Pior: nunca se sabe quando um novo episódio da Operação Lava-Jato explode aos olhos dos brasileiros. A situação política de Dilma continua desesperadora. Hoje, a única esperança do Planalto é que, da Caixa de Pandora da Lava-Jato, surjam evidências contundentes contra alguns “aliados inimigos” — como Eduardo Cunha — e contra oposicionistas. O diagnóstico entre os palacianos é pessimista. Até porque Dilma não tem com que acenar.
O Boletim Focus prevê uma recessão de 0,83%, com inflação de 8,12% neste 2015. A Fiesp, num estudo inédito — e, parece-me, mais realista — acha que a economia encolherá 1,7%, com uma retração de 4,5% na indústria, que já deve ter encolhido 1,8% em 2014. Não sobraram a Dilma nem mesmo alguns caraminguás com que acenar para os pobres.
Dilma poderia ter ao menos o conforto espiritual de culpar a oposição por ter inflado a crise. Mas ela sabe que isso seria falso como nota de R$ 3. A oposição com a qual o governo não consegue nem diálogo nem contato está nas ruas, com o cidadão comum, permanentemente hostilizado pela tropa de choque petista. É a coisa mais burra a fazer. Mas parece que eles não sabem fazer de outro modo.
Por Reinaldo Azevedo