Na manhã deste sábado, o prefeito Zelmute Marten decretou situação de calamidade pública
São Lourenço do Sul está passando por mais uma enchente. Desde a madrugada deste sábado o arroio São Lourenço transbordou inundando mais de duas mil casas. O prefeito Zelmute Marten decretou situação de calamidade ainda durante a manhã. Segundo ele foram registrados mais de 300 milímetros.
À tarde pessoas seguiam deixando suas casas e procurando o abrigo instalado no Salão da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, como a família de oito pessoas, da doméstica Carmem Regina Ferreira. O grupo mora em duas casas na divisa entre os bairros Centro e Lomba, Ela conta que quando saiu de casa a água estava no joelho. “Da outra vez que deu enchente saí e tive que ir para a casa de amigos por um mês. A situação agora está crítica, saímos de barco do pátio. A água tá muito rápida, com correnteza, virando para dentro de casa”, observa.
Por volta das 16h o número de desabrigados chegou a 35, Uma das pessoas que estava no local é a funcionária pública Fabíola Correia. Ela conta que saiu junto com o marido Eduardo Bergmann e precisou procurar o abrigo. “Moramos no centro há uma quadra e meia do Arroio há cinco anos. Isto sempre acontece, mas nunca tinha visto tão rápido como ocorreu desta vez”, afirma. Fabíola relata que quando acordou ás 7h a chuva estava na frente de casa e 30 minutos depois já começou a entrar. “Não consegui nem tirar o carro. Começou a entrar bem rápido no pátio”, confirma. Ela conta que a enteada foi para a casa de amigos. “Foi muito rápido, viemos com a roupa do corpo que estava molhada, agora é aguardar a água baixar para ver o prejuízo”, confirma.
A funcionária pública também deixou sua casa quando a água estava no joelho, com poucas roupas. “O resto agora é esperar pra ver”, diz. No abrigo é possível encontrar pessoas de todas as idades, como a beneficiária do INSS, Joceli Ribeiro de 64 anos. Ela conta que a filha levantou os móveis. Ficou em casa para cuidar dos bens das duas e ela foi para o abrigo para se preservar. “Ela está em casa e vim para ficar em segurança”, disse.
No local há funcionários de todas as secretarias, além de voluntários da população civil. No momento é solicitado a doação de roupa de cama, toalhas, meias e agasalhos de inverno para todas as faixas etárias, principalmente tamanho grande. Quem está no local ganha café, almoço, café da tarde e jantar. Há uma escala de horário para banhos e refeições, que são oferecidos pelo município. Os bombeiros auxiliam com barcos nos resgates daqueles que precisam de ajuda.
Moradores da Santa Terezinha, o vigilante aposentado Dorinho Ferraz foi até a casa da irmã no bairro Lomba pegar o cachorro. “A minha irmã está viajando e me pediu para levá-lo para minha casa”, conta. Aqueles animais que não tem para onde ir, estão sendo resgatados e levados ao Sindicato Rural.
Segundo estudo do Serviço Geológico, 80% da zona urbana do município está em área de risco para alagamentos. “Estamos de frente para a Lagoa dos Patos, cortada pelo arroio São Lourenço, que é o que transbordou neste noite, e do outro lado o Arroio Carah. Houve muita chuva no interior do município em alguns lugares chegou a 300 milímetros e essa água, na madrugada começou a descer”, observou o prefeito. Ele conta que os prognósticos são que a chuva pare, o que não tinha ocorrido até o final da tarde deste sábado e o arroio comece a descer em direção à Lagoa dos Patos.
Junto às áreas alagadas era possível ver as pessoas torcendo para que a direção do vento não mude e a água comece a baixar com intensidade ainda durante a madrugada. O prefeito confirmou o contato com autoridades como o governador Eduardo Leite, a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann que é do município, o Secretário Nacional da Defesa Civil, Wolney Barreiros, que lamentaram a situação do município. “Já colocamos o decreto no sistema conforme nos foi orientado e solicitamos doações as autoridades de ítens como móveis, água potável, 10 mil cestas básicas, hipoclorito de sódio para desinfecção das casas, kits de higiene, medicamentos básicos, kits de primeiros socorros, entre outros ítens”, enumera.
Marten justifica que decretou calamidade pois precisa ajudar as pessoas que perderam tudo e o município está em situação de emergência, devido às chuvas do mês de junho.”Então tivemos que decretar calamidade, mesmo ainda sem saber a totalidade dos prejuízos”, confirma. O município possui 2,8 mil quilômetros de estradas de chão, 350 pontes e 850 bueiros. “Podemos afirmar que há problemas na maioria da zona rural”, lamenta. Os bairros da Lomba, Sete de Setembro, Nova Esperança e Camponesa foram os mais afetados.
Correio do Povo

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