O ano de 2025 consolidou-se como um dos períodos mais difíceis da história recente da produção de arroz no Brasil. Segundo o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o setor enfrentou um desequilíbrio estrutural profundo entre oferta, demanda e preços, com colapso de rentabilidade em toda a cadeia e incapacidade do mercado interno de absorver o volume produzido, mesmo diante de quedas históricas nas cotações.
🌾 Início do ano: equilíbrio frágil
No Rio Grande do Sul, os preços giravam em torno de R$ 100 por saca de 50 kg, mas já desconectados dos fundamentos, com custo de produção estimado entre R$ 80 e R$ 90/saca.
A liquidez era baixa, com produtores liberando apenas volumes mínimos para cobrir despesas imediatas.
A indústria estava abastecida com estoques de passagem próximos de 1 milhão de toneladas, adotando postura defensiva.
O varejo mostrava estagnação, sem reação mesmo diante de promoções.
📉 Quedas consistentes
Entre fevereiro e março, os preços caíram de quase R$ 100 para menos de R$ 80/saca.
A colheita acelerada no RS, SC e Centro-Oeste ampliou a oferta em meio à demanda enfraquecida.
Margens negativas se espalharam entre produtores, enquanto a indústria operava com ociosidade de 40% a 50%.
No varejo, pacotes de 5 kg eram vendidos entre R$ 15 e R$ 18, sem aumento significativo no consumo.
⚠️ Consolidação da crise
No segundo trimestre, os preços recuaram para R$ 77 a R$ 65/saca.
A safra 2024/25 registrou produtividades acima de 9.000 kg/ha no Sul (exceto Paraná), elevando a produção nacional em cenário de baixo consumo.
Estoques de passagem cresceram, configurando excesso estrutural.
Promoções agressivas chegaram a R$ 12/5 kg, mas não estimularam a demanda.
A indústria reduziu turnos e atingiu ociosidade superior a 50%.
💸 Impactos sistêmicos
Produtores ficaram descapitalizados, retendo estoques mas pressionados por dívidas.
Indústrias enfrentaram margens negativas persistentes e dificuldades financeiras.
O varejo reduziu espaço em gôndolas e priorizou produtos de maior giro.
A discussão sobre redução de área para a safra 2025/26 tornou-se inevitável:
RS: cortes entre 8% e 12%.
Tocantins: retração de até 50%.
Áreas de sequeiro: queda ainda mais intensa.
📉 Preços aviltantes e perspectivas
No fim do ano, os preços caíram para R$ 48/saca (padrão indústria) e R$ 57/saca (produto nobre), abaixo dos custos de produção (R$ 75 a R$ 90/saca) e até do mínimo oficial (R$ 63,64/saca no Sul, exceto Paraná).
A liquidez praticamente desapareceu, caracterizando um marasmo profundo.
O plantio da safra 2025/26 registrou redução nacional de área para 1,5 a 1,6 milhão de hectares, mas sem impacto imediato nos preços devido ao excedente da safra anterior, estimado em mais de 2,3 milhões de toneladas.
Fonte: Correio do Povo
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